A grande surpresa da fase de grupos da Copa do Mundo foi a queda da Alemanha, atual campeã. A derrota para a Coréia do Sul, no último jogo, deu um toque de surrealismo à absolutamente improvável eliminação do forte time germânico.
Para além das análises estritamente futebolísticas, a queda da campeã é uma oportunidade para refletirmos sobre os implacáveis ciclos da vida.
“Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”, diz o provérbio.
“Tudo muda o tempo todo no mundo”, canta Lulu Santos
Assim é a vida, feita de ciclos. Uma hora estamos em cima, outra embaixo. Não importa qual seja a situação na qual nos encontremos; a única certeza que podemos ter é que ela vai passar.
Empregos, relacionamentos, bens materiais, visões de mundo. Tudo isso uma hora acaba, nem que seja com a morte, que não é senão o fim de um ciclo.
Citando novamente a linda “Como Uma Onda”, do Lulu, “tudo passa, tudo sempre passará”.
Não há o que se possa fazer quanto a isso.
Podemos, entretanto, mudar a forma com a qual lidamos com os ciclos e, assim, minimizar o nosso sofrimento.
A grande sacada de muitos mestres espirituais da história da humanidade foi a constatação de que sofremos porque nos apegamos às coisas.
É lógico: se tudo, absolutamente tudo passa, o apego à qualquer coisa, pessoa ou situação é a semente do sofrimento futuro, quando a inexorável mudança chegar.
O que fazer, então? Praticar o desapego e não esquecer jamais dessas duas palavrinhas: tudo passa.
Quando estamos em uma fase ruim é obviamente reconfortante saber que teremos dias melhores pela frente.
Nas fases boas é um pouco mais complicado, já que é bastante tentador apegar-se à felicidade do momento.
Entretanto, é libertador termos sempre a consciência de que tudo é transitório, pois isso acaba com o medo da perda. Se tudo passa, inevitavelmente “perderemos” qualquer coisa, pessoa ou situação a qual estejamos apegados.
Sabendo disso, podemos desfrutar melhor do que a vida oferece de bom, já que não faz sentido temer algo que fatalmente ocorrerá.
A Alemanha vai se reerguer novamente. O Brasil vai superar o 7 x 1. Derrotaremos o golpe.
A lei dos ciclos é infalível. Aceitemos e lidemos da melhor forma possível com ela.
Luís Ribeiro
30/06/2018 - 20h11
Pedro, atualmente és o articulista que mais curto. Conseguir aliar substância e simplicidade, ficando equidistante do hermetismo acadêmico, de um lado, e da pieguice, de outro, não é fácil. Falar de Heráclito, de Epicuro sem precisar mencioná-los, ao som despretensioso de Lulu Santos, é show de bola.