Publicado no Jornal GGN.
Por Luis Nassif
Qualquer análise de probabilidade considerará matematicamente impossível a sucessão de sorteios no STF (Supremo Tribunal Superior) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nos julgamentos-chave para o avanço do impeachment de Dilma Rousseff.
Começou com os sorteios, no TSE, das relatorias das prestações de contas da campanha de Dilma e da própria Dilma, ambas caindo com Gilmar Mendes. Na época, mostramos que a probabilidade estatística dessa coincidência:
- A probabilidade dos dois processos caírem com o mesmo Ministro era de:
1/6 x 1/6 = 1/36 ou 2,78%
- Havia seis ministros no TSE. E um deles, Gilmar Mendes, o diretamente empenhado em fazer avançar o impeachment. A probabilidade dos dois processos caírem com qualquer um dos demais 5 Ministros do TSE:
5/6 x 1/6 = 5/36 = 13,89%
- A probabilidade dos dois processos caírem justo com Gilmar era:
2,78 / 5 = 0,56%
Não se ficou nisso.
Todos os HCs em favor de direitos de Lula caíam com Gilmar. A maioria dos processos envolvendo caciques tucanos também. Caíram com ele os processos e Aécio Neves, José Serra, Aloisio Nunes e Cássio Cunha Lima.
Qualquer estudo probabilístico demonstraria o viés do tal algoritmo do Supremo. E as suspeitas se espalharam.
Os métodos
No início, julgava que havia um especialista na lógica do Supremo assessorando os presidentes. O trabalho consistiria, então, em estudar a ordem dos sorteios e aguardar a vez do Ministro-alvo para submeter o caso ao algoritmo.
Mas a hipótese continha furos:
- O sorteio é de responsabilidade do presidente do STF. Aceitar essa hipótese significaria supor que todos os presidentes compartilhassem com essa manipulação, o que não é crível.
- Em conversas com especialistas em TI, percebeu-se que havia caminhos muito mais fáceis. Bastaria um profundo conhecedor do sistema desenvolver uma gambiarra que permitisse selecionar os Ministros que participariam de determinados sorteios. Haveria até a possibilidade de se incluir apenas um nome no caso selecionado.
- No Xadrez dos algoritmos do Supremo trouxemos um conjunto de informações, de indícios capazes de justificar uma investigação.
São apenas suspeitas, mas que precisam ser consideradas. O caminho correto seria a presidente do Supremo solicitar reservadamente uma checagem no sistema, sabendo-se que qualquer alarido poderia alertarr os responsáveis.
A auditoria no sistema
O que fez a douta Ministra Carmen Lúcia? Decidiu abrir uma chamada pública visando uma auditoria no tal algoritmo..
“Considerando que o art. 22 da Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso àInformação) deixa claro que estão preservadas as demais hipóteses legais de sigilo, a divulgação do chamado “código-fonte” do sistema eletrônico que gerencia a distribuição dos processos poderia afrontar a exigência legal da alternatividade e a exigência regimental da aleatoriedade, pressupostos para que se alcance a regra geral da imprevisibilidade das novas relatorias, pois atualmente não se tem a segurança necessária para afirmar a ausência de possibilidade de ambiente de replicação das distribuições de processos doSTF, embora seja seguro afirmar que o sistema não está sujeito a manipulação, externa ou interna.
Desse modo, é necessária a auditoria no sistema de distribuição do STF para que se elimine qualquer dúvida da sociedade quanto à sistema e para que seja avaliada a necessidade de melhorias (principalmente no que diz respeito às regras de compensação da distribuição entre os ministros) e, principalmente, a possibilidade de divulgação do código-fonte.
A escolha pelo formato de chamamento público visa evitar a realização de despesa com uma consultoria e confere maior credibilidade nos relatórios a serem elaborados pelas entidades que se prontificarem a realizara auditoria”.
E aí, dona Carmen Vapt-Vupt abre as inscrições no dia 15 de maio. E encerra no dia 22 de maio, uma semana depois. O prazo dos recursos irá até o dia 28.
Marcelo
24/05/2018 - 14h37
Ora, pra quê tanto trampo? Um algoritmo comporta variáveis. Analiso que aí tem a variável “pertinência temática”: relatorias de processos contendo os temas “fuder o PT”, ou “livrar a cara de tucanos”, automaticamente vão para o ministro gilmar!
André Caldas
23/05/2018 - 18h55
Conhecer o algorítimo ou ter acesso ao código-fonte não tem nada o que ver com conseguir prever o resultado. A menos que o algorítimo seja um lixo!!!
Régis
23/05/2018 - 17h56
Falando sobre esse sorteio, feito pelo computador com algoritmos, me lembro do falecido Teori Zacwask, Juiz do STF. Todos sabiam que Teori era um homem fechado, que criticou a divulgação das escutas criminosas de Sérgio Moro entre Dilma e Lula, naquela época pré golpe. Era portanto, um sinal que não estava alinhado ao Império do Mal (EUA), não estava alinhado á Lava Jato de Sérgio Moro, Deltan Dalagnol, Rodrigo Janot, entre outros. Era relator no STF das investidas da Operação Lava Jato contra pessoas e empresas nacionais. Portanto, cargo chave para impedir as arbitrariedades dessa nefasta Operação. Ai me lembro também do documentário de John Perkins (que já trabalhou para CIA) que expôs um dos modus operandi da CIA quando encontra resistência de autoridades locais quanto aos seus interesses. Uma delas é derrubar aeronaves sem deixar vestígios ou contando com acobertamento de peritos e mídia.
Autoridades responsáveis por analisar o acidente, bem como a mídia controlada pelo estrangeiro, rapidamente falam em acidente, sem falar muito em sabotagem, e culpam o piloto no final do caso.
Ai entra esse famoso algoritmo para escolher o novo relator no STF da Lava Jato e é escolhido Edson Fachin. E o que ele faz? Autoriza todas as decisões, arbitrárias e anticonstitucionais, dessa operação. Um alinhamento estratégico e muito suspeito.
Terror
23/05/2018 - 12h35
Parece que o problema não esta no algorítmo que efetua o sorteio, mas nas pessoas…..
alcides carpinteiro
23/05/2018 - 12h03
pega o algoritmo e tenta reproduzir os resultados que apontaram Gilmar o juiz exclusivo pró-tucano e anti-petista para ver. O algoritmo deve estar OK. Qualquer estudante de primeiro ano de curso técnico universitário pode fazer algo assim, mas seu uso é fraudulento., Se houver apenas um juiz apto a receber os processos, somente ele será sorteado. O sistema, se não já não foi alterado para a auditoria, deve ter uma entrada para determinar quantos juízes participam do sorteio.