Jeferson Miola
Nelson Jobim foi colocado no jogo eleitoral – isso caso o establishment decida manter a eleição de outubro próximo.
Atualmente banqueiro – ele é sócio e membro do Conselho de Administração do BTG Pontual –, Jobim é um “ex-tudo” com trânsito livre nas altas esferas políticas, jurídicas, financeiras e midiáticas: foi deputado Constituinte, deputado federal, Ministro da Justiça, juiz do STF, presidente do STF e Ministro da Defesa.
O ingresso do Jobim no radar da eleição resulta de uma decisão da justiça eleitoral que ainda carece de esclarecimento. O TRE/RS aceitou a filiação retroativa dele no MDB fora do prazo legal.
A justiça eleitoral enfrentará uma grande contradição se impedir ilegalmente a candidatura do candidato imbatível e se, por outro lado, permitir a inscrição de candidato que não cumpriu a regra básica para ser votado – a filiação partidária no prazo definido em Lei.
Em 9/6, a Coluna do Estadão [Nelson Jobim perdeu o prazo de filiação do TSE] divulgou que “O entusiasmo de um grupo do MDB em lançar o ex-ministro Nelson Jobim ao Planalto no lugar de Henrique Meirelles esbarra em um problema legal: Jobim não está filiado ao partido e o prazo para o registro foi até o dia 2 de abril. O presidente do MDB no Rio Grande do Sul, deputado Alceu Moreira, disse à Coluna que houve um ‘erro na remessa da ficha’ ao cartório de Santa Maria (RS), que impediu a formalização do ato. Na semana passada, Jobim recorreu ao TRE para garantir a filiação. Sem legenda, ele fica impossibilitado de disputar”.
Dias depois, na Coluna De volta [12/6], o Estadão informou que “O juiz Luciano Couto (TER-RS) considerou que houve falha do MDB e autorizou a filiação retroativa do ex-ministro Nelson Jobim à legenda. Com isso, o nome de Jobim volta para a disputa presidencial”.
À medida que o relógio eleitoral avança, aumenta a aflição do establishment com a inviabilidade eleitoral de todas as candidaturas que representam a continuidade do golpe.
Fracassaram todos os inventos com os chamados outsiders [Luciano Huck, João Dória, Joaquim Barbosa], da mesma maneira como estão condenados ao fracasso Meirelles, Rodrigo Maia, Alckmin, Marina, Bolsonaro e Álvaro Dias.
Nelson Jobim poderá ser, em vista deste cenário de impasse e inviabilidade eleitoral da oligarquia golpista, uma nova cartada para tentar viabilizar a continuidade do golpe e do projeto de dominação anti-nação, anti-povo e anti-democracia pela via eleitoral/institucional, dispensando a necessidade de endurecimento autoritário do regime.