Tivesse Lula a tibieza moral que lhe atribuem seus adversários e odiadores – desde os meganhas da Lava Jato e os donos da mídia até os cidadãos comuns que compram a narrativa vendida por aqueles – a vida estaria muito mais fácil para o golpismo.
Considerando que a condenação de Lula é pura e simplesmente política, não havendo qualquer prova de cometimento de crime pelo ex-presidente, recusar-se a se entregar e asilar-se em alguma embaixada ou outro país não seriam opções despropositadas taticamente, longe disso.
Entretanto, caso fosse essa a escolha, é evidente que se propagaria a ideia de que Lula é um condenado pela Justiça – este ente super justo – que “fugiu”.
Entregando-se, Lula demonstra uma fibra moral impressionante para quebrar a narrativa, ou ao menos metade dela, do “condenado e foragido”, com a qual os artífices do golpe certamente sonhavam para atingir ainda mais a sua imagem pública.
No lançamento da pré-candidatura de Lula à presidência, Fernando Haddad falou o seguinte: “Acenaram para o Lula com um acordo: ‘abre mão da sua candidatura que você sai da cadeia, que a gente liberta você'”. O ex-presidente teria respondido: “Me apresentem uma prova que eu abro mão da minha candidatura”.
Haddad ajudaria bastante o campo progressista se contasse quem fez uma proposta dessas, que é, na verdade, uma confissão de que Lula é um preso político.
De qualquer forma, sendo verdade, é mais uma evidência do estoicismo de Lula.
Ele aparentemente aceitou o seu destino e está disposto a trocar qualquer abrandamento na pena pela contínua exibição pública da monumental injustiça que sua prisão representa e da perversidade do status quo brasileiro.
Se aqueles que urdiram a prisão de Lula contavam com a sua tibieza moral, prenderam o cara errado.