O ex-prefeito de São Paulo, apontado por quase todos os analistas como o mais provável substituto de Lula, no caso do ex-presidente ser impedido, afirmou categoricamente, em entrevista a Exame, que não será candidato. Como prova de que essa é uma decisão definitiva, Haddad informou que volta a dar aulas esta semana, no Insper.
A declaração de Haddad pode ser um disfarce, uma maneira de neutralizar o aumento da boataria sobre seu nome nos últimos dias, na esteira de uma série de entrevistas que passou a dar à imprensa, expondo o programa de governo do partido.
Disfarce ou não, é uma afirmação que aprofunda o mistério sobre a estratégia do PT para as eleições de outubro, agora que o judiciário intensificou os sinais de que não autorizará a candidatura Lula.
Na Forum
28 DE JULHO DE 2018, 14H35
Haddad diz que não será candidato a nada neste ano
Fernando Haddad, coordenador da campanha de Lula, aponta as diretrizes da candidatura petista, como retomada das PPPs, combate ao juro alto e reforma tributária
Por Redação
Coordenador-geral da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad diz que seu trabalho nas eleições está no fim. Professor do Insper, ele diz que se dedicará a dar aulas após a conclusão do programa de governo petista. Haddad é o principal nome para substituir Lula caso a candidatura do ex-presidente seja impugnada pelo TSE com base na lei da Ficha Limpa.
Haddad comentou algumas das propostas econômicas do PT em entrevista concedida à revista Exame. Entre as principais medidas estão a retomada do programa de concessões públicas e Parcerias Público-Privadas (PPPs), o combate ao spread bancário por meio de tributação punitiva aos bancos com juros abusivos e defende que a Reforma da Previdência comece pelo regime público de estados e municípios.
O ex-prefeito de São Paulo também falou sobre a promessa do PT em revogar uma série de medidas do governo Temer: alguns aspectos da reforma trabalhista, entre eles, além de tocar uma reforma tributária focada na simplificação de impostos, por meio da criação de um Imposto sobre Valor Agregado.
Para Haddad, o foco tem que ser a retomada das obras paradas. “Pretendemos dar força ao programa de PPPs e concessões. Temos algumas iniciativas novas, como o projeto de troca de iluminação pública por LED em todo o país, por exemplo. Considerando os municípios e zonas urbanas do país, seria poupado o equivalente à produção de uma hidrelétrica média de forma constante. É um potencial enorme em termos ambientais e de segurança pública”.
De acordo com o coordenador da campanha petista, a crise enfrentada por Dilma Rousseff após 2015 foi uma sabotagem enorme a partir de 2015, patrocinada pela oposição para desestabilizar as instituições do país. “As pautas-bomba foram invenção de quem? [Faz referência ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB)]”, diz Haddad.
Na opinião do petista, a PEC dos gastos é inexequível. “Todo mundo reconhece que ela foi um tiro no pé, mesmo os economistas mais conservadores”, explica Haddad. Sobre a Previdência, Haddad diz que o foco não pode recair sobre os mais pobres e que a Reforma deveria começar pelos Estados e Municípios.
Confira a íntegra da entrevista no site da Exame