Publicado pela CUT
Sem legitimidade nem capital político, o golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) cedeu a praticamente todos os itens da pauta dos caminhoneiros na noite deste domingo (27). O governo cumpriu até a exigência da categoria de publicar todas as medidas no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (28) antes do fim da mobilização. Mesmo assim, os caminhoneiros não deixaram as estradas e continuam de braços cruzados: os bloqueios aumentaram de 14 para 22 estados, além do Distrito Federal, de ontem para hoje.
Em pronunciamento em cadeia de rádio e televisão na noite deste domingo, Temer anunciou as medidas negociadas com representantes da categoria:
1) a redução do litro do preço do diesel em R$ 0,46 nas refinarias e o compromisso de fazer este valor chegar às bombas;
2) o congelamento do preço do óleo diesel por 60 dias – depois, o diesel só será reajustado a cada 30 dias;
3) a publicação no DOU de três medidas provisórias em edição extra – a) reserva de 30% do frete da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para cooperativas de transportes autônomos, sindicatos e associações de autônomos; b) dispensa de pagamento de pedágio do eixo suspenso de caminhões em todas as estradas – o benefício só valia nas rodovias federais desde 2015; c) editou um texto que cria a política de preços mínimos para o transporte de cargas.
Não há consenso na categoria. Fonte da reportagem do Portal CUT diz que a classe dos caminhoneiros ainda não aceita o acordo porque diz que R$ 0,46 não resolve nada e que “no geral a categoria não aceita só 60 dias de redução porque tem ainda a questão da tabela de preço [do frete] e da taxa [cambial] que depois terá reajuste mensal”.
Desde sexta-feira (25) a Polícia Rodoviária Federal (PRF) parou de atualizar os bloqueios que estão sendo feitos nas estradas brasileiras, porém, segundo agências de notícias, pelo menos 22 estados e o Distrito Federal estão interditados. O último boletim da PRF foi divulgado no sábado (26), quando o País contabilizava 554 pontos de bloqueio.
No oitavo dia consecutivo de greve dos caminhoneiros, as grandes cidades brasileiras estão praticamente desabastecidas tanto de combustível quanto de hortifrutigranjeiros. Falta querosene de avião em pelo menos oito aeroportos, as frotas de transporte público seguem circulando com operações limitadas e algumas escolas públicas e universidades federais suspenderam as atividades.
Foi o caso da Universidade de São Paulo (USP) que enviou comunicado suspendendo até quarta-feira (30) as aulas dos cursos de graduação. Em Recife (PE), oito instituições de ensino superior decidiram manter a interrupção das aulas, com adesão das escolas particulares. Também foram suspensas as aulas da rede municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro por causa do racionamento do combustível.
Ainda na capital fluminense, a Secretaria Estadual de Saúde mandou interromper a partir de hoje (28) cirurgias não emergenciais em sua rede de hospitais devido à baixa nos estoques de banco de sangue. Já em nível estadual, escolas, hospitais e serviços públicos em geral estão funcionando normalmente.
Em Minas Gerais, o executivo estadual prorrogou ponto facultativo para esta segunda-feira e estão mantidos somente serviços considerados emergenciais como os médico-hospitalares e segurança pública.
Em frente à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, localizada na Baixada Fluminense, os caminhoneiros continuam protestando. A refinaria está sendo usada desde domingo (27) como base para o abastecimento de postos de gasolina da região metropolitana do Rio de Janeiro. Policiais rodoviários federais e militares do Exército mantêm a segurança do entorno da refinaria.
Na sexta-feira (25), em nota oficial, o Ceasa do Rio de Janeiro comunicou que entraram, em média, 38 caminhões carregados, atingindo diretamente os preços dos produtos, que tiveram um aumento considerável nos últimos dias.
Segundo a central de abastecimento, em uma sexta-feira normal costumam chegar cerca de 600 caminhões. Isso ocorre devido à grande procura e pouca oferta, disse.
“Se a entrada da oferta do produto diminui, os preços têm a tendência a aumentar. Muitos produtos como batata inglesa, batata doce, mandioca, beterraba, cenoura, morango, entre outros, já não estão mais disponíveis para comercialização”.