Volta e meia alguém escreve sobre o momento econômico, debitando na conta da greve dos caminhoneiros a queda vertiginosa dos índices disto e daquilo. Atribuem à greve, o “verdadeiro tsunami” que se abateu sobre o país. Como diria o nosso velho amigo trocador de ônibus: “um passinho atrás, por favor”.
Voltando ao ano de 2016, por exemplo, constata-se que o tsunami que se abateu sobre o Brasil tem nome, sobrenome e CPF. Chama-se Michel, o ilegítimo, que de posse de um poder que não era seu, e para o qual não tinha e não tem o menor talento – sua verdadeira vocação são atividades à beira mar – jogou, ele sim, o país ladeira abaixo.
Não seria crível, por exemplo, atribuir aos companheiros da boleia a volta do Brasil ao mapa da fome. Esta notícia foi divulgada antes que os caminhoneiros cruzassem os braços. O motivo, nós sabemos. O corte radical de verbas, feito pelo governo, para os programas sociais.
Também não é justo dizer que os da estrada são culpados pelo aumento da mortalidade infantil, depois de 26 anos. Não me consta que os caminhoneiros saíram por aí atropelando criancinhas às levas, a ponto de fazer subir este índice.
Quando os convido, tal qual o trocador do ônibus lotado, a dar um passinho atrás, é para verificar, por exemplo, a política para o reajuste de combustíveis adotada pelo Michel. Segundo nos lembra a nota técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), foco de matéria da jornalista Grasielle Castro, publicada no do site “Huffpost”, no dia 30 de maio deste ano, “em 30 dias, entre 22 de abril e 22 de maio, o preço da gasolina e do diesel foi reajustado 16 vezes. Para o consumidor, o preço variou entre 38,4%, no caso do diesel, e 47%, da gasolina.”
E, ainda de acordo com o comentário da jornalista, “o que explica esse aumento constante é a alta na cotação do barril de petróleo no mercado internacional, uma diretriz de recomposição dos preços adotada pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), além da desvalorização do real. Todos esses fatores passaram a ter impacto imediato no valor final do combustível depois que a Petrobras passou a adotar a política de preços que leva em conta a paridade internacional.”
Isto posto, nunca é demais lembrar que os caminhoneiros, que têm como principal atividade rodar por aí abastecendo todos os setores da economia, sentiram no bolso e na pele os desmandos da política entreguista e desvairada de preços, adotada por Michel e Pedro Parente, e usaram da arma que o trabalhador costuma usar: cruzar os braços. E, claro que isto teria consequências. A greve afetou, de acordo com números da FGV, 90% do comércio e 89,5% da indústria, alargando ainda mais, se é que isto é possível, a margem de rejeição ao (des)governo de Michel, que talvez tenha apoio, no momento, “talvez”, é bom frisar, apenas em casa.