Por Pedro Breier
Do meio do caos no qual estamos metidos – parabéns aos senhores Michel Temer e Pedro Parente – ao menos emerge uma conclusão, límpida como água da fonte: o liberalismo econômico é uma fraude.
Explico.
Quem detém o poder de fato, no mundo, é o capital transnacional. Algumas poucas megacorporações sugam loucamente os recursos naturais e controlam os mercados do planeta inteiro.
O resultado é riqueza e luxo descomunais para um punhado de super ricos. Para as demais bilhões de pessoas do planeta resta a luta pelas migalhas.
O poder econômico coopta, pressiona e, se necessário, ataca os governos dos Estados nacionais para que estes adotem as políticas econômicas que facilitam, e muito, a sua atuação predatória. Abertura dos mercados, desregulamentação da economia e Estado mínimo são expressões que soam como música aos ouvidos dos donos do poder.
Nas palavras do imortal José Saramago, “Os governos que elegemos, no fundo, são correias de transmissão das decisões e das necessidades do poder econômico (representado pelo FMI, OMC e pelo Banco Mundial), e os governos não só funcionam como correias de transmissão, mas também como os agentes que preparam as leis, como as que levam ao emprego precário”.
Em um cenário como esse, dizer que o livre mercado é a solução para os problemas da sociedade só pode ser uma de duas opções: picaretagem ou inocência.
É evidente que áreas vitais para que a população possa viver com o mínimo de dignidade – como o preço dos combustíveis, do qual dependem o transporte e o abastecimento de produtos, por exemplo – não podem ficar à mercê do mercado.
O Estado, cujo poder político e econômico permite que se faça algum enfrentamento com o capital, tem – ou deveria ter – o dever de proteger as pessoas da fome insaciável por lucro dos tubarões do capitalismo.
A submissão total de um governo ao mercado dá no desastre que estamos vivenciando. Os preços de produtos que afetam a economia inteira do país aumentam descontroladamente e o governo, com sua fé cega nos dogmas liberais, só faz alguma coisa quando a situação sai completamente do controle.
A revolta e a confusão generalizadas são apenas o resultado da aplicação desta “maluquice ideológica vendida como ciência”, que é como Ciro Gomes define o liberalismo.
Deixar o poder econômico decidir quem tem acesso a direitos básicos como educação, saúde e transporte é condenar à indignidade bilhões de seres humano.
Quando impera a lógica do lucro, o resultado só pode ser o caos.