Na Piauí
A ESTRATÉGIA DE LULA
Por que o ex-presidente adia a escolha de seu substituto
MARCOS NOBRE
25jul2018_07h30
A escolha de Geraldo Alckmin pelo Centrão concluiu o leilão de privatização da candidatura unificada de centro-direita. Começou de fato a campanha. E a primeira ideia que ocorre é que a bola passou para a centro-esquerda, que seria obrigada a se mexer. Isso significa: Lula teria de indicar já quem vai substituí-lo na urna em outubro. Só que a estratégia do ex-presidente é bastante diferente.
Mesmo preso, Lula conseguiu colaborar em muito para o adiamento da unificação da centro-direita. Se não se sabe quem será o adversário, fica difícil organizar estratégias eleitorais. Especialmente se o adversário preso é o líder isolado na intenção de votos. Já escaldada por quatro derrotas presidenciais contra Lula, a centro-direita pagou para ver qual seria a capacidade do ex-presidente de fazer articulações mesmo estando preso e sem poder ser candidato.
Ali pelo começo de julho, a cúpula do Centrão chegou à conclusão de que não podia mais esperar para dar seu passo de unificação. Suas chances eleitorais dependem das máquinas partidárias e de governo. E colocar máquinas como essas para funcionar é coisa que requer tempo. São muitos acertos, acomodações e selvagerias até que seja montada a correia de transmissão que leva do cabo eleitoral do bairro até a candidatura presidencial, passando por vereadores, prefeitos e demais cargos e candidaturas.
Em princípio, a mesma lógica eleitoral se aplica à centro-esquerda, o que deveria obrigar Lula a decidir seu substituto. Ainda mais porque, na prisão, sua capacidade de articulação permanecerá muito limitada. Ele teve o direito de receber visitas severamente restringido, foi proibido conceder entrevistas e gravar vídeos. A impressão geral é que o campo de centro-esquerda permanece desnorteado e fragmentado, sem uma estratégia unificada para a eleição. Não bastassem todas essas enormes dificuldades, é evidente que Lula não terá seu nome na urna no dia da eleição.
Em um quadro dramático como esse, por que Lula não resolve passar o bastão? A resposta mais óbvia é: porque nem ele nem o PT podem aceitar como legítima a exclusão judicial de sua candidatura. As respostas menos óbvias exigem analisar outras variáveis.
Ao indicar desde já alguém para substituí-lo, Lula racha o PT. Não há candidatura que unifique o partido. Há muitas razões para isso. Mas a principal está na divisão fundamental entre candidaturas ao Legislativo federal e candidaturas aos Executivos e Legislativos estaduais. Quem se candidata à Câmara ou ao Senado precisa que Lula leve a candidatura presidencial ao limite para aumentar suas chances de eleição e, principalmente, de reeleição. Quem se candidata a um governo estadual precisa fazer alianças, o que coloca o obstáculo inédito de fazê-las com base em uma candidatura presidencial que não estará na urna em outubro.
Essa não é uma divisão exclusiva do PT. Vimos isso, por exemplo, no episódio da natimorta candidatura de Joaquim Barbosa. Quem fazia parte das bancadas do PSB no Congresso fez de tudo para que o ex-ministro do STF fosse o candidato do partido. Os candidatos aos governos estaduais torpedearam a ideia de todas as maneiras possíveis.
Mas a divisão tem um sentido muito diferente no caso de um partido que desde 1994 colocou a eleição presidencial como prioridade absoluta e que ganhou quatro vezes essa eleição. Esse histórico levou à constituição de uma cúpula partidária que funciona hegemonicamente segundo a lógica congressual, em detrimento de governadores ou prefeitos. A estratégia adotada até agora por Lula – para desespero de quem se candidatou a um governo estadual (seja do PT, seja de partidos que querem ter Lula a seu lado na eleição) – é a que mais convém à cúpula do PT, que se orienta segundo o interesse de quem pretende se reeleger para o Congresso. Governadores e candidaturas ao governo em estados do Nordeste já mandaram reiterados avisos de que não aguentam mais esperar. Continuam esperando. Manuela D’Ávila declarou que abriria mão de sua candidatura em prol de uma candidatura unificada do campo. Foi ignorada.
Acontece que, no momento em que indicar alguém para substituí-lo na urna, Lula sabe que o PT perderá automaticamente a liderança sobre o campo de centro-esquerda, uma liderança já bastante abalada. Se indicar um nome agora, Lula perderia a força que só seu próprio nome tem na construção de alianças com outros partidos, especialmente no Nordeste. Uma indicação de Lula agora significa jogar no sol e na chuva um nome que não terá no ponto de partida mais do que 5% dos votos, talvez. Adiar essa decisão significa preservar esse nome. Lula não vê razão para fazer isso enquanto sua intenção de voto não apresentar tendência de variação para baixo.
