Em novo artigo para defender a estratégia do PT de levar a candidatura Lula até o limite, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, admite, no entanto, que há “muitos motivos para crer que [as forças do golpe] cometam mais uma violência judicial”.
Gleisi denuncia que, se isso ocorrer, será “um novo golpe contra a democracia e contra o povo. E terá de ser imposto com a campanha nas ruas, com todas as consequências que eles tentam evitar. Será uma batalha da qual não podemos poupá-los, como tanto desejam.”
Então só aí, quando os tribunais derem seu veredicto, será possível, diz Gleisi, “avaliar com clareza nossa força política, social e eleitoral, até mesmo para construir alternativas, se for necessário, em sintonia com os anseios do povo.”
A senadora fala discorre também sobre unidade política:
Muitos pregam sinceramente a unidade da esquerda e do campo popular nas eleições. Nós também. Com exceção do PSB, que ainda não se definiu, todos os partidos do nosso campo lançaram candidatos. E isso não nos impediu de construir um programa comum para recuperar o país nem de dialogar, respeitando a autonomia de cada um.
Nem sempre estivemos juntos no primeiro turno. Lula disputou duas vezes com Brizola, duas com Ciro. Em 2002 o PSB lançou Garotinho. Construímos a unidade no processo, em torno da vontade do povo, que hoje é muito clara: não apenas derrotar Temer e o PSDB, mas retomar o projeto que deu ao país a primeira oportunidade de crescer distribuindo a riqueza, de dar prioridade aos trabalhadores da cidade e do campo, de olhar primeiro para os que mais necessitam.
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O PT vai seguir com Lula e com o povo
Gleisi Hoffmann*
Esta semana a convenção do PT vai confirmar a candidatura do presidente Lula. E dia 15 vamos registrá-la no TSE, conforme decidimos em dezembro de 2017. Não foi nada fácil chegar até aqui e se chegamos foi pela vontade do povo, que a cada pesquisa confirma e amplia a preferência por Lula, esperança do Brasil. Não há e nunca houve possibilidade de recuo nessa caminhada.
Faz pouco mais de um ano que Lula foi condenado injustamente, sem provas nem crime. Naquele 12 de julho, os jornais e a Globo festejaram o que para eles seria o fim de um líder, como haviam festejado o golpe do impeachment como “o fim da era PT”. Mas aconteceu o contrário: Lula saiu em caravana pelo Nordeste, foi recebido por multidões e deu um salto nas pesquisas.
As caravanas seguiram por Minas, Espírito Santo, Rio e, no final do ano, Lula já tinha mais intenções de voto que todos os candidatos somados. Não foi por acaso. Na medida em que o governo golpista mergulhava o país na incerteza e no desemprego, na medida em que voltavam a fome e a miséria, as pessoas recordavam o tempo que Lula inaugurou: tempo de justiça e inclusão, com oportunidades para todos.
Decidiram acelerar o processo de Lula. A sentença arbitrária de Moro foi confirmada pelo TRF-4 em janeiro, em apenas quatro meses, quando casos semelhantes eram julgados em um ano e meio. Festejaram novamente e, em março, “baixaram o relho” na caravana do Sul, uma explosão de violência armada para mostrar quem manda. Mas o povo é teimoso e continuou com Lula.
A maioria do STF entende que uma pessoa condenada em segunda instância pode recorrer em liberdade. Mas esse direito constitucional não valeu para o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, candidato a presidente da República. E 24 horas depois Sérgio Moro decretou a prisão. Festejaram de novo: agora acabou, ele está preso e vai despencar nas pesquisas. Mas já se passaram mais de 100 dias, e o povo não desiste de votar no Lula.
Há mais de um ano a imprensa envenena o país com a mentira de que Lula é inelegível e nos exige que sequer registremos a candidatura. É surpreendente que algumas vozes do nosso campo político aceitem essa falsa premissa, mesmo depois de a vice-presidente do TSE ter confirmado, em decisão, que o PT tem sim o direito de registrar a candidatura e, consequentemente, defendê-la nos tribunais.
Muitos pregam sinceramente a unidade da esquerda e do campo popular nas eleições. Nós também. Com exceção do PSB, que ainda não se definiu, todos os partidos do nosso campo lançaram candidatos. E isso não nos impediu de construir um programa comum para recuperar o país nem de dialogar, respeitando a autonomia de cada um.
Nem sempre estivemos juntos no primeiro turno. Lula disputou duas vezes com Brizola, duas com Ciro. Em 2002 o PSB lançou Garotinho. Construímos a unidade no processo, em torno da vontade do povo, que hoje é muito clara: não apenas derrotar Temer e o PSDB, mas retomar o projeto que deu ao país a primeira oportunidade de crescer distribuindo a riqueza, de dar prioridade aos trabalhadores da cidade e do campo, de olhar primeiro para os que mais necessitam.
É por isso que o candidato do Brasil se chama Lula, mesmo estando preso. Com todo respeito aos que pensam diferente, nunca tivemos e não temos o direito de desistir, muito menos agora que está tão perto da hora da verdade.
Vamos registrar a candidatura, conforme a lei, que nos garante o direito de disputar a eleição, como foi assegurado a mais de uma centena de candidatos que estavam nas mesmas condições em que injustamente LULA SE ENCONTRA. A mesma lei e o mesmo entendimento da Justiça Eleitoral que lhes permitiram ter o nome na urna e tempo no rádio e TV.
Temos muitos motivos para crer que cometam mais uma violência judicial, mas aí não será apenas outra injustiça contra o Lula. Será um novo golpe contra a democracia e contra o povo. E terá de ser imposto com a campanha nas ruas, com todas as consequências que eles tentam evitar.
Será uma batalha da qual não podemos poupá-los, como tanto desejam. E será neste momento que poderemos avaliar com clareza nossa força política, social e eleitoral, até mesmo para construir alternativas, se for necessário, em sintonia com os anseios do povo.
Esta não é uma eleição normal, porque querem impedir o eleitor de votar no candidato apoiado pela grande maioria.
Não será o PT a desistir desse compromisso com o país, aceitando resignadamente uma proibição que eles não conseguiram impor nem a Lula nem ao povo brasileiro. Não se iludam: terão de nos enfrentar nas urnas.
*Gleisi Hoffmann é senadora (PT-PR) e presidenta nacional do PT.