Bolsonaro começa a desidratar, mostra pesquisa da XP/Ipespe

A pesquisa da XP Investimentos/Ipespe mostra que Jair Bolsonaro entrou num processo declinante bastante acelerado. Talvez seja essa a razão que levou o deputado a não participar mais de nenhum debate. Quanto mais aparece fora de ambientes controlados, e se expõe a entrevistas e debates fora de seu círculo de fanáticos, mais Bolsonaro perde votos.

Vamos reproduzir o texto e gráficos do Infomoney, mas intercalar comentários nossos no meio, entre colchetes e negrito.

No Infomoney

EXCLUSIVO: Bolsonaro perde força, mas mantém liderança, e “não voto” soma até 65% dos eleitores, mostra XP/Ipespe

Deputado oscila dentro da margem de erro, mas aponta tendência de baixa e volta a patamares do início da série de levantamentos feitos pelo Ipespe por encomenda da XP Investimentos

SÃO PAULO – A menos de quatro meses do primeiro turno, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) mantém a liderança na corrida presidencial, mas está mais distante de seu melhor desempenho já registrado. É o que mostra pesquisa telefônica realizada pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) entre 11 e 13 de junho, a quarta encomendada pela XP Investimentos em cinco semanas. O InfoMoney teve acesso aos dados com exclusividade.

De acordo com o levantamento, o parlamentar agora tem entre 19% e 22% das intenções de voto, dependendo da situação avaliada. Em todos os casos, o pré-candidato pelo PSL teve oscilação para baixo de 1 ponto percentual em comparação com a semana anterior, movimento dentro da margem de erro de até 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo. O desempenho não freou a tendência de queda observada desde a máxima atingida por Bolsonaro no terceiro levantamento da série, de até 26%, entre 21 e 23 de maio.

O desempenho mostra dificuldade do deputado em conquistar apoio de outras faixas de eleitores fora da extrema-direita. Leia análise completa clicando aqui.

Na pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados, o deputado voltou aos 13% registrados no primeiro levantamento, após chegar a marcar 18% em sua melhor semana, entre 21 e 23 de maio. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece tecnicamente empatado, com 12% das intenções de voto, em uma oscilação de 2 pontos percentuais para baixo em relação à semana anterior. Outros candidatos não passam de 2% nesta situação enquanto o grupo dos “não voto” (brancos, nulos e indecisos) soma 65%, 3 p.p. a mais que no último levantamento.

[O gráfico dos votos espontâneos mostra a desidratação acelerada de Bolsonaro desde maio: tinha 18% dos votos espontâneos e agora tem 13%. Lula permanece firme com seus 12%, o que não me parece, todavia, um número confortável.

Em agosto de 2006, última vez que disputou uma eleição presidencial, Lula tinha 37% na espontânea e 49% na estimulada. Tinha rejeição baixa: apenas 26% diziam que “não votariam de jeito nenhum” em Lula. Na classe média de 5 a 10 salários, Lula tinha rejeição de 34%. Entre quem ganhava mais de 10 salários, 41% diziam que não votariam “de jeito nenhum” em Lula. 

Hoje Lula tem rejeição de 50% na classe média até 10 salários e 61% entre quem ganha mais de 10 salários. Na média, Lula tem hoje, no Datafolha, rejeição de 36%.]

 

 

A pesquisa testou quatro situações de primeiro turno. No cenário sem uma candidatura apresentada pelo PT, Bolsonaro tem 22%. Na sequência, aparecem tecnicamente empatados a ex-senadora Marina Silva (Rede), com 13%, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), com 11%, e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), com 8%. O senador Álvaro Dias (Podemos) tem 6%. Manuela D’Ávila (PCdoB) e Henrique Meirelles (MDB) aparecem com 2%. Com 1%, estão Guilherme Boulos (PSOL) e Flávio Rocha (PRB). Brancos, nulos e indecisos somam 34%.

Na simulação com o PT lançando o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato, Bolsonaro lidera com 21%, seguido por um empate triplo entre Marina Silva (13%), Ciro Gomes (10%) e Geraldo Alckmin (8%). Álvaro Dias aparece com 6%, tecnicamente empatado com Henrique Meirelles, Manuela D’Ávila e Haddad, todos com 2% das intenções de voto. Flávio Rocha e Guilherme Boulos têm 1% cada. Brancos, nulos e indecisos somam 33%.

No cenário em que sua candidatura é incluída, o ex-presidente Lula lidera com 29% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 19%. Em outro pelotão, aparecem tecnicamente empatados Marina Silva (10%), Geraldo Alckmin (7%), Ciro Gomes (6%) e Álvaro Dias (6%). Henrique Meirelles tem 2%, enquanto Manuela D’Ávila e João Amoêdo (Novo) têm 1% cada. Os “não voto” somam 18%.

