Publicado no Tutameia
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O Brasil é um país ocupado, cujo governo faz tudo que o estrangeiro quer. É um governo estrangeiro no Brasil. O capital externo está forte em todos os setores, exceto no dos bancos. Agora, o último ataque –que já está em curso– é contra os bancos, que são, na maioria, brasileiros. A análise é do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto em entrevista ao TUTAMÉIA. Na visão dele, Henrique Meirelles é o candidato de Wall Street nas eleições. Já Pedro Parente, presidente da Petrobras, é o representante dos interesses do Estado norte-americano no Brasil –daí seu empenho em destruir a Petrobras.
Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República no governo Lula e Alto-Representante Geral do Mercosul (2011-2012), Pinheiro Guimarães é autor de livros essenciais para a compreensão do Brasil no contexto mundial, como “Quinhentos Anos de Periferia” (UFRGS/Contraponto, 1999) e “Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes” (Contraponto, 2006) –com este último, ganhou o Troféu Juca Pato da União Brasileira de Escritores.
ESPIONAGEM E DESTRUIÇÃO DE CONCORRENTES
Para o embaixador, o golpe em curso no Brasil efetuou um “ataque às grandes empresas brasileiras e nenhum ataque a empresa estrangeira. Pegaram as grandes construtoras, porque na área industrial é tudo estrangeiro” –com exceção de empresas menores nos setores têxtil, de calçados. Diz Pinheiro Guimarães:
“Pegaram alguns setores que tinham uma certa prevalência de capital nacional, que eram empresas de engenharia. Foram em cima delas. Os processos contra as empresas são todos irregulares, as delações, advogados [de defesa] que não têm acesso, juiz que divulga seletivamente. A delação premiada é uma forma de tortura. Instrumentado de fora, o “lawfare”. Montaram [esse roteiro] não só contra o Brasil. Prenderam o presidente da Samsung na Coreia, na França”.
De acordo com o embaixador, “é uma estratégia americana de luta contra a corrupção dos outros, não a deles” que visa “destruir os concorrentes usando esses acordos de cooperação judiciária”. Assim usam todo o sistema de espionagem. “Espionaram a Petrobras, espionam tudo, inclusive essa gravação agora”. O objetivo é “ a destruição das empresas, dos instrumentos de capitalismo nacional”.
Ele afirma que esse processo de “destruição do que sobrou do capital nacional” atingiu não só as empreiteiras –que estão prejudicadas em uma futura reforma da infraestrutura brasileira, abrindo espaço para as estrangeiras–, mas outros setores. “Esse negócio da JBS é uma parte também disso, destruir a JBS que concorre no mundo”.
FEBRABAN NÃO É FIESP
As mudanças vão sendo feitas com o discurso de que a empresa privada é capaz de resolver todos os problemas da sociedade e o que atrapalha é o Estado, aponta o embaixador. Por isso, a alardeada necessidade de privatização. Mais do que isso, os defensores dessas ideias acham que “a empresa privada estrangeira é melhor do que a brasileira”.
“Daí a ideia de que se pode permitir o capital estrangeiro na educação, na saúde. Vai entrar no setor de advocacia, onde já entrou disfarçadamente. Entrou em tudo, exceto os bancos. O último ataque é contra os bancos, que são na maioria brasileiros. O ataque já está em curso. Estão dizendo que o problema da economia brasileira são os juros altos. Por quê? Porque não há competição. Como aumenta a competição? Com os bancos estrangeiros, não vai ser com banco brasileiro. Não tem nenhum grupo capaz de criar um banco brasileiro”.
Para o embaixador, “os bancos já perceberam isso. A Febraban já deve ter percebido que agora é com eles. Tem havido artigos frequentes contra os bancos, juros altos, spreads altos. [Dizem]: o BC reduz os juros mas os juros não caem pra o consumidor porque falta competição. E a competição vai vir de fora, só pode ser. Mas aí terão embate muito difícil. Ali não é a Fiesp; é a Febraban. É o último grande setor que não está [predominantemente em mãos estrangeiras]”.
