Ciro na CNI: “Brasil precisa de alguém do campo democrático e de esquerda na presidência”

Em evento na CNI, tanto em sua fala principal quanto em sua coletiva, Ciro Gomes fez críticas duras ao Supremo Tribunal Federal e ao Ministério Público.

Na coletiva, Ciro criticou o STF por ter autorizado, na contramão da Constituição, a prisão em segunda instância. A crítica de Ciro atinge diretamente a Lava Jato e a prisão do ex-presidente Lula, que só foi possível por causa da interpretação criativa de uma maioria apertada de 6 X 5 no Supremo Tribunal Federal, que negou habeas corpus ao petista usando como argumento um entendimento provisório, do próprio STF, em favor da prisão após condenação em segunda instância.

O pré-candidato também mencionou a interferência política do STF no impedimento da posse de Lula como ministro de Dilma, último esforço da ex-presidenta para enfrentar a crise.

Vídeo da sabatina / coletiva:

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No BuzzFeed News
“Há um quadrilheiro na Presidência da República”, diz Ciro Gomes

Presidenciável criticou reforma trabalhista e foi vaiado em evento da CNI. Ex-ministro também disse que Brasília virou uma Babel e que ninguém, nos Três Poderes, respeita o quadrado de ninguém.

publicado 4 de Julho de 2018, 3:21 p.m.
Por Severino Motta
Repórter do BuzzFeed News, Brasil

O ex-governador e presidenciável Ciro Gomes (PDT) foi, como sempre, Ciro Gomes.

Em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira, chamou o presidente Michel Temer de quadrilheiro, criticou o Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público e defendeu uma ampla revisão da reforma trabalhista, tendo sido o primeiro pré-candidato a tomar uma leve vaia da plateia no encontro.

De acordo com Ciro, o entrave para o crescimento da indústria não está nos salários pagos aos trabalhadores brasileiros, mas no câmbio e na taxa de juros — algo que, segundo ele, ninguém vaia.

“Precisa substituir essa selvageria a que demos o nome de reforma trabalhista por verdadeira reforma trabalhista”, disse.

Após uma leve vaia, o pré-candidato emendou:

“Pois é! Vai ser assim mesmo. Se quiserem um presidente fraco escolham um desses que conversa fiado aqui para vocês.”

Segundo Ciro, a crise que passa o país é uma das maiores da história, pois atinge a economia, a política e transformou Brasília numa Babel, em que “ninguém respeita o espaço de ninguém”.

Para ele, é preciso blindar a Presidência da República de fisiologismos e garantir que ela tenha autoridade para enquadrar o Judiciário e o Ministério Público e fazer as reformas que o país precisa nos primeiros seis meses de governo, quando há maior poder nas mãos do presidente.

“A quem serve [ter] Presidências fracas? Sob o ponto de vista democrático? A quem interessa o presidente nomear ministro e o STF proibir o ministro de tomar posse por liminar? O judiciário precisa voltar para o seu quadrado. O Ministério Público precisa voltar para o seu quadrado”, disse.

Diferentemente de quando falou sobre a reforma trabalhista, Ciro foi aplaudido nesse momento.

Sobre Michel Temer e a política nacional, Ciro comentou que ela está desmoralizada, perdeu o poder de liderar e é vista como corrupta pela população.

“No Executivo há um quadrilheiro na Presidência da República, que eu conheço de longa data, e como tal foi acusado pelo Ministério Público.”

Ao longo de seu discurso, Ciro bateu na questão das taxas de juros em diversos momentos. Afirmou que, se eleito, fará no primeiro dia de seu governo alterações para baratear o crédito no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.

Para o ex-governador também seria preciso criar um plano de desenvolvimento para o país levando em conta modelos como os da Espanha, França ou Itália, para que o Brasil seja como um deles em 50 anos.

Por fim, também disse que é preciso que o Brasil eleja alguém do campo democrático e de esquerda para a Presidência.

Segundo ele, “a semente do fascismo guarda lugar no coração dos jovens”, que sonham em ir embora do Brasil.

Ele ainda citou a prisão do ex-presidente Lula como um dos fatores que levam à descrença de mais jovens, chamando o petista de maior liderança popular do país.

Severino Motta é repórter do BuzzFeed News, em Brasília

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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