A Bélgica apresentou novamente, contra a Inglaterra, o futebol envolvente que poderia acabar em título, não fosse, talvez, o azar de cair na chave mais forte do torneio e enfrentar Brasil e França no mata-mata.
O clima do jogo foi mais relaxado, como normalmente acontece em uma disputa de terceiro lugar, e o gol logo aos 4 minutos facilitou o trabalho belga, dando a tranquilidade necessária para que o time jogasse solto e a técnica apurada de seus jogadores aparecesse.
A bola foi lançada pelo goleiro Courtois, o ala esquerdo Chadli desviou de cabeça, Lukaku dominou e deu uma bela enfiada para o próprio Chadli, que cruzou para a conclusão de canela – porém certeira – do ala oposto Meunier. 1 x 0.
A partir daí, a Bélgica trocou passes com qualidade e controlou o jogo.
Muito embora a Inglaterra tenha tido superioridade na posse de bola (acabou em 57% a 43% para os ingleses), não havia um pingo de criatividade no jogo do time vermelho. A única boa chance criada no primeiro tempo foi com a jogada característica dos britânicos, o lançamento longo para Sterling, que dominou e escorou para Kane chutar à direita do gol de Pickford.
A Bélgica, no geral, tem um time equivalente ao inglês, exceto por dois nomes que se destacam dos demais: Hazard e De Bruyne. A dupla está, sem sombra de dúvidas, no primeiro escalão do futebol mundial.
De Bruyne é um meia clássico, com bom passe, bom drible e um chute forte e certeiro. Deu duas pifadas – colocar o atacante na cara do gol, para os leigos – sensacionais para Lukaku, que desperdiçou. Hazard é o craque do time, com a habilidade e a impetuosidade típicas de um ponta. Sua visão de jogo privilegiada permite que apareça em todas as partes do campo para tabelar e construir jogadas com os companheiros. Foi o grande nome belga da Copa e, se fosse à final, poderia tranquilamente ser eleito o melhor do torneio.
Jogadores diferenciados como eles fazem a diferença e conseguem, na base do talento, furar os sistemas defensivos adversários, mesmo os bem montados como o inglês.
Aos 24 do segundo tempo saiu uma boa troca de passes da Inglaterra, que acabou com uma conclusão muito técnica do volante Dier, encobrindo Courtois com um tapa na bola. O zagueiro Alderweireld salvou em cima da linha e evitou o empate.
Aos 34, a Bélgica armou um contra-ataque de encher os olhos, que partiu do campo de defesa e contou com dois toques de calcanhar – um de Hazard e outro de De Bruyne, só para variar – e acabou em um chute forte, sem pulo, de Meunier. Pickford, que fez uma ótima Copa, fez bela defesa.
Na sequência, aos 36, a diferenciada dupla belga fez a diferença mais uma vez. De Bruyne carregou pelo meio e deu o passe para Hazard, que dominou tirando do zagueiro e, na cara do gol, bateu no contrapé do goleiro, com a frieza e inteligência dos grandes jogadores, cravando o 2 x 0 no placar.
A medalha de bronze e, mais ainda, o futebol apresentado credenciam a Bélgica para brigar forte, em 2022, por um lugar na galeria dos campeões do mundo.
Especialmente porque seus dois craques provavelmente estarão presentes. Hazard e De Bruyne demonstraram, mais uma vez, o quanto o talento e a criatividade são essenciais no futebol.
Que bom que é assim.