A pesquisa também testou pela segunda vez um cenário que simula o poder de transferência de votos de Lula a Fernando Haddad como candidato do PT. Para isso, o nome do ex-prefeito foi apresentado aos entrevistados acompanhado pelo aposto “apoiado por Lula”, o que lhe rendeu um salto nas intenções de voto e a segunda posição na disputa. Nesta situação, Bolsonaro lidera com 20%, seguido por um empate técnico entre cinco candidatos: Haddad (11%), Marina Silva (10%), Ciro Gomes (9%), Geraldo Alckmin (8%) e Álvaro Dias (6%). Henrique Meirelles tem 2%, ao passo que Flávio Rocha e Guilherme Boulos aparecem com 1% cada. Brancos, nulos e indecisos somam 31%.

[Haddad salta para 11% quando é apresentado como “candidato de Lula”. Marina e Ciro Gomes se mantém relativamente estáveis neste cenário. Ciro mantém-se firme com seus 9%, empatado tecnicamente com Haddad, mostrando que já conquistou um eleitorado próprio, independente.  Na íntegra do relatório, eles trazem o gráfico abaixo.]

* Henrique Meirelles tem 2%, mesmo patamar da semana anterior. Flávio Rocha e Guilherme Boulos seguiram com 1% cada. Manuela D’Ávila, por sua vez, tinha 2% e desta vez não pontuou.

A inclusão do termo “apoiado por Lula” à apresentação do nome de Haddad faz a transferência de votos do ex-presidente ao ex-prefeito saltar de 5% para 39%. Sem esse estímulo, os maiores herdeiros do capital político de Lula são Ciro Gomes e Marina Silva, conquistando algo entre 18% e 20% destas intenções de voto cada. Até mesmo no último cenário testado, com o apoio canalizado a Haddad, a dupla conquista 13% e 12%, respectivamente, dos eleitores de Lula.

Segundo turno

Foram testadas seis situações de segundo turno na pesquisa XP/Ipespe. Em eventual disputa entre Alckmin e Haddad, o tucano venceria por 20% a 19%, com 46% de brancos, nulos e indecisos. A diferença de 10 pontos percentuais é a mesma registrada na semana anterior, com oscilação de 1 ponto para baixo nas intenções de voto de cada candidato. Na terceira semana de maio, eles chegaram a estar tecnicamente empatados.

Se a disputa fosse entre Lula e Bolsonaro, o petista venceria por 42% a 34%, com 24% de brancos, nulos e indecisos. Uma semana atrás, a vantagem numérica era de 5 pontos, o que configurava empate técnico. No início da série histórica, o deputado aparecia 2 pontos na frente, mas também em situação de empate técnico.

[O XP Investimentos/Ipespe, aparentemente, fez um ajuste nos métodos usados para medir o 2º turno. Bolsonaro caiu de 38% para 34% em algumas semanas, e Lula sobe de 36% para 42%.] 

 

Caso Bolsonaro e Alckmin se enfrentassem, a situação é de empate técnico, com o deputado numericamente à frente por placar de 33% a 31%. Brancos, nulos e indecisos somam 35% das intenções de voto. A diferença de placar neste levantamento é 3 pontos menor do que a registrada na semana anterior.

Em eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário também é de empate técnico, com a ex-senadora liderando por 38% a 34%. Brancos, nulos e indecisos somam 28% das intenções de voto. Uma semana atrás a candidata da Rede aparecia 1 ponto à frente.

Empate técnico também é observado na simulação de disputa entre Alckmin e Ciro, com o tucano numericamente à frente por placar mínimo de 31% a 30%. Brancos, nulos e indecisos somam 39%. Uma semana atrás, o cenário também era de empate técnico, mas com placar favorável ao pedetista por 3 pontos de diferença.

Caso Bolsonaro e Ciro se enfrentassem, o cenário também seria de empate técnico (como na semana anterior), com o parlamentar à frente numericamente com placar de 34% das intenções de voto a 33%. Brancos, nulos e indecisos somam 34%. Nos dois primeiros levantamentos, o deputado vencia a disputa com diferença superior à soma da margem de erro dos candidatos.

[Ciro ganha 4 pontos em duas semanas, Bolsonaro perde 4, na disputa entre os dois no segundo turno. Há duas semanas, Bolsonaro tinha vantagem de 9 pontos. Hoje os dois estão empatados em 34% e 33%. ]

Para acessar a íntegra da pesquisa, clique aqui.

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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