FORÇAS DE OCUPAÇÃO
Pinheiro Guimarães trata do contexto da política mundial que explica o golpe no Brasil. E discorre sobre a destruição promovida pelo governo golpista em vários aspectos –na desorganização no mercado de trabalho, na privatização desenfreada, na redução dos bancos públicos, no enxugamento do Estado. E resume:
“Vamos supor que o Brasil tivesse sido invadido por uma potência estrangeira. O que as forças de ocupação fariam? Iriam reduzir o Estado, destruir as empresas daquele país que está ocupado. Com fizeram na Alemanha, no Japão. Iriam dar todo o favorecimento aos vencedores. É o caso que estamos vivendo. Estamos vivendo um governo estrangeiro no Brasil. O que é um governo estrangeiro no Brasil? É o que favorece o estrangeiro”.
CANDIDATO DE WALL STREET E REPRESENTANTE DOS EUA
Pinheiro Guimarães afirma que o governo Temer “é um fracasso extraordinário” e comenta os cenários para a eleição. Defende a candidatura Lula e avalia alguns dos candidatos. Para ele, Wall Street tem candidato: “Chega de intermediários, Meirelles para presidente”. Segundo ele, Henrique Meirelles “representa os interesses do mercado internacional”.
Já o “representante dos interesses do Estado norte-americano é [Pedro] Parente”. E declara; “No Brasil, o que interessa muito aos EUA é destruir a Petrobras. Vai vendendo, parcelando. Para os EUA, é essencial o abastecimento de energia”. Ele lembra que os Estados Unidos se abastecem um pouco na Venezuela e no Oriente Médio, que é uma zona de conflito. Daí a vantagem de se Brasil, que está próximo, não está numa zona de conflito e que está dando todo acesso às companhias estrangeiras”.
Na análise do embaixador, “O que os EUA querem é que o Brasil fique na sua posição de país subdesenvolvido, exportador de produto primário, soja, minérios, nióbio, algum processamento, como suínos e frangos, mas não produto manufaturado”.
Pinheiro Guimarães debate na entrevista democracia, desenvolvimento, justiça social e soberania –pontos essenciais para o país. Para avançar rumo a esses objetivos, o primeiro passo é a luta pela libertação do presidente Lula.
Melchior S.
29/05/2018 - 22h57
Pelo amor de Deus! O que é isso?!? Quem são os monstros que investem contra os pobres bancos brasileiros usando o pretextos de que eles “cobram os juros mais altos do mundo”! Quem seria capaz de ser tão cruel com nossos banquinhos??? Aliás, os nossos banquinhos estão em toda a América Latina. Os nossos banquinhos, são hoje (depois da crise da semana) maiores que a Petrobras. Os nossos bancos são bancos estrangeiros, se forem julgados pelo modo implacável com que escalpelam a população brasileira. Será que esses nossos bancos, que consideram o país terra estrangeira, invadirão o Brasil para tomarem o capital deles mesmos?? Essa análise do ilustre embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto foi das coisas mais lindas que li nos últimos anos.
Ana Lúcia Krause
29/05/2018 - 17h59
Meirelles é o candidato de quem quer uma pessoa inteligente o suficiente para cuidar do Brasil e dos brasileiros.
milton castro
29/05/2018 - 17h26
FORMULA DA CORRUPÇAO NO BRASIL:
CORRUPÇAO/BRAZILLL=CONGRESSO+JUDICIARIO+MIDIA
SIMPLES ASSIM…….
Mauro
29/05/2018 - 15h43
È que eu acho que o Lula não poerá ser candidato, então estams perdendo tempo…
Cris
29/05/2018 - 11h53
O desgoverno de golpista são INESCRUPULOSOS.
As instituições do estado brasileiro estão infestadas de golpistas aliados aos interesses internacionais. Fora PSDB/MDB & Cia.
Edelson Nicoluzzi
29/05/2018 - 11h26
O golpe eh 100% CIA . $ergio moro e camarilha da far$a jato sao de Cu/ritiba , um antro de corrupcao, estado de fazendeiros/grileiros bolsonarianos. Onde o apartheid social eh a ideología dominante. Terra onde o estado eh privatizado para atender os interesses de uma elite corrupta e tacanha. Esperar q do Paraná venha algo de bom… Eh o mesmo q esperar honestidade das quadeilhas: mdb psdb pp dem pps psd ptb pen prb psl Novo pv …
Érigobsb
31/05/2018 - 22h36
Na sua opinião,Roberto Requião seria exceção