Desde que o identificamos como aliado incondicional dos piores arbítrios da Lava Jato, começamos a criticar o ministro Luis Roberto Barroso.
Dessa vez, porém, seu destempero perdeu qualquer limite.
Ao insinuar que seus colegas do STF que venceram a última votação sobre condução coercitiva, por 6 X 5, banindo de uma vez por todas essa excrescência lavajateira, este instrumento de pura violência e exceção, fizeram-no por serem “contra o aprofundamento das investigações”, Barroso desceu ao nível mais baixo de sua vida. Ou seja, acusou-os de protegerem bandidos.
O ministro tornou-se um desses personagens tristes e furiosos que infestam as caixas de comentários de blogs e portais, com a única diferença de que ele, Barroso, veste uma toga, ganha o maior salário do serviço público, afora as palestras milionárias que dá Brasil a fora.
Não consigo compreender porque esse infeliz foi nomeado ministro do Supremo!
Os juízes que derrubaram a condução coercitiva, em lealdade ao que está na Constituição, foram Rosa Weber, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello.
A Lava Jato não apenas serviu para derrubar um governo, destruir grandes e estratégicas empresas, devastar o mercado de trabalho e abrir o país à mais selvagem invasão neoliberal em muitas décadas. Serviu também para apertar o torniquete imperialista sobre o judiciário brasileiro.
Sugiro aos internautas, mais uma vez, a minha série “Quem ganhou com o golpe“, que lembra o papel do Wilson Center e seu Brazil Institute, e o projeto chamado Diálogos Judiciais, que levou ministros do STF para participarem de reuniões e seminários em Washington. Um dos mais assíduos sempre foi Luis Roberto Barroso.
***
Por Janio de Freitas, na Folha
O ambiente de hostilidades no Supremo Tribunal Federal agravou-se. Atinge agora até ministros que jamais contribuíram para injetá-lo onde o país decaído precisava encontrar o seu esteio de ética e sobriedade. A divergência eleva-se a um nível perigoso, já no plano institucional, ao comprometer na opinião pública o conceito de quase metade dos ministros.
A atitude agravante veio de quem foi autor da mais explosiva crítica, no próprio plenário do Supremo e diante das câmeras, aos desregramentos pessoais —então centrados no ministro Gilmar Mendes— que vinham perturbando a ação e a imagem do tribunal.
Seria impensável, ainda há pouco, haver qualquer agravamento a partir do ministro Luís Roberto Barroso. Tanto mais que, há tão poucos dias, ficou acertado que os ministros discutam seus votos e divergências antes de irem para o plenário, assim evitando exibições televisivas inconvenientes. Prejuízo para os cidadãos, que perderam as argumentações autênticas e didáticas.
Habituado, com razão, a críticas elogiosas, também elas com razão, Luís Roberto Barroso mostrou receber muito mal as primeiras críticas negativas. Foram por sua posição a favor de prisões após a confirmação condenatória em segunda instância, e não após esgotados em vão todos os recursos de defesa —o determinado na legislação.
Barroso era visto como minucioso valorizador dos sentidos das leis e do direito, na relação com um regime constitucional e democrático. A posição inesperada por certo lhe rendeu aplausos, mas as críticas negativas não foram em menor número.
Logo em seguida, e desde então, Barroso mostrou-se, como ministro, irritadiço e com insinuações sucessivas; como pessoa, esvaziado do humor e da simpatia, suplantados por certa arrogância.
Ainda assim, e por mais que a derrota o aborreça, não é cabível o seu comentário público sobre a recente derrubada da condução coercitiva à la Moro, por 6 a 5: “Acho que [a derrubada] foi mais uma manifestação simbólica daqueles que são contra o aprofundamento das investigações”.
Primeiro, nada faz verdadeiro o que Barroso diz. Não sendo verdadeiro, é injusto. Sendo injusto, não devia ser dito por um magistrado.
Votaram pela derrubada, que acompanhou a legislação já existente, Rosa Weber, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello.
Despejar sobre todos a acusação de serem “contra o aprofundamento das investigações” escamoteia muitos fatos passados e presentes. E os compromete com a opinião mobilizada contra a corrupção. E isso é inverdadeiro e injusto.
Apoio?
Na disputa eleitoral não pode haver maior rasteira do que o apoio de Michel Temer: “Henrique Meirelles é a continuidade”.
De 82% de rejeição.