Duas notícias importantes para entender os últimos movimentos do jogo de xadrez eleitoral. Aparentemente, uma eventual aliança entre PSB e o PDT de Ciro Gomes para as eleições presidenciais avançou alguns passos.
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No Valor
Maioria no PSB apoia aliança com Ciro
A maioria dos presidentes estaduais do PSB manifestou-se ontem, em reunião com o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, a favor de uma aliança com o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes. Dos 27 Estados presentes, entre 14 e 16 apoiaram o pedetista. Os outros se dividiram entre o PT e Geraldo Alckmin (PSDB).
Embora seja um indicativo do caminho que o partido deve seguir, não houve votação e a decisão, de fato, só deve ocorrer após reuniões da Executiva e do diretório nacional do PSB ao longo de Julho. Siqueira fez, junto com os presidentes estaduais, um mapeamento das alianças e preferências regionais e a maioria preferiu caminhar com o PDT.
As exceções seriam Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Piauí, favoráveis à aliança com o PSDB, e alguns estados do Nordeste, como Pernambuco, e Amapá, que defendem aliança com o PT. Álvaro Dias (Podemos) chegou a ser cogitado por dirigentes do Sul, mas sem apoio explícito, e Marina Silva (Rede), que concorreu pelo PSB em 2014, foi descartada por o Rede rompeu com três governadores do partido.
Segundo o presidente do PSB no Rio Grande do Sul, deputado José Stédile, as opiniões eram pessoais, dos presidentes locais, e não contavam como uma manifestação formal dos diretórios, mas a maioria defendeu coligar com o PDT. “Não teve nenhum estado contra o Ciro. Mesmo aqueles que preferem o Alckmin ou o PT disseram que não vão brigar se o partido se aliar a ele”, disse.
Por outro lado, alguns dos dirigentes nordestinos e do Amapá acham que a alianças com o PT será mais benéfica para os candidatos do partido aos governos estaduais. Os petistas dizem que só tiram a candidatura da vereadora Marília Arraes (PT) contra o governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB) se o PSDB apoiar nacionalmente o PT, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda é o principal cabo eleitoral da região, mesmo preso.
O senador João Capiberibe, presidente do PSB no Amapá, disse que entre 15 e 16 diretórios se manifestaram a favor de Ciro. A análise, disse, foi feita à luz das consequências que um apoio nacional a um candidato ou outro teria sobre as alianças regionais. “[O apoio majoritário a Ciro] não é decisivo, mas indica uma tendência”, afirmou. Adversário do governador do Amapá, que é do PDT, Capiberibe defende a aliança com o PT, mas diz estar “aberto a qualquer possibilidade”.
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No Globo
Em Pernambuco, Ciro conversa com viúva de Eduardo Campos em busca de apoio do PSB
POR CATARINA ALENCASTRO 27/06/2018 4:30 / atualizado 27/06/2018 7:37
BRASÍLIA — Num movimento estratégico para consolidar uma possível aliança com o PSB, o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, viajou na última terça-feira ao Recife para tentar convencer duas das principais lideranças do partido a apoiá-lo. O pedetista, que já conta com a simpatia da maioria da cúpula do PSB, empenhou-se pessoalmente em obter o aval do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e da viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos.
Reduto tradicional do PSB, o diretório pernambucano é considerado crucial para sacramentar a aliança. Além da máquina do estado, o PSB conta com a prefeitura do Recife e outros 60 municípios no interior do estado. Se conseguir fechar um acordo com o PSB, Ciro ganha 45 segundos de tempo de TV e amplia sua musculatura Brasil afora. O PSB governa hoje cinco estados e pretende dobrar o número de governadores.
— Atribuo ao movimento que o PSB puder fazer ao seu tempo o peso praticamente de garantir a minha eleição, o que quer dizer a fundação de um campo democrático, popular, nacional, comprometido em encerrar essa agenda antipovo, antipobre e antinacional que o país está amargando — disse Ciro após encontro com Câmara.
Candidato à reeleição, Câmara rivaliza com a petista Marília Arraes, que também pleiteia o governo do estado e está bem colocada nas pesquisas. Em conversas de bastidores, o PT negocia a retirada da candidatura de Marília em troca do apoio do PSB à candidatura do ex-presidente Lula, preso desde abril e tecnicamente inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
— A posição que for tomada pelo governador Paulo Câmara terá influência decisiva no caminho a ser seguido pelo PSB nacional. Se for a de coligar-se ao PDT, colocará Ciro na condição de favorito para a Presidência — acredita Cid Gomes, irmão de Ciro e seu principal articulador político.
A ida de Ciro a Pernambuco já vinha sendo ensaiada há várias semanas. Além de estratégica, é simbólica. Viúva de Eduardo Campos, Renata sempre foi considerada uma figura importante no partido. Eduardo sempre a consultava, e ela participava de todas as negociações políticas. Com a morte do marido em 2014, continuou sendo uma espécie de oráculo dos integrantes do PSB.
— Renata carrega uma simbologia muito grande no partido. Sem dúvida foi um gesto importante de Ciro ir ao seu encontro. Essa ida dele ajuda Paulo Câmara e Renata a terem mais simpatia a uma adesão à sua candidatura — avalia Renato Casagrande, um dos membros da cúpula do PSB que defendem um apoio nacional a Ciro.
NEUTRALIDADE CRITICADA
Na última segunda-feira, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, reuniu-se com os presidentes dos diretórios regionais do partido. A eles disse que, diante da grave crise política que o Brasil atravessa, seria um “erro grave” o partido ficar neutro nessas eleições.
Ciro, que já foi filiado ao PSB, tem um discurso afinado com o dos políticos do PSB. Quem participou da reunião disse que ficou claro que a maioria quer se unir a Ciro. E quem não defende expressamente esse casamento, não se opõe.
— A maioria do partido quer que o PSB tenha uma posição. Não dá para não termos uma opinião numa hora dessas, seria muito ruim. Eu sou a favor de uma aliança com Ciro — diz Casagrande.
O tempo corre contra a indefinição do PSB. Os que defendem a aliança nacional querem que a decisão saia logo, para que os estados possam se adequar à nova realidade. Um acordo deve acontecer na próxima semana. Caso se confirme o apoio a Ciro, o PSB nem faria uma convenção para ratificar a escolha. Isso porque no congresso do partido, em março, foram postas duas hipóteses, além da candidatura própria: a neutralidade ou o apoio a alguém do mesmo campo político do partido. Ciro se enquadra nessa segunda hipótese.
— PSB e PDT são partidos afins. É o caminho natural. Acho que até o dia 30 isso está fechado. Pode ser até o começo de uma fusão entre os dois partidos — pontua Carlos Lupi, presidente nacional do PDT.
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