Carlos Siqueira, do PSB, sobre a decisão pela neutralidade, que deve ser ratificada hoje na convenção do partido:
Estadão: Ao definir a neutralidade na eleição presidencial, o PSB não está impedindo essa alternância [na esquerda]?
Eu lamento profundamente que isso aconteça, mas é o que vai acontecer se os nossos delegados congressistas assim aprovarem. Penso que o ideal seria ter um candidato de outro partido com apoio de toda a esquerda, mas isso não foi possível.
Siqueira admite que a decisão pela neutralidade se deu pela pressão e força do ex-presidente Lula:
Ocorre, entretanto, que política é força. Ou você tem ou não tem. Quem não tem o suficiente vai ter de estar junto dos que demonstram maior força. Mesmo com o candidato do PT preso, o ex-presidente Lula tem a maior intenção de voto do País. Goste ou não do Lula, ele é a única liderança popular do País.
***
No Estadão
‘O PT tem esse sentido exclusivista de partido’, afirma presidente do PSB
Carlos Siqueira diz que posição de petistas inviabilizou candidatura única e pede ‘reciclagem’ da esquerda no País
Entrevista com Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB
Pedro Venceslau e Renan Truffi/BRASÍLIA, O Estado de S.Paulo
05 Agosto 2018 | 05h00
Na convenção marcada para hoje, em Brasília, o PSB vai referendar o acordo de neutralidade na eleição presidencial proposto pelo PT. Mas o termo não deverá aparecer no ofício que será apresentado pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira. Em vez de neutralidade, Siqueira deve dizer que o PSB optará pela “não coligação”. “Penso que o ideal seria ter um candidato de outro partido com apoio de toda a esquerda, mas isso não foi possível. Temos de trabalhar isso para o futuro”, disse ele, em entrevista ao Estado. Ao afirmar que foi voto vencido nessa questão, o dirigente criticou o “sentido exclusivista” do PT e defendeu uma “reciclagem” no campo da esquerda.
Como o sr. avaliou a estratégia do PT de trabalhar contra o apoio do PSB ao PDT?
Não é de hoje que o PT tem esse sentido exclusivista de partido, o que é um aspecto negativo. Seria o momento agora, como poderia ter sido em 2014 com o PSB, de apoiarem uma candidatura fora do âmbito do PT. Vejo o PT como o partido que sempre vai querer manter a hegemonia na esquerda. Ocorre, entretanto, que política é força. Ou você tem ou não tem. Quem não tem o suficiente vai ter de estar junto dos que demonstram maior força. Mesmo com o candidato do PT preso, o ex-presidente Lula tem a maior intenção de voto do País. Goste ou não do Lula, ele é a única liderança popular do País.
O sr. rejeitava a ideia do PSB se manter neutro na disputa presidencial. O que mudou?
Não será neutralidade, mas uma posição política de apoio (nos Estados) a candidatos que tenham a ver, programaticamente, politicamente e ideologicamente com o Partido Socialista Brasileiro. Temos dez candidatos a governador em estados importantes, sendo dois deles à reeleição. Precisamos facilitar as coligações nos estados. Pessoalmente, gostaria mais que fôssemos com o PDT ou com o PT, mas tenho de acolher as manifestações majoritárias do partido. Mesmo aqueles que queriam apoiar Ciro e o PT estão entendendo isso, com raras exceções. Espero que no futuro próximo, não nessa eleição ainda, a esquerda possa ter uma reciclagem.
Ao definir a neutralidade na eleição presidencial, o PSB não está impedindo essa alternância?
Eu lamento profundamente que isso aconteça, mas é o que vai acontecer se os nossos delegados congressistas assim aprovarem. Penso que o ideal seria ter um candidato de outro partido com apoio de toda a esquerda, mas isso não foi possível.
Esse perfil exclusivista do PT pode aprofundar a crise na esquerda brasileira?
Política é força. Se nós, o PDT ou PCdoB conseguirmos avançar ao ponto de ter uma candidatura suficientemente densa, então isso se resolve. Porque, se depender da vontade do PT, nunca vai acontecer.
O que faltou a Ciro Gomes para que liderasse a esquerda?
O problema não está no Ciro, mas no PT e nessa visão exclusivista deles. É uma liderança preparada. Tem seu destempero, que é um dos defeitos, mas isso nunca o levou a tomar uma atitude irresponsável.
