Caso Lula não consiga o seu registro eleitoral, Marina Silva e Ciro Gomes disputam uma vaga no segundo turno, para enfrentar o líder nas pesquisas, Jair Bolsonaro, segundo o Datafolha divulgado hoje.
Marina pontua de 14% a 15%, Ciro tem 10% a 11% das intenções de voto. Haddad e Wagner, ainda pouco conhecidos do público, patinam em 1%.
A influência de Lula nas eleições é muito forte, mas sua rejeição atrapalha um pouco: 30% afirmam que votariam, com certeza, num candidato apoiado por ele, mas 51% dizem que não votariam.
Esses 30%, no entanto, formam o próprio eleitorado de Lula, que tem exatamente o mesmo percentual na pesquisa Datafolha.
Conforme vimos nas recentes eleições suplementares em Tocantins, há uma semana, o eleitor pode até falar que vota, ou não vota, no candidato apoiado por Lula, mas o processo psicológico de escolha do candidato não funciona assim: ele escolhe o candidato de acordo com o desempenho do próprio, e não apenas pela indicação.
Marina apoiou Aécio em 2014, e defendeu o impeachment. Ela terá que se explicar um bocado sobre essas decisões, que a aproximam de Michel Temer e do PSDB.
Bolsonaro também será prejudicado pela rejeição de Temer, porque ele foi um dos maiores entusiastas do impeachment, e ajudou a aprovar as principais reformas propostas pelo presidente ilegítimo.
Ciro Gomes, por sua vez, é o principal beneficiado pela animosidade popular contra Temer, em função de seu posicionamento muito firme, desde antes do golpe, contra o PMDB.
Temer tem apenas 3% de ótimo/bom…
O eleitor já está, de maneira independente, escolhendo qual o candidato que Lula deveria apoiar. Um terço dos eleitores (32%) afirma que, se Lula não puder concorrer, ele deveria apoiar Ciro Gomes. Este é um número importante para Ciro, porque lhe dá vantagem sobre Haddad e Wagner como herdeiro natural do eleitorado lulista.
O Datafolha ainda não liberou os dados regionais da pesquisa divulgada hoje, mas considerando os números de abril, que traziam Ciro com 15% no nordeste, o candidato do PDT sai em vantagem no principal reduto eleitoral de Lula.
É preciso esperar, pacientemente, que o Datafolha divulgue os relatórios estratificados, para checarmos quanto cada candidato pontuou por região, faixa de renda, escolaridade, idade, gênero, etc. Será interessante examinar que candidatos estão mais fortes no Nordeste, e quais tem menos rejeição no Sudeste. O instituto demora um ou dois dias para publicar a íntegra em seu site.
Outro fator relevante a se considerar é que Marina Silva terá um tempo insignificante de TV, ao passo que Ciro Gomes pode ter 1 minuto, caso siga sozinho, ou 2 minutos, caso feche aliança com o PSB.
Nos cenários para o segundo turno, tanto Marina como Ciro ganham de Bolsonaro.