Segundo Janio, uma aliança entre Lula e Ciro seria “fortíssima”.
O jornalista observa ainda que se o PT não vencer as eleições de 2018, será “dado como responsável pela entrega do país à direita mais retrógrada”.
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Na Folha
Mais um risco
Ou o PT vence a eleição presidencial ou Lula dependerá de Ciro Gomes
9.ago.2018 às 2h00
Ou o PT vence a eleição presidencial ou Lula dependerá de Ciro Gomes —por ele rejeitado na hipótese de uma aliança fortíssima— para não ser dado como responsável pela entrega do país à direita mais do que retrógrada. Tal risco está perceptível na perplexidade dos possíveis eleitores anticonservadorismo e, mais ainda, na dos petistas.
Se Lula e o PT cedo se convenceram de um difuso propósito de impedir-lhes a volta ao poder, faltou que se preparassem para essa adversidade. Não faz diferença se assim foi porque Lula não imaginasse a dureza do obstáculo judicial ante seus recursos.
Ou tenha usado a ideia de candidatura como possível razão para tirá-lo da cadeia. Ou que outro motivo o fez bloquear caminhos diferentes. O resultado é a confusa divisão da hierarquia do PT em obedientes passivos e diferentes linhagens de insatisfação. Na ocasião mais inconveniente.
A proposta de ter Ciro Gomes como vice de Lula e o plano frustrado de Jaques Wagner, desejoso de ser o vice de Ciro, são dois dos vários exemplos das alternativas surgidas na cúpula do PT e recusadas por Lula.
Em torno desses insucessos esteve sempre o desconhecimento do que seria, ou deveria ser, a tática formulada por Lula para levar o PT ao êxito eleitoral. As várias sugestões abortadas comprovam o desconhecimento.
A situação dramática que Lula vive na Lava Jato faz com que as insatisfações e apreensões fiquem guardadas em seu território no partido. Mas os reflexos, sob formas que começam no pasmo e não se sabe onde terminam, estão bem à vista. Ao que levam ou não levam, e aonde levam Lula, têm 60 dias para mostrar.