Por Pedro Breier
Foi a melhor atuação da seleção brasileira até aqui.
A verticalidade característica da equipe de Tite deu a tônica do primeiro tempo. O Brasil criou chances com passes em profundidade, com os brasileiros sempre tentando pifar o companheiro rapidamente ao invés de girar a bola mais horizontalmente. Coutinho e Neymar recuavam para tentar o paase decisivo de qualidade.
Em uma dessas jogadas, Philippe Coutinho deu belo lançamento para deixar Paulinho na cara do gol. O voltante/centroavante encobriu o goleiro com um biquinho de primeira. Golaço.
Paulinho é um volante atípico.
Aparece na área a todo o momento para concluir as jogadas, sendo uma bela arma para surpreender defesas, como no 1 x 0 contra os sérvios – que não criaram uma mísera chance no primeiro tempo, diga-se de passagem.
Entretanto, sua participação no que tange às atribuições clássicas e essenciais de um segundo volante – chamar a bola e, com ela, ditar o ritmo da partida – é praticamente nula.
A falta de controle de bola, ou trabalho horizontal, ou… “meio-camposidade”, digamos assim, do time brasileiro permitiu que a Sérvia ensaiassse uma pressão no segundo tempo, criando três jogadas de ataque bastante perigosas entre os 15 e os 19 minutos.
A forte cabeçada de Thiago Silva aos 22, após cobrança de escanteio de Neymar, jogou por terra a empolgação do time de vermelho, colocando 2 x 0 no placar.
A entrada de Renato Augusto no lugar de Paulinho e a tranquiliade proporcionada pela vantagem no placar mudaram o estilo de jogo brasileiro.
Apareceu a paciente e habilidosa troca de passes que uma vantagem no placar recomenda e que é a melhor estratégia para o nível de qualidade dos jogadores brasileiros.
Além de possibilitar a minimização dos riscos e o controle da partida – afinal, enquanto se está com a bola, é impossível tomar gol – a paciência na troca de passes permite a criação de jogadas mais trabalhadas e envolventes, o que aconteceu na segunda metade da etapa final.
A tentativa de chapéu no goleiro efetuada por Neymar aos 40 minutos, após bela sequência de tranquilos e serenos passes, é emblemática quanto ao ponto.
Neymar, aliás, jogou bem, sendo mais objetivo e bem-sucedido em seus belos dribles (além de menos cai-cai e chiliquento), com destaque para um chapéu no campo de defesa seguido de uma arrancada e passe inteligente para Coutinho na entrada da área, aos 24 do segundo tempo.
Coutinho segue, contudo, como o melhor jogador brasileiro, tendo mais uma atuação de altíssimo nível ao fazer uma linda assistência, muitos passes de qualidade e algumas jogadas de efeito.
Não despontou, nesta primeira fase, nenhuma seleção com um futebol avassalador e dominante, como a Espanha de 2010 ou a Alemanha de 2014.
Sendo assim, o Brasil, ainda que apresentando um futebol um tanto errático, termina a primeira fase confirmando as expectativas pré-Copa de ser uma das favoritas ao título.