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A grande monstruosidade defendida – e escondida – pela direita

Saí para almoçar no último domingo e deparei-me com uma pequena fila de espera no restaurante escolhido. Um camarada que tomava uma cerveja enquanto aguardava o seu prato ofereceu, generosamente, um lugar na sua mesa. Aceitei. A conversa descambou, como não poderia deixar de ser, para a política. O camarada, que é diretor de cinema, […]

12 comentários
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Saí para almoçar no último domingo e deparei-me com uma pequena fila de espera no restaurante escolhido. Um camarada que tomava uma cerveja enquanto aguardava o seu prato ofereceu, generosamente, um lugar na sua mesa. Aceitei.

A conversa descambou, como não poderia deixar de ser, para a política. O camarada, que é diretor de cinema, tinha uma visão claramente de esquerda das coisas. Ele falou o óbvio ululante que os direitistas não percebem (ou não querem perceber):

– O cara que mora na favela, que cresce na miséria, no meio do tráfico, vai pra uma escola caindo aos pedaços, como esse cara vai ser alguém na vida?

Concordamos que não haverá melhora no país sem educação pública de qualidade para todo mundo e sem que haja o mínimo de estrutura para os pobres progredirem na vida.

Então ele falou que estava pensando em votar no João Amoedo, do partido Novo, ou no Ciro Gomes.

Argumentei que os projetos de ambos são antagônicos. Que o partido Novo defende o Estado mínimo, ou seja, nada de educação pública de qualidade ou qualquer outro investimento estatal voltado para a inclusão social ou o fomento da economia. Para eles o mercado resolve tudo e isso, obviamente, é história pra boi dormir.

Ele concordou sobre a necessidade de investimento estatal e disse que iria estudar melhor as propostas do Novo.

Corta para hoje, terça-feira, 24 de julho, dia do calouro, segundo a Wikipedia.

O Globo estampa em seu site a manchete “Renda menor e desemprego tiram alunos das faculdades privadas”, como que a ironizar o dia dos novatos das faculdades. Uma triste e cruel consequência da queda da renda da população, provocada pelo desemprego galopante, e do esvaziamento do Fies obrado pelo governo sem voto de Temer.

A noítcia é seguida de uma entrevista: “‘Instituições precisam parar de chorar e cair na realidade’, diz especialista”.

Carlos Monteiro, o tal especialista, não fala uma vírgula sobre a culpa do governo nessa situação – no que é ajudado pela entrevista amiga – e culpa as instituições de ensino, “que ficaram mal acostumadas com o dinheiro que vinha fácil do Fies”. Para ele, “dar descontos não é a saída” e a solução é “criar modelos de financiamento de longo prazo”.

Ou seja, sem Fies e sem descontos, os pobres que se danem e vão trabalhar de pedreiro ou faxineira.

A escolha do especialista mostra que permanece a postura histórica da Globo: lutar ferozmente para que a educação no Brasil permaneça restrita às classes mais abastadas. Quando Brizola perguntou a Roberto Marinho sua opinião sobre os CIEPs, projeto revolucionário de educação pública e de qualidade, este respondeu:

Olha, governador, se o senhor quer construir escolas, está muito bem. Mas não precisa disso tudo. Faça umas escolinhas… Pode até fazê-las bonitinhas, tipo uns chalezinhos…

Pobre se contenta com qualquer coisa, não é, dr. Marinho?

Globo, governo Temer e, em um nível mais bárbaro ainda, João Amoedo têm o mesmo projeto para o Brasil: manutenção do status quo. E o impedimento do acesso dos pobres a uma educação de qualidade é peça fulcral nesse objetivo.

“A crise na educação no Brasil não é uma crise, é um projeto”, dizia Darcy Ribeiro. A direita e seus representantes são os responsáveis por este projeto macabro.

Eles não podem, contudo, defender abertamente tal coisa, porque educação pública e de qualidade parece ser uma quase unanimidade na população, mesmo entre os que adotam a ideologia dominante por osmose.

Cabe a mim e a você que está lendo estas mal traçadas, portanto, esclarecermos as pessoas, a cada conversa ou debate, seja online ou offline, sobre essa verdadeira monstruosidade que a direita defende mas tenta esconder.

Bora?

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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Flavio

25/07/2018 - 23h13

A bem da verdade é que o sucateamento intelectual e acadêmico no Brasil é tradicional, soma-se à outras mazelas sociais que tingem a nossa história
Nunca fomos realmente um país preocupado em formar mão de obra qualificada e pensante, basta nos sensibilizarmos um pouco que seja para a história de nossos pais e avós, quantos deles tiveram efetivamente uma chance de chegar à um curso superior ou até mesmo concluir o ensino médio, isso a 50, 40, 30 anos atrás ?
Mas o pior de tudo mesmo é essa crescente mentalidade de Capitão do Mato que ronda entre os mais afetados

asd

25/07/2018 - 10h14

excelente texto

Nelson

25/07/2018 - 10h00

Que a elite dominante não está nem aí para o direito, estampado na nossa Constituição, que a população menos aquinhoada tem a uma educação pública de qualidade estamos carecas de saber. Ao longo da história brasileira tem sido assim.

Mas, atualmente, eu não vejo somente este entrave à educação pública. Há um óbice poderosíssimo que surgiu a partir do momento em que os neoliberais mercantilizaram tudo, transformaram tudo em mercadoria, saúde, educação, saneamento, etc. O objetivo: criar espaços para a obtenção de mais lucros pelos capitalistas.