As chances eleitorais do PT estão amarradas à manutenção de sua hegemonia no campo da centro-esquerda. Uma coisa não vai sem a outra. Caso não vença a candidatura presidencial do PT, estará aberta a disputa pela liderança do campo. A estratégia de Lula é impedir o fortalecimento de qualquer força que possa se colocar como alternativa de liderança. E isso começa por sufocar a candidatura de Ciro Gomes.
É o outro trunfo de Lula além da liderança nas pesquisas. Ciro, única outra candidatura competitiva construída no campo da centro-esquerda, tem sua base eleitoral no Nordeste, onde Lula é líder disparado de intenções de voto. Ciro tem a vantagem de pertencer a um partido com poucas candidaturas fortes a governos estaduais, o que, em princípio, ajudaria muito nas composições locais. Acontece que Lula bloqueou e continua a bloquear qualquer aliança com Ciro. Até o momento, conseguiu sufocar a candidatura do PDT. Não é por outra razão que Ciro se viu obrigado ao vexame de negociar a sério com o Centrão, com o resultado que se conhece.
Enquanto permanecer com uma expressiva intenção de votos, Lula tem o poder de isolar a candidatura de Ciro. Enquanto mantiver isolado o candidato do PDT, Lula não tem por que retirar seu nome na disputa. Se alguma dessas condições desaparecer, terá de indicar um nome para substituí-lo. Ou fazer uma composição com Ciro. Do contrário, nada muda no campo da centro-esquerda até que o TSE negue o registro da candidatura do ex-presidente, lá pelo começo de setembro.
MARCOS NOBRE
É professor de filosofia da Unicamp e autor de Imobilismo em Movimento, pela Companhia das Letras, e Como nasce o novo, pela Todavia
José Sávio Sampaio Edwiges
27/07/2018 - 18h50
Vivendo mais um capítulo absurdo da história brasileira, o povo brasileiro pode se perguntar: Lula será candidato? Na verdade, não chegando Lula à Presidência, o impacto na Educação, na Saúde, na Economia, enfim, na segurança, terá efeito desastroso.
Noutras palavras, o Brasil não retornará ao seu desenvolvimento.
Além disso, toda e qualquer tentativa de se impedir a candidatura do melhor presidente que o país já teve repercutirá muito negativa internacionalmente.
Os brasileiros veriam, então, que não há Justiça no Brasil, o que, verdadeiramente, é prova irrefutável de que não vivemos numa democracia.
jacó
26/07/2018 - 23h14
LULA é a mistificação da pureza politica o mais honrrado homrm do BRASIL, nosso futuro PRESIDENTE LULA rumo a vitória em 2018.
Débora Suassuna
26/07/2018 - 15h48
Outro enfrentamento (Flávia Suassuna)
Temer
é um pormenor
do tempo.
Lutar
é o imperativo
da vida.
lulaeuapoio
26/07/2018 - 14h29
Sempre ao seu lado….lula
lulaeuapoio
26/07/2018 - 14h24
e o lula voltou……
um homem incrivel
26/07/2018 - 14h19
uma raposa politica que nunca se viu antes…..com uma popularidade enorme……eu mesmo o admiro…e votarei nele de qualquer jeito ou em quem ele indicar….e o mais incrível…tem apenas o ensino profissionalizante do senai….como esses cientistas políticos se sentem….eu me sentiria um merda..
João
26/07/2018 - 11h16
aquele intelctual que nunca saiu da universidade rs, o campo está aberto? Aonde? Que mundo vive? o PT não busca a hegemonia, é hegemônico pelo fato de REALMENTE ser um partido de massas e da classe trabalhadora e expressar um projeto onde os protagonistas são aqueles que nunca foram ouvidos, não ficamos a reboque de clã nordestino como os Ferreira Gomes, fazemos a nossa história
Zé Celso Assis
26/07/2018 - 10h32
Acho que a estratégia do Lula é ganhar a eleição. Não adianta escolher um candidato agora e os votos do Lula caírem no colo do Alckimin.
O Ciro Gomes tem mais probabilidade de chegar ao 2 turno do que o Alckimin com essa estratégia do lula.
O Alckimin é do psdb o partido que apóia e endossa tudo o que o Temer faz. Vai ser difícil convencer o eleitor que ele (alckimin) não fará tudo igual o psdb aliado a temer.
Quem quer logo e bem logo que o Lula indique seu ungido são os reaças de direita. Se é difícil para o pt em 20 dias por alguém no segundo turno será mais difícil ainda para o Geraldo chegar ao 2 turno com o quadro eleitoral atual. Lula precisa derrotar o Geraldo, mas o Alckimin para derrotar lula precisa chegar até o Lula antes. Não me parece que milhões de desempregados irão votar no psdb. Há mais ou menos 4 anos atrás tínhamos emprego pleno no governo do pt.
