Por Pedro Breier
Não há quem possa negar que o governo Temer é muito bom em ao menos uma coisa: demonstrar a própria incompetência.
O pedido de demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras – o homem ostenta o título de bicampeão na categoria desastres nacionais, com o apagão elétrico no governo FHC e agora a crise de abastecimento – vem para coroar o estrondoso fracasso do governo golpista.
Uma coroa fúnebre, é claro.
A direita brasileira deu um golpe com o discurso de que o PT é incompetente e “quebrou o Brasil”.
Que tal, em matéria de incompetência, aplicar cegamente os dogmas econômicos neoliberais, deixando o preço dos combustíveis à mercê dos humores do mercado, e, dessa forma, ser responsável por uma crise de abastecimento sem precedentes na história?
Ruas vazias, imensas filas em postos de combustíveis inclusive nas madrugadas, falta de alimentos. O cenário meio pós-apocalíptico cai como uma luva para um país governado à base de doses cavalares de entreguismo, ataques aos trabalhadores e incompetência.
A suposta má-gestão da Petrobras foi a grande desculpa usada para derrubar Dilma Rousseff. Politicamente, a investida da Lava Jato contra a Petrobras e as empresas que fazem parte da cadeia produtiva do petróleo foi muito mais decisiva para a consumação do golpe do que as próprias pedaladas, a risível, não fosse trágica, justificativa oficial.
As políticas do PT para a Petrobras estavam certas, vejam vocês. A realidade se encarregou de evidenciar que a política de conteúdo nacional e a forte presença do Estado no gerenciamento e na exploração dos campos de petróleo, assim como na definição do preço dos combustíveis, são essenciais para que a empresa cumpra seu papel primordial de servir à população do Brasil.
O governo colocado no poder pela Lava Jato e pela mídia demonstrou espetacularmente o potencial destrutivo do liberalismo econômico para o país. O descontrole nos preços, a desnacionalização da produção de derivados de petróleo e a privatização aos pedaços da Petrobras geraram simplesmente o caos.
A História é, ainda bem, didática.