Foi-se o último trunfo do governo, a inflação baixa, conquistado pela estratégia “delicada” da equipe econômica de derrubar a atividade econômica para o mesmo ritmo registrado na Antártica, pólo sul, região também sem inflação (e também sem vida humana).
Segundo o IBGE, a inflação de junho explodiu para 1,11%, o maior nível para um mês de junho desde 1995.
O governo Temer transformou-se numa arma de destruição em massa.
Será duro suportar até o final do ano uma catástrofe política dessa magnitude. E o pior é que, como vimos ontem na Câmara dos Deputados, Temer, sabendo-se apoiado pela Globo e pelos bancos, continua disposto a destruir mais direitos, a entregar mais riquezas nacionais, a fazer o mal, enfim.
O pico inflacionário foi causado, aparentemente, pela greve dos caminhoneiros, a qual, por sua vez, é culpa do governo e sua política criminosa de preços dos combustíveis, imposta sem a mínima preocupação com a sua sustentabilidade econômica na vida real.
A inflação atingiu os setores que afetam mais diretamente os mais pobres. Em plena crise de emprego, que está levando milhões de famílias a enfrentarem problemas financeiros e, consequentemente, dificuldades para manter o nível adequado de nutrição, os alimentos sofreram forte reajuste de preços.
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No IBGE
IPCA-15 sobe 1,11% em junho e IPCA-E chega a 1,46%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) variou 1,11% em junho, mostrando forte aceleração (0,97 ponto percentual p.p.) em relação a maio (0,14%). A taxa de 1,11% em junho repete a de junho de 1996 e foi a maior variação para um mês de junho desde 1995 (2,25%). O IPCA-E, que é o IPCA-15 acumulado por trimestre, situou-se em 1,46%, acima da taxa de 0,61% registrada no mesmo período de 2017. Com isso, o acumulado no ano está em 2,35%, acima do 1,62% registrado em 2017. O acumulado nos últimos 12 meses foi 3,68%, acima dos 2,70% registrados nos 12 meses anteriores. Em junho de 2017 a taxa foi 0,16%.
Correspondendo a cerca de 60% das despesas das famílias, os grupos Alimentação e bebidas (1,57%), Habitação (1,74%) e Transportes (1,95%) foram os principais responsáveis pela aceleração do índice em junho. Juntos, os três grupos contribuíram com 1,01 p.p. de impacto no IPCA-15, equivalente a 91% do índice do mês, conforme a tabela a seguir.
O grupo dos Alimentos, que em maio registrou queda de 0,05%, subiu 1,57% em junho, impulsionado principalmente pela alimentação no domicílio que, após alta de 0,09% de maio, acelerou em junho, atingindo 2,31%, com destaque para os itens: batata-inglesa (45,12%), cebola (19,95%), tomate (14,15%), leite longa vida (5,59%), carnes (2,35%) e frutas (2,03%). A alimentação fora de casa (0,29%) também mostrou aceleração no nível de preços ante a queda de 0,28% registrada em maio.
No grupo Habitação (1,74%), o destaque foi o item energia elétrica, que apresentou alta de 5,44%, representando o segundo maior impacto individual no índice de junho. Além da vigência, a partir de 1º de junho, da bandeira tarifária vermelha patamar 2, adicionando a cobrança de R$0,05 a cada kwh consumido, as seguintes áreas pesquisadas sofreram reajuste nas tarifas:
Belo Horizonte (11,14%) – reajuste de 18,53% a partir de 28 de maio
Recife (8,18%) – reajuste de 8,47% a partir de 29 de abril
Salvador (8,77%) – reajuste de 16,95% a partir de 22 de abril
Fortaleza (4,18%) – reajuste de 3,80% a partir de 22 de abril
Porto Alegre (3,70%) – reajuste de 9,85% a partir de 19 de abril
O Item gás encanado (1,70%) refletiu os reajustes de 1,87% ocorridos no Rio de Janeiro (0,99%), em vigor desde 1º de maio, e de 3,35% em São Paulo (3,07%), a partir de 31 de maio. Os preços do gás de botijão também aceleraram, ficando, em média, 2,60% mais caros.
Ainda no grupo Habitação, a alta no item taxa de água e esgoto (0,77%) foi consequência dos reajustes de 5,12% nas tarifas em Curitiba (4,90%), a partir de 17 de maio, 2,78% em Recife (2,44%), em vigor desde 12 de maio, de 3,50% em São Paulo (0,60%), desde 09 de junho, e de 4,09% em Salvador (0,27%), a partir de 12 de junho.
Nos Transportes (1,95%), o grupamento dos combustíveis que havia caído 0,17% em maio subiu 5,94% em junho. O destaque foi a gasolina (de 0,81% em maio para 6,98% em junho), responsável pelo maior impacto individual no índice (0,31 p.p.), o que representa 28% do IPCA-15 de junho. O etanol acelerou em junho (2,36%), após a deflação (-5,17%) registrada em maio. O óleo diesel subiu 3,06%, após a alta de 3,95% de maio. A queda no item passagem aérea (-2,12%) foi menos intensa que a apurada em maio (-14,94%).
Em todas a onze localidades pesquisas no IPCA-15 houve aceleração de preços no mês, sendo que apenas as regiões metropolitanas de Belém (0,76%) e Recife (0,95%) registraram índices abaixo de 1,00%, como mostra a tabela a seguir. A região metropolitana de Belo Horizonte teve o maior resultado (1,37%), influenciado pela gasolina (6,77%) e a energia elétrica (11,14%), devido ao reajuste de 18,53% nas tarifas, em vigor desde 28 de maio.
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 16 de maio a 13 de junho de 2018 e comparados com os de 14 de abril a 15 de maio de 2018. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.