Por Pedro Breier
É muito louco.
A mídia conservadora continua elogiando a gestão de Pedro Parente na Petrobras e chorando as pitangas pela sua saída.
O editorial do Estadão de hoje ostenta o título “Competência como problema” e contém algumas pérolas que, de tão inacreditáveis, me vejo obrigado a dividir com as leitoras e leitores do Cafezinho:
O Brasil, ao que parece, não está pronto para uma gestão profissional e apolítica de suas empresas estatais.
(…)
Os extraordinários resultados obtidos pela Petrobrás na gestão de Pedro Parente serviram para comprovar não apenas o quão importante é ter bons profissionais à frente da administração de estatais, mas principalmente o quão crucial é impedir que essas empresas sejam exploradas com propósitos populistas, eleitoreiros e corporativistas.
Será que os “extraordinários resultados” referem-se ao aumento descontrolado do preço dos combustíveis e do gás de cozinha, à justa greve dos caminhoneiros ou à crise generalizada de abastecimento decorrente?
Ou talvez ainda à notícia divulgada na coluna da Mônica Bergamo, hoje, de que o aumento estratosférico do preço do gás de cozinha fez explodir o número de acidentes com álcool de cozinha em Pernambuco? Na matéria, um médico de Recife conta que, “na sexta (1º), uma senhora chegou aos gritos no hospital, ‘queimada da cintura para cima, com a pele saindo do rosto. O marido, agarrado com ela para apagar o incêndio, também se queimou’. Os dois estão internados para tratamento”. Extraordinário, não?
Talvez o Estadão esteja falando do R$ 1 bilhão que seriam destinados para obras em rodovias mas serão perdidos porque o governo respondeu à crise eliminando a tributação da Cide no diesel e, consequentemente, afetando pesadamente os já combalidos orçamentos dos estados. Estradas ruins significam maiores possibilidades de acidentes, de lesões e de mortes. Extraordinário!
Se os “extraordinários resultados” não são para os caminhoneiros, para as donas de casa, para os estados, para a população em geral, enfim, que raios de “extraordinários resultados” são esses? Extraordinários para quem?
Eis o busílis do projeto econômico da direita, o qual jamais é revelado nos discursos e análises do campo conservador, por razões óbvias: quem ganha com a aplicação dos dogmas liberais são o mercado, os acionistas e os especuladores.
O povo pode comer o pão que o diabo amassou, não há problema algum; o que importa é a felicidade do deus mercado.
Se a divindade suprema do capitalismo está contente, a gestão é profissional e os resultados são extraordinários.