Se a esquerda quebrou o país, no caso o pt, pq tudo nos 13 anos de pt era melhor. Tem gente que atualmente não tem nem o que comer. Não tem comida na mesa, mas nem farinha seca.
Não era só baixar os juros da economia que os mega empresários voltavam a contratar …
O psdb só sabe vender, não sabe governar.
NeoTupi
25/07/2018 - 22h47
O autor cometeu alguns erros:
1) Ignora o estratégia do povo que quer Lula. Ou PT obedece a vontade popular ou estará traindo sua base eleitoral. Uma coisa é PT abandonar a candidatura Lula, pois seu eleitorado abandonará o PT e com razão. Outra coisa é o judiciário cometer a violência de impedir o eleitor de votar em Lula. Aí o eleitor lulista teima e vota no Lula-13 com protesto e indignação, mesmo que seja outro nome na urna.
2) O nome “Lula” pode estar na urna sim, mesmo com outro candidato. Pode registrar o nome na urna Haddad Lula, ou outro. Aliás se eu fosse candidato a deputado da esquerda registraria meu nome na urna com o apelido Lula no sobrenome, com autorização do Lula é claro.
3) O PT está certo de priorizar o projeto nacional e buscar eleger bancadas maiores, pois bancadas no Congresso tornaram-se cada vez mais importantes para conseguir fazer um bom governo sem levar golpe. E governadores petistas serão boicotados pelo governo federal se a esquerda não ganhar, como já estão sendo desde o golpe. Lamentavelmente outros partidos e candidatos de esquerda não estão nem aí para aumentar bancadas de esquerda. Ciro até namorou o centrão que virou a bancada de Eduardo Cunha em 2015 e de Temer de 2016 para cá.
4) Lula quando estava livre e subiu no mesmo palanque de Manuela e Boulos estava cedendo prestígio e apoio ao surgimento de novas lideranças nacionais dentro de outros partidos de esquerda. Então não cabe falar em projeto de hegemonia dentro da esquerda.
5) Lula e o PT defendem seu projeto nacional, seu legado e atendem suas bases eleitorais para vencer. Se perderem pelo menos sairão uma oposição mais forte do que hoje com capacidade de mobilização popular. Os demais partidos de esquerda deveriam fazer o mesmo. Hegemonia dentro da esquerda é o povo quem decide.
Zé dos Bagos
25/07/2018 - 21h08
Força Lula!
Alberto Jorge
25/07/2018 - 20h59
É Lula e ponto final!
Até quando irão custar a compreender que não se pode deixar de acreditar na estratégia política eleitoral do Maior Líder das Massas?
Força Lula!
Jandui Tupinambás
25/07/2018 - 20h46
“Em um quadro dramático como esse, por que Lula não resolve passar o bastão?”
Marcos Nobre,
a resposta mais do que óbvia você passou longe dela:
Lula e o PT vão continuar com o bastão porque temos mais de 30% do eleitorado e subindo a cada dia.
Lula e o PT vão continuar com o bastão porque o fator POVO é o único que garante que existirá resistência ao Golpe de 2016. Ganhe quem ganhar, o golpe continua. Só lutaremos de igual para igual se Lula e o PT estiverem segurando este bastão porque é isso que o povo espera do partido e da maior liderança da esquerda brasileira de todos os tempos.
Ciro já está capitulado. O Golpe já o devorou por completo.
E sabe o que Lula pensa em sua cela de Ciro que não para de dar declarações mostrando que já está de quatro para o golpe?
Nada.
Ele tem coisas bem mais importantes para pensar.
Nilson Moura Messias
25/07/2018 - 20h37
1º opção: Lula.
2º opção: Filiado do PT indicado por Lula.
3º opção: Ciro, nunca!
4º opção: Ciro, jamais!
Alexandre Neres
25/07/2018 - 20h29
É isso mesmo. Não há como aceitar como legítima uma exclusão judicial da candidatura do Lula. Quem aceita isso, aceita tudo. Como diriam os gaúchos: não tá morto quem peleia.
E o Ciro? Mais um rompante desnecessário. Para o público do Maranão, só ele é capaz de libertar o Lula pondo o judiciário no seu quadrado. Já para o leitor do Valor, Lula é o mentor de Waldemar da Costa Neto para impedia a aliança do PDT com o PR. O PT não tá nem aí pra situação caótica do Brasil, só quer manter a hegemonia. Sobre o plano de governo do PT, disse que o PT quer tutelar o judiciário ou algo assim. Pelamordedeus.