Por que o PSB não colocou Marina Silva, da Rede, no radar?
Ela veio aqui pedir apoio para a Presidência da República. Conversamos em várias ocasiões, mas da última vez que Marina veio aqui, a Rede havia rompido com o governador (do DF, Rodrigo) Rollemberg. Veio aqui pedir apoio e anunciou que estava rompendo com o governador Paulo Câmara em Pernambuco e lançando um candidato de oposição.
Não foi ruim participar de acordo com o PT em Pernambuco que sepultou a candidatura de Marília Arraes, neta de Miguel Arraes?
São circunstâncias difíceis. Às vezes na política a gente não faz o que quer, mas o que é necessário.
Sidnei
05/08/2018 - 20h29
O PSB é um partido de direita!!!!
Votou em peso pelo impeachment da Dilma Rousseff!
Eu digo que no Brazil, se utiliza o S de socialista só como “efeito”.
É só observar…
O F de fascista expressa melhor quem estes caras são de fato.
Ro
05/08/2018 - 16h07
“O problema não está no Ciro, mas no PT e nessa visão exclusivista deles”
É muito curioso como frase visão é reveladora. Ciro não tem força política suficiente por culpa do PT. Como se o PT não estivesse legitimamente calçado na sua história, nos seus quadros, na sua militância, como se o voto popular fosse uma espécie de “valor” que o PT acumula injustamente e que pudesse repassar a qualquer outro, como e quando quisesse.
Bruno
05/08/2018 - 18h52
Né isso kkk Ciro que é o egoísta da história e tenta jogar a batata quente pra cima do PT
Nilson Moura Messias
05/08/2018 - 13h54
É isso: Hegemonia é conquista, votos. Partidos dos Trabalhadores, é o maior e melhor partido de esquerda da América latina. Gostem ou não!
Justiceiro
05/08/2018 - 13h53
O que se lê na entrevista do presidente do PSB é a subserviência a Lula. O cara quer uma esquerda forte, unida, mas acha que isso só pode acontecer se Lula for a força central, que atrai o resto.
Lula está preso e nunca será candidato. Se a esquerda se unisse em torno de Ciro, a coisa ia pegar; era uma vaga garantida no segundo turno. Mas gente do tipo de Carlos Siqueira e a turma do PCdoB nunca vai dizer não a Lula. Mesmo que ele leve a esquerda para o buraco.
A direita está com a pá de cal só esperando Lula cavar a cova da esquerda.
NeoTupi
05/08/2018 - 13h27
Apesar do estadão fazer perguntas direcionadas apenas a desgastar o PT, a ponto de passar o rídiculo de perguntar se a retirada de Marília Arraes para apoiar o governador do PSB seria nociva para o PSB (Meu Deus! Como tem jornalista que paga mico para agradar o patrão), a entrevista desconstrói a tese do “PT tirou o PSB de Ciro”. Pois a leitura das entrelinhas dá a entender é que, já que a eleição ficou polarizada em torno de Lula, ele preferia coligar-se e indicar o vice na chapa do pt (do que priorizar os acordos regionais).
Isso está claro nas frases:
“Goste ou não do Lula, ele é a única liderança popular do País.”
e
“Pessoalmente, gostaria mais que fôssemos com o PDT ou com o PT”.
Dio
05/08/2018 - 13h47
Fernando brito fala muito bem sobre isso no último post:
http://www.tijolaco.com.br/blog/a-egotrip-do-establishment-eclipsa-a-vida-real/
E tem uma parte muito boa para ser destacada nesse espaço:
“Tirando os que, de boa-fé, raciocinam segundo a lógica do inimigo e se dispõem a deixar que lhes algemem o espírito e que se dobre sua espinha, a grande maioria quer, mesmo, é que Lula “entregue a rapadura” e tire do povo brasileiro a referência que tem não só da resistência ao golpe e, sobretudo, de que é possível enfrentar a “fatalidade” da crise, da exclusão, da miséria, do viver subalterno de boi manso que fazem deste país gigante.”
JOÃO BATISTA
05/08/2018 - 10h49
Finalmente, a verdade vem à tona para mostrar quem está desestabilizador e dividindo a esquerda.
A alternativa que pode unir a esquerda está sobre a mesa e é Ciro vice de Lula. Caso Lula seja impedido, Ciro passa a cabeça de chapa, com alguém indicado pelo pt de vice. Lula com a palavra.