As importações de diesel no Brasil: quais são os países que se beneficiaram?

Publicado no Ineep

A crise relacionada à greve dos caminhoneiros evidenciou uma questão para a opinião pública, que até então estava limitada aos debates dos especialistas do ramo de petróleo: o papel das importações de combustíveis sobre o preço praticado no mercado interno. A política da Petrobras que atrela seus preços ao barril internacional do petróleo aliada ao crescimento das importações – que evidentemente atrelam seus preços às variações internacionais – tiveram impactos explosivo no Brasil.

No entanto, no recente caso do aumento do diesel, poucos se debruçaram sobre quais foram os países que se aproveitaram dessas mudanças para ingressar no mercado interno brasileiro. Antes de tudo, cabe ressaltar o tamanho da participação adquirida pelas importações no fornecimento de derivados no Brasil.

No primeiro trimestre de 2013, as importações de diesel no país totalizaram 15,8 milhões de barris (177,8 mil barris/dia) enquanto que as vendas de derivados no mercado interno foram de 84,5 milhões de barris. No primeiro trimestre de 2018, por sua vez, as importações já alcançaram 23,1 milhões de barris (259,5 mil barris/dia), aumento de 46% em relação ao mesmo período de 2013, ao passo que as vendas caíram 2,6% ficando em 82,3 milhões de barris.

Com efeito, isso significa que a participação das importações de diesel no mercado interno cresceu mais de dez pontos percentuais, saltando de 18% para 28% nesse período. Mas quais foram os países que mais se beneficiaram desse processo? O maior exportador de diesel para o Brasil é os Estados Unidos. Até o primeiro quadrimestre deste ano, o país norte-americano havia vendido ao Brasil 23,8 milhões de barris de diesel o que representa um total de 78,6% das nossas importações de diesel (entre janeiro e abril, elas foram de 30,4 milhões de barris).

O segundo país neste ranking é a Suiça tendo exportado 1,3 milhões de barris, ou seja, 4,1% do total. Na sequência, vem a Holanda (3,4%), Cingapura (3,2%), Itália (2,9%) e Portugal (2,3%). Um caso interessante é o italiano: no primeiro quadrimestre 2017, o país da “bota” não exportava um barril de diesel sequer para o Brasil e, no primeiro quadrimestre deste ano, já vendeu para o nosso país 891,3 mil barris de diesel.

Com isso, o diesel já se tornou o produto mais exportado para o Brasil na pauta comercial da Itália. Outro país europeu, Portugal, também se beneficiou fortemente dessa abertura do mercado brasileiro de diesel. Suas exportações para o Brasil se expandiram em 282% comparando os quatro primeiros meses dos dois últimos anos, saindo de 185,2 para 707,6 mil barris de diesel.

Agora, o diesel se transformou no segundo maior produto vendido para o Brasil, atrás apenas do azeite de oliva. Todavia, o país que mais beneficiou desse movimento foi os Estados Unidos. Embora o crescimento das exportações no último não tenha sido tão grande se comparado aos outros países, os Estados Unidos têm ampliado sua participação no mercado de diesel do Brasil.

De acordo com estimativas do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), a participação do país norte-americano nas importações de diesel está, atualmente, entre 20% e 24%. Ou seja, percentual já superior ao que os importados tinham no primeiro trimestre de 2013 (18%). Ao permanecer a abertura do mercado de importados, esse percentual tende a se elevar, pelo menos, no curto prazo.

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