O pré-candidato a presidência da República, Ciro Gomes, participou nesta segunda-feira do programa Roda Viva, na TV Cultura. Você pode assistir ao vídeo no player abaixo, do Facegbook. Se preferir assistir pelo Youtube, clique aqui.
Logo no início do programa, o candidato bateu pesado no governo Temer, marcando bem a sua posição no campo ideológico. Chamou o presidente Temer de “golpista”, “escroque”, acusou-o de “usurpar o poder”, e de dar “um golpe de Estado”.
Perguntado sobre a greve dos caminhoneiros, culpou a política de preços da Petrobras.
Ciro Gomes fez questão de declarar que apoio à greve dos petroleiros, que deve se iniciar no dia 30, por entender que se trata de um protesto contra a política criminosa de preços do governo Temer.
Sobre a Venezuela, Ciro não caiu na armadilha oferecida insistentemente por um dos entrevistadores, de deslegitimar o processo eleitoral no país: ao contrário, centrou fogo na “oposição fascista, entreguista, neonazista” ao regime bolivariano.
Nas perguntas sobre descriminalização das drogas e do aborto, o candidato não deixou dúvidas de que suas posições são progressistas. Mas conseguiu fugir da armadilha anti-voto ao dizer que não é “guru de costumes”, que chamará um debate público para discutir os temas, que aborto e drogas são “questões de saúde pública” (e não “morais”), e que poderá até mesmo apelar ao Papa Francisco. Ou seja, prometeu tomar iniciativa de tentar quebrar tabus conservadores, em busca de uma legislação mais moderna e liberal nestas áreas, mas que isso terá de ser construído socialmente.
Na pergunta sobre o PT, Ciro Gomes disse que deseja aliança no primeiro turno, mas não acredita que seja possível, dado o caráter “hegemonista” do partido. Sua prioridade é fazer aliança com PSB e PCdoB, para deixar claro que o núcleo duro de seu governo será de esquerda e progressista.
Ciro disse que o maior entrave à uma aliança com o PT no primeiro turno é a “burocracia” do partido.
Sobre Lula, voltou a falar que o partido do presidente aprovou a Lei da Ficha Limpa, a mesma que agora ameaça seriamente a candidatura de Lula à presidência da República, lembrando que ele mesmo, Ciro Gomes, sempre foi contra essa Lei, por considerá-la inconstitucional.
Nesse ponto, Ciro poderia ter aproveitado a oportunidade para criticar a prisão sem provas do ex-presidente. Mas também não foi perguntado sobre essa questão. Em entrevistas anteriores, quando confrontado sobre o tema, Ciro deixou bem claro que considera a prisão de Lula “injusta” e a sentença de Moro, “frágil”.
Fez críticas à Dilma, também, por ter “mentido” sobre a situação econômica do país, que já estava se deteriorando em 2014, em função da queda dos preços das commodities, e por ter tentado dar solução à crise nomeando Joaquim Levy, “funcionário de terceiro escalão do Bradesco”, para o ministério da Fazenda. Em diversas oportunidades, porém, Ciro sempre defendeu a presidenta como uma pessoa “honrada”.
Um ponto realmente desnecessário em sua fala foi a referência ao suposto acordo entre PCC e governo de São Paulo. Ciro admitiu que não tem provas sobre tal coisa, e mesmo assim lançou insinuações. Isso foi irresponsável. Mas a crítica à maquiagem dos números de homicídios no Estado foi importante. E as denúncias de tal acordo entre crime organizado e autoridades paulistas precisam ser mesmo investigadas, embora sem sensacionalismo e sem acusações políticas levianas.
Ciro encerrou o programa citando a frase de Che Guevara como a sua preferida: hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.
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