Semblante sóbrio, olho no olho. Natalia Szermeta, coordenadora das cerca de 55 mil famílias do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), o maior de luta por moradia urbana do país, espalhado em 13 Estados brasileiros, não é do tipo que hesita ou busca respostas no ar.
A voz é firme, as palavras saem sem tropeços – ainda que encadeadas por aquele ritmo típico das assembleias de militantes de esquerda. Natalia sabe que seu papel exige seriedade. “É questionável, mas inevitável. Mulher na política precisa provar três, quatro vezes a própria capacidade”, diz, de cenho franzido. Um sorriso largo se abre, no entanto, quando comenta a fama de brava. “Até parece….Tenho o coração mole”, informa a líder que, aos 30 anos, tem uma carreira política que antecede o famoso sobrenome do companheiro: Boulos. “Não me incomoda ser chamada de ‘a mulher de Boulos’; eu me orgulho disso. O que chateia é a sociedade referenciar uma mulher em um homem.”
Abaixo, alguns importantes trechos da entrevista:
Como você entrou no movimento por moradia?
Quando tinha 17 anos, em 2005, visitei uma ocupação que ficava a cinco minutos da minha casa. Queria entender como aquelas 800 famílias embaixo de lona e bambu conseguiam se organizar. Comecei a observar as atividades do movimