Por Helena Chagas
É grande, enorme, a preocupação em Brasília. Até agora, não parece ter surtido grandes efeitos o acordo acertado ontem à noite entre Planalto e caminhoneiros. Em mais de vinte estados, ainda há bloqueios de rodovias. As reservas de combustível no Aeroporto de Brasília devem acabar ainda na manhã desta sexta – e depois disso ninguém sai e ninguém chega.
Algumas pessoas que estiveram com Michel Temer acham que ele ainda não assimilou toda a gravidade da situação. O governo está dividido entre aqueles que ainda esperam pela trégua dos caminhoneiros e os que defendem uma atitude de força, com a convocação das Forças Armadas para assegurar o livre trânsito nas estradas e o acionamento da Polícia Federal e da Justiça contra o locaute dos empresários do transporte de cargas, que, claramente, estão participando do comando do movimento.
A situação está para lá de delicada. A mídia diz que o governo está acuado, encurralado, fragilizado, refém. Entre quatro paredes, muita gente teme o que pode sair daí. Medidas de força, nas mãos de governos fracos, podem ser muito perigosas.