(Muito carisma para uma foto só. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Por Pedro Breier
Vejam que beleza este trecho da coluna de Mônica Bergamo de hoje, na Folha:
Tucanos defendem que Alckmin ofereça cargo a Temer
A negociação entre Geraldo Alckmin e Michel Temer para a campanha de 2018 deveria passar pela garantia de um cargo para o atual presidente num eventual futuro governo. A ideia é defendida por alguns dos principais estrategistas do tucano.
A nomeação para uma embaixada, por exemplo, garantiria foro especial para Temer depois que ele deixar o cargo. Isso preservaria o futuro ex-presidente de medidas cautelares determinadas por juízes de primeira instância.
Caso Alckmin não ganhe a eleição, mas um de seus dois aliados —João Doria ou Márcio França— seja eleito para o governo de SP, Temer poderia ser acomodado em um cargo da estrutura estadual. A ideia já foi estudada, a sério, por pelo menos um deles —os dois querem o apoio do MDB no estado.
Advogados amigos de Temer também temem que o presidente sofra busca e apreensão e até que seja preso —o que um cargo com foro, dizem, poderia evitar. Temer já declarou que não acredita que pode ser detido e que isso seria uma “indignidade”.
O desespero dos tucanos com os pífios índices alcançados por Geraldo Alckmin nas pesquisas de intenção de voto seria de dar pena, caso não estivéssemos falando do PSDB.
Vendo sua candidatura patinar, Alckmin pode se ver obrigado a mendigar apoio de ninguém menos do que Michel Temer, que é rejeitado, desprezado e até odiado pela esmagadora maioria da população.
É, para usar um eufemismo, constrangedora a cogitação de que o PSDB possa oferecer um um cargo à Temer para que este escape de uma possível prisão após deixar a presidência. Como se vê, o combate à corrupção continua à todo vapor na direita brasileira.
Os tais estrategistas da campanha tucana devem estar calculando que sem o tempo de TV e a estrutura partidária do MDB será quase impossível alavancar o picolé de chuchu.
Arcar com a impopularidade estratosférica de Temer é a contrapartida que, além disso, inviabilizaria por completo a tentativa – a qual muito provavelmente fracassaria de qualquer maneira – de descolar-se do governo e apresentar-se como uma candidatura “de centro”.
A população já entendeu perfeitamente que a candidatura do PSDB representa o golpe e sua fúria anti-povo. Uma aliança com o MDB vai apenas sacramentar tal entendimento.
O castigo – muitíssimo merecido – dos tucanos por seu desprezo à democracia e pelo apoio ferrenho aos maiores ataques a direitos das últimas décadas veio à galope e não há muito o que fazer para evitar a tragédia eleitoral.
Raramente o velho “bem feito” encaixa tão bem em uma situação quanto nesta.
Pois então, bem feito.