O que vai acontecer quando um governo resolver cumprir com sua obrigação passando a investir em educação pública de qualidade? Ora, o cidadão que recebe parco salário, ao ver a melhora da escola pública vai, ligeirinho, tirar seu filho da escola privada – a qual faz um esforço danado para pagar – e inscrevê-lo na primeira.

Ou seja, ao investir em educação pública de qualidade, esse governo estará “roubando” mercado, clientela, da educação privada. Então, para o bem de uma meia dúzia de escolas privadas e a desgraça de milhões de brasileiros, isto não pode acontecer.

Para evitar que isto aconteça, os donos da educação privada vão usar parte dos lucros que arrancam de seus alunos para financiar, e eleger, uma quantidade de deputados e senadores que, no parlamento, irão bloquear a iniciativa desse governo de garantir o direito do povo à educação pública de qualidade.

Essa reflexão vale também para a área da saúde. O que seria dos planos de saúde privados se os governos honrassem a constituição e destinassem a parcela obrigatória à assistência da população? Não é à toa que Temer assume com a proposta de ir esvaziando o SUS até aniquilá-lo por inteiro. O objetivo é criar um campo de caça totalmente livre para a medicina privada se empanturrar de lucros.

Não é à toa que Temer assume e começa a implementar, às pressas, a privatização de tudo. O “Ponte para o Futuro” veio com o objetivo de garantir o futuro dos grandes negócios; o povo que se lixe. O objetivo é abrir espaços, no meio estatal, para que os grandes grupos econômicos possam eternizar seus lucros, às custas da esmagadora maioria da população brasileira.

A privatização, idealizada como meio de baratear preços e tarifas e trazer mais qualidade a produtos e serviços, sempre existiu apenas na propaganda exaustiva e avassaladora com que foi vendida. A prioridade dos neoliberais sempre foi a garantia de lucros para uns poucos.

Assis.T. Mobral

24/07/2018 - 18h58

Quando eu crescer quero ser dono de ensino privado.
E criar um exercito de idiotas em nome do deus mercado, da obediência ao neoliberlismo.

    Milton F. M. Pelerin

    24/07/2018 - 19h18

    Amem.

JOAO MARIA DA SILVA

24/07/2018 - 15h00

Vazou documento que o ex governador Richa fez para acabar com as escolas publicas, incluindo universidades estaduais.

    Rafa

    24/07/2018 - 18h23

    Um dos secretários da educação do governo do psdb era ligado ao positivo, um outro da area universitára ciencia e tecnologia era um ignorante . Pobre paranaenses.

Régis

24/07/2018 - 14h38

Estado Mínimo, como diz Roberto Requião, só defende quem é super rico ou idiota.
Pobre de direita é resultado dessa miséria no investimento da educação ao longo dos tempos no Brasil.

Jochann Daniel

24/07/2018 - 14h12

A equação é simples
e contada por etapas.
1 >>>> O Brasil tem enormes riquezas (minérios, pré-sal, etc.)
2 >>>> Os grandes interesses financeiros de dinheiro,
principalmente estrangeiros,
cobiçam essas riquezas
3 >>>> Com seu imenso poder
os GIdeDI
controlam a Mídia
(Globo à frente)
4 >>>> Como têm que trabalhar
para os GIdeDI
a Mídia trava
e impede
o progresso do Brasil
e de seu povo,
mantendo-o na miséria
e na ignorância
5 >>>> Uma das peças chave
do progresso de um país
(ou mesmo de uma nação)
é a educação de alto nível
6 >>>> Logo compreende-se
a ação de Roberto Marinho
derrubando os CIEPs de Brizola
(já imaginaram como seria
o Brasil hoje
se os CIEPs
tivessem dado certo
em todo o Brasil?
7 >>>> NOTA: o Golpe
e a atual destruição
do Brasil
foi e é perpetrada
por uma pequena
quadrilha de
influentes brasileiros
ligados aos GIdeDI.
Alguns poucos milhares,
incluindo os proprietários da Mídia.
8 >>>> O grosso
de brasileiros
que a “esquerda”
convencionou chamar
de “direita”
são brasileiros comuns,
também vítimas da quadrilha
que está no Poder.
9 >>>> “Direita”
são apenas brasileiros
com a cabeça envenenada
pela Mídia,
que serve aos GIdeDI…………………………….

Ultra Mario

24/07/2018 - 14h10

A destruição da educação no Brasil não é por acaso, é um projeto. Quanto menos educada a população, mais fácil fica para manipular ela a votar em canalhas.

Vai ver se isso acontece numa Alemanha ou numa França ou numa Finlandia…

Sem educação o Brasil jamais será uma democracia forte. E democracia é o que essa gente mais teme.

    Jochann Daniel

    24/07/2018 - 17h33

    Caro Ultra Mario
    Seu comentário
    está praticamente correto.
    Mas as forças
    que controlam a Mídia
    ocidental
    (leia-se banqueiros/Rothschild)
    são tão fortes
    que elegem aqueles
    que corroerão o país por dentro.
    Citarei apenas
    um dos países
    que você citou,
    a França.
    Lá , Macron
    está atacando o país:
    1. através da derrubada
    das escolas públicas
    (Se você ler em inglês
    entre no Google
    com as palavras
    “Macron”, “students”, “against”, “reforms”, “public schools”
    2. corroendo
    as pensões
    dos aposentados
    (entre no Google
    com as palavras:
    “Macron,” “retirement ” “pensioners”, “pension”, “French”, “fury”
    entre outros discretos
    ataques à França.
    E com a Mídia dizendo
    que “isto é necessário”,
    como faz
    em muitos outros
    países
    e nações…..

      David Guerra

      24/07/2018 - 20h09

      Exatamente!


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