Os internautas curiosos para entender o avanço das ideias de extrema-direita no país, e o voto em Bolsonaro, deveriam ler com atenção esse estudo.
O estudo também me parece interessante para entendermos alguns erros de comunicação da esquerda. Um deles (eu tenho escrito isso há bastante tempo) é cobrar “gratidão” das famílias de classe média baixa, por terem saído da pobreza.
As pessoas vêem suas conquistas como méritos pessoais, e isso faz parte do processo de elevação da autoestima. Toda vez que a esquerda partidária tenta vender o sucesso das famílias apenas como resultado das políticas governamentais, isso afasta essas famílias da política, porque passam a associar o voto na esquerda como um voto de “pobre”, ou a desconfiar que os partidos estão tentando faturar em cima do que elas vêem como fruto de seu trabalho duro.
Como elas não se vêem mais como tão pobres, e como rejeitam o que consideram uma interpretação humilhante para seu próprio crescimento, então não votam mais na esquerda (leia-se PT).
A esquerda precisa, portanto, respeitar a necessidade das pessoas de verem o seu próprio sucesso como uma conquista pessoal, e abordar a questão do “legado” com uma outra linguagem. Superada a miséria e as necessidades mais urgentes, a ambição das pessoas se volta para sonhos mais altos. Neste sentido, uma comunicação política mais arrojada e estratégica é fundamental.