Se alguém queria uma explicação econômica para o golpe, eis uma bem plausível.
As importações brasileiras de óleo diesel e gasolina, principais combustíveis usados em nossos meios de transporte, nunca foram tão altas, e há muito tempo essas compras não estavam tão concentradas nos EUA.
Nos primeiros 4 meses do ano (jan/abr), o Brasil importou US$ 2,39 bilhões em óleo diesel, e US$ 693,25 milhões em gasolina, valores recordes para essa época do ano.
Entretanto, quando olhamos a relação específica com os EUA, o principal fornecedor desses dois produtos, identificamos movimentos muito mais bruscos.
A maioria dos produtos americanos exportados para o Brasil são derivados de petróleo, álcool e carvão.
Os EUA também ampliaram o seu domínio sobre o mercado de gasolina no país. Antes do golpe de 2016, os EUA respondiam por uma média de 20% a 25% das importações brasileiras de gasolina.
Em 2017, esse percentual saltou para 41%. Nos quatro primeiros meses deste ano, para 60%.
Quase metade dos produtos americanos exportados para o Brasil tem alguma relação com petróleo ou com o mercado de combustível. Refiro-me a oleo diesel, álcool, gasolina, carvão, propano, soda cáustica, óleo bruto, lubrificantes, nafta, coque de petróleo, estireno, hulhas (carvão), copolímeros…
Apenas o óleo diesel, respondeu por 19% das exportações americanas para o Brasil em Jan/Abr 2018. Em 2016, o óleo diesel respondia por apenas 9% das exportações americanas para o Brasil.
Os EUA são os principais fornecedores de óleo diesel do país. No acumulado dos últimos 4 meses, responderam por cerca de 80% de todo o óleo diesel que importamos.
Em quantidade, a importação de óleo diesel tem batido recorde no país: em 2017, importamos 11 milhões de toneladas de óleo diesel, maior volume da história. No acumulado dos 4 meses de 2018, a importação mensal média de óleo diesel ficou em mais de 1 milhão de toneladas, mais um recorde histórico.
O golpe não foi dado apenas para nos tomar o pré-sal e assumir o controle das nossas estatais, adquirindo-as a baixo custo, mas também para conquistar e dominar o nosso mercado de consumo de combustíveis, um dos maiores do mundo.
De um lado, o governo libera os preços finais de óleo diesel e gasolina. De outro, paralisa nossas próprias refinarias. Por fim, estimula a abertura de novas importadoras desses produtos, com deferência especial para as importadoras especializadas em comprar dos EUA.
É importante lembrar que traders internacionais também participam dos negócios de importação…