(Foto: Divulgação/Governo da Bahia).
Com todo respeito ao grande Frei Betto, figura generosa, admirável, mas há uma diferença abissal entre alguém que não entende patavinas de política, e cai em qualquer armadilha bobinha da imprensa, e um gigante como Jaques Wagner, que eu considero o verdadeiro cérebro do PT, embora mal aproveitado pela atual burocracia partidária.
Enquanto Frei Betto sai da visita a Lula gerando manchetes desagregadoras, infelizmente logo repetida por setores ingênuos da militância petista, Jaques Wagner fez o contrário: saiu da visita a Lula com uma narrativa inteligente, em que elogia Ciro Gomes, com quem o PT pode, sim, vir a fazer aliança, no primeiro ou no segundo turno, e ao mesmo tempo se mantém firme à decisão de Lula e da direção petista de seguir com sua candidatura até o último momento.
Aliás, é uma coisa interessante. Toda vez que alguém visita Lula, a repercussão na imprensa envolve sempre o nome de… Ciro Gomes.
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Na Folha
Após visitar Lula, Jaques Wagner tece elogios a Ciro
Apesar de aceno ao ex-ministro, Wagner diz que Lula está determinado a ser candidato
7.jun.2018 às 18h18
Ana Luiza Albuquerque
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner voltou a acenar ao presidenciável Ciro Gomes (PDT) na tarde desta quinta-feira (7). Segundo ele, o pedetista é um “animal político”.
“Ciro foi ministro do presidente Lula, do Fernando Henrique, governador do Ceará. É um dos quadros mais preparados do Brasil para qualquer missão. Ele é um animal político desde a juventude”, disse em frente à Superintendência da Política Federal em Curitiba (PR), após visitar o ex-presidente Lula em sua cela.
Em maio, o ex-governador chegou a admitir a hipótese de o PT ocupar a vice de Ciro, caso Lula seja impedido de concorrer à Presidência. Dias depois, foi cortado pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que disse que o pedetista não é tema dentro do partido nem das conversas com Lula.
Na tarde desta quinta, ainda que tecendo elogios a Ciro, Wagner reforçou que o ex-presidente está determinado a ser candidato.
“Ele considera o Ciro um candidato importante no campo progressista, conhece o perfil, e sabe que assim como está determinado a ir até o final, o Ciro também. Quem sabe a gente possa se encontrar no segundo turno”, disse.
O ex-governador afirmou que Lula não abre mão da candidatura –não pela paixão pelo poder, mas pela paixão de fazer o bem ao povo brasileiro.
Segundo Wagner, é “absolutamente normal” conversar com outras forças políticas. “Ele [Lula] governou conciliando interesses diferentes. Não vejo nenhum problema em conversar. Agora, vamos cada um correr no primeiro turno com sua candidatura.”
Questionado sobre o adiamento da convenção estadual do PT em Pernambuco, Wagner negou que a candidatura de Marília Arraes tenha sido derrubada.
“Achamos que ainda é precipitado retirar a candidatura dela. Evidente que quando a gente tem uma candidatura nacional como a dele, coloca a prioridade na nacional, mas não creio que seja a hora”, disse.
Conforme noticiou a Folha, o PT adiou a convenção para tentar minar o apoio à candidatura de Marília, em aceno ao governador pernambucano Paulo Câmara. Câmara tenta a reeleição pelo PSB, partido com o qual o PT tenta costurar uma aliança.
Wagner disse, ainda, que a conversa com Lula foi “boa e firme”. “Quis ouvir nossa análise sobre a conjuntura política. Anotou coisas, ficou registrando, discutiu”, afirmou. Também visitou o ex-presidente o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).