No Estadão
Seis meses após reforma trabalhista, arrecadação de sindicatos desaba 88%
No mês de abril, total arrecadado pelas associações de trabalhadores foi de R$ 102,5 milhões, queda de 90% sobre mesmo período de 2017
Douglas Gavras, O Estado de S. Paulo
04 Junho 2018 | 05h00
O “ ajuste fiscal” chegou também para os sindicatos. Depois da entrada em vigor da reforma trabalhista, em novembro, que acabou com o imposto sindical, as entidades viram sua arrecadação despencar 88% nos quatro primeiros meses do ano, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Enxutos, os sindicatos querem contornar o baque se mostrando mais atuantes junto aos trabalhadores e tentam compensar parte da queda de receita com a conquista de novos associados.
Com nova lei trabalhista em vigor, entidades de classe tentam contornar queda da receita buscando mais associados Foto: Daniel Teixeira/Estadão
As mudanças nas leis trabalhistas drenaram recursos dos sindicatos. Apenas em abril, o volume total arrecadado pelas associações que representam trabalhadores foi de R$ 102,5 milhões – uma queda de 90% em relação ao mesmo mês de 2017.
Isso porque, com a nova legislação, em vigor há mais de seis meses, a cessão obrigatória do equivalente a um dia de trabalho, que era destinada a sindicatos, centrais e federações que representam as categorias, foi extinta. A contribuição ainda existe, mas agora é voluntária, e a empresa só pode fazer o desconto com uma autorização, por escrito, do funcionário.
“A extinção da contribuição fragilizou as entidades”, diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico nacional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “Os sindicatos agora questionam na Justiça e buscam uma alternativa de financiamento coerente com o princípio da autonomia dos empregados.”
O desemprego elevado também colabora para a escassez de recursos. Sem uma vaga formal, o trabalhador não se filia e nem contribui às entidades.
Com menos dinheiro, os sindicatos se viram obrigados a cortar despesas para sobreviver: demitiram funcionários, fecharam subsedes, venderam carros, alugaram imóveis e reformularam os serviços prestados aos associados. A tendência, segundo dirigentes, é que as entidades se acostumem a operar com menos recursos em caixa.
De volta às origens. Um dos efeitos percebidos após a reforma trabalhista é a volta dos sindicatos para ações de rua, seja com mais mobilizações nas portas de fábricas ou no maior esforço direcionado a aumentar a quantidade de sindicalizados. A maior parte das entidades diz ter reforçado as equipes de campo, mesmo com um quadro mais enxuto. Funcionários que antes só exerciam atividades internas foram deslocados.
No Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sindeepres), como a frota de veículos próprios teve de ser reduzida pela metade, de 33 para 15, desde o ano passado, parte dos funcionários agora vai de ônibus promover ações nas empresas.
Um dado positivo é que as entidades percebem um aumento no número de associados desde o início da reforma. No Sintracon-SP, que reúne os trabalhadores da construção civil, a quantidade de filiados passou de 19 mil, em dezembro de 2017, para 69 mil em abril deste ano, de acordo com o presidente, Antonio de Sousa Ramalho.
“O nosso trabalho de campo aumentou, deslocamos parte da equipe que antes tinha funções internas para ir até o canteiro de obras, para ouvir as demandas da categoria. Mas o que a gente também percebe é que muitos trabalhadores passaram a procurar espontaneamente o sindicato para se filiar.”
Ele diz que a reforma está mudando a imagem que o trabalhador faz do sindicato. Com a economia fraca e o desemprego perto de 13%, aumentou a insegurança, sobretudo em relação às novas formas de contratação, como o trabalho intermitente.
Sergio Sete
04/06/2018 - 15h28
Notícia maravilhosa!
O Brasil é uma aberração no que diz respeito a sindicatos.
Sindicato aqui não tem nada a ver com “trabalhador” – basta ver a relação entre “ônus” e “bônus”.
É altamente ditatorial recolher um dia de trabalho compulsoriamente de quem trabalha – afinal, sindicalistas recolhem? Pois é….
Sindicato tem de ser fiscalizado, paga quem quer e não deveria receber um cruzeiro sequer de dinheiro público.
O que faltou nessa matéria é a informação mais importante para se entender o sindicalismo no país e seu progresso trabalhista: a corrupção nos sindicatos.
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O Ministério do Trabalho terá de fazer mais que suspender por 30 dias a liberação de novas “cartas sindicais”, como anunciou sexta.
A operação da Polícia Federal na Câmara mostra que o rentável negócio de criação de sindicatos atraiu o submundo da corrupção.
“Turbinado” nos governos do PT, o fenômeno faz o Brasil reunir 91% dos sindicatos do planeta: são 16,7 mil sindicatos de trabalhadores e empregadores. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Depois do Brasil, os poderosos Estados Unidos têm o maior número de sindicatos: 191. Tecnicamente empatados com a África do Sul: 190.
Sindicato no Brasil participa do rateio de R$3,5 bilhões em imposto sindical, verbas públicas etc sem prestar contas a órgãos de controle.
Foram criados na era PT mais de 15 mil sindicatos, outros desfeitos. Total atual: 16.634 atualmente não deixam em paz as tetas da Nação.
O valor de uma “carta sindical”, espécie de certidão de nascimento de entidade, custa no “mercado” entre R$200 mil a R$4 milhões.
vitor
04/06/2018 - 14h00
A pelegada chora…