Por Pedro Breier
Para um público devidamente uniformizado – todo mundo de gravata borboleta, como pede a finesse de um evento chamado “Person of the Year Awards Gala Dinner”, que ocorreu em New York City, ainda por cima – João Doria Jr. pediu, em seu discurso, uma salva de palmas – de pé! – para Sérgio Moro, “um herói brasileiro”.
“Sérgio, é pra você!”, mandou Doria, com toda a intimidade do mundo.
Não há muito o que comentar sobre isso.
Os fatos por si só escancaram a escandalosa promiscuidade da Lava Jato com a grande expressão partidária da direita brasileira, o PSDB.
Moro é o juiz que condenou o maior líder popular do país sem provas e alijou-o da eleição.
Doria é candidato a governador de São Paulo pelo PSDB – que é o grande antagonista do PT, partido de Lula – sendo que sua candidatura a presidente ainda não está totalmente descartada.
Doria afaga Moro e ambos posam juntos para fotos em um evento de gala nos EUA há poucos meses das eleições.
Vaidosos ao extremo, deslumbrados com o poder e profundamente arrogantes, não percebem – ou não se importam – que produzem símbolos poderosos da realidade irrefutável de que a Lava Jato é uma operação política feita para destruir as expressões políticas da esquerda e, assim, favorecer as da direita.
Essas figuras estarão, com suas caras engessadas e suas gravatas borboletas, estampadas nos livros de história como lições permanentes do que não poderá, jamais, ser tolerado novamente na nossa democracia.