Vou resumir e comentar algumas reportagens de hoje publicadas na Folha e no site Poder 360, relacionadas a Geraldo Alckmin, Marcio França, Ciro Gomes, e o PSB, e também sobre a estadia de Ciro e Boulos em Salvador.
Uma reportagem publicada na Folha menciona suposto distanciamento entre o governador de São Paulo, Marcio França, do PSB, e Geraldo Alckmin, pré-candidato a presidência do república pelo PSDB.
Até pouco atrás, era líquido e certo que França, principal nome do PSB em São Paulo, apoiaria Geraldo Alckmin.
No entanto, há uma contradição insolúvel entre Alckmin e França. Alckmin é do PSDB, e o partido tem candidato ao governo de São Paulo, João Dória; e França, do PSB, pleiteia o mesmo cargo.
A contradição vai aumentando conforme as atividades de campanha e as costuras políticas se intensificam.
Segundo a Folha, Marcio França teria dado seu “aval” para que o PSB apoie Ciro Gomes, e este seria o mais claro sinal de afastamento entre França e Alckmin.
Uma outra reportagem, do site Poder 360, traz declarações otimistas do presidente do PDT, Carlos Lupi, sobre possível coligação com o PSB para as eleições presidenciais.
Entretanto, pelo que pude notar em todas essas matérias, não há nada definido ainda. O que há é um jogo pesado de notas plantadas aqui e acolá, com o PSB se fazendo de difícil para recolher benefícios políticos dos partidos que cobiçam seu apoio.
Ainda na Folha de hoje, por exemplo, outra matéria diz que o PT resolveu aumentar a pressão sobre o PSB de Pernambuco, para dificultar a aliança do partido com Ciro Gomes.
Pernambuco é o estado mais importante para o PSB, e o núcleo socialista local não esconde o temor de ser derrubado democraticamente pelo PT, que tem uma candidata forte, já em fase de pré-campanha, para o governo do Estado. Marília Arraes já está empatada nas pesquisas com o governador Paulo Câmara, do PSB, que tenta a reeleição.
O PT prometeu retirar a candidatura de Marília, caso o PSB se alie à legenda, o que constituiria um grande alívio para Câmara e seu partido, que ficariam praticamente sem concorrentes.
Toda vez que o PT nacional promete neutralizar a candidatura de Marília, isso a enfraquece, beneficiando Câmara.
Pelo que pude entender, o PT pernambucano é adversário do PSB e a retirada da candidatura de Marília teria efeitos negativos, no médio e longo prazo, para a legenda no estado, como aconteceu ao PT fluminense.
Uma terceira reportagem na Folha descreve a visita de Guilherme Boulos e Ciro Gomes à Salvador, para participar dos festejos de 2 de julho, uma data importante no estado, porque marca a sua vitória contra Portugal, em 1823, nas batalhas da independência .
Boulos desfilou ao lado de militantes do PSOL, portando faixas pedindo liberdade a Lula. O candidato do PSOL tem demonstrado solidariedade infinita ao ex-presidente, o que é sinal de grande generosidade política, visto que Boulos e Lula disputam o mesmo eleitorado. Mas Boulos, apesar de sempre repetir que tem uma proposta alternativa ao PT, não está sendo muito explícito quanto a isso. A hipersensibilidade em relação a Lula tem dificultado, para o PSOL, fazer críticas aos erros dos PT no poder. Sem essas críticas, fica muito difícil, para o eleitor, diferenciar um de outro. Essa pode ser a razão para um desempenho tão modesto de Boulos na campanha eleitoral.
Segundo uma sondagem do Paraná Pesquisas feita entre os dias 23 a 28 de maio, o ex-presidente Lula tem 43% na Bahia. Bolsonaro tem 17%, Marina 8% e Ciro 7%.
Sem a presença do ex-presidente, os principais herdeiros do voto lulista são Marina e Ciro Gomes, cujos percentuais saltam para 18% e 13,5%, respectivamente.
Ciro Gomes fica à frente de Marina Silva entre homens (17% X 14%), ultrapassa Bolsonaro entre eleitores com mais de 60 anos (18% X 13%) e fica em segundo lugar, quase empatando com o capitão da reserva, entre eleitores com ensino superior (20% X 24%).
A força de Jair Bolsonaro na Bahia é maior entre eleitores com até 24 anos, onde tem 31% dos votos; este é, por outro lado, o ponto-fraco de Ciro Gomes, que tem apenas 5,5% neste segmento.
Bolsonaro é mais fraco entre eleitores com baixa instrução, onde tem apenas 13%, empatado com Ciro e quase a metade de Marina.
Durante as horas que passou na Bahia, o candidato do PDT conversou com o prefeito de Salvador, ACM Neto, do DEM, e com Rui Costa, governador, do PT. Mas fez questão de marcar que seu posicionamento ideológico o aproxima, naturalmente, do PT, legenda que ele apoiou nos últimos 16 anos.
Ao avaliar os dois partidos protagonistas da política baiana, se disse mais próximo ao PT, e reafirmou o apoio de seu partido à reeleição do governador Rui Costa.
O candidato fez comentários ainda sobre possível aliança com partidos fora da órbita da esquerda:
Nacionalmente, disse estar focado na negociação com o PSB. Evitou falar sobre uma possível aliança com o DEM, mas se disse aberto a negociar com partidos fora do campo da esquerda numa “conversa em torno de compromissos”, mirando a governabilidade.
“Temos que ir para a eleição olhando para o dia seguinte para transformar as promessas em compromissos verdadeiros”, disse.
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), disse que o apoio a Ciro é uma possibilidade em discussão no partido, que deve definir seu futuro nas próximas duas semanas.
“A gente não pode deixar de considerar Ciro como uma hipótese, uma alternativa”, disse o prefeito, que caminhou no cortejo ao lado de José Ronaldo, pré-candidato do seu partido ao governo da Bahia.
Jaques Wagner, entrevistado na reportagem da Folha, é um dos nomes do PT mais abertos à possibilidade do partido abrir mão da cabeça de chapa e apoiar Ciro Gomes. Mas hoje é voz isolada no partido, dominado por Gleisi, Paulo Pimenta, Lindberg, que assumiram posições chave na burocracia partidária, e tem posições hostis a alianças externas à legenda.
O PT está organizando uma manifestação em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 15 de agosto, último dia para registro das candidaturas, para pressionar o judiciário a autorizar que o ex-presidente Lula exerça o seu direito político de concorrer à presidência da república.
A carta divulgada por Lula hoje, todavia, revela que o ex-presidente está pessimista em relação às suas chances de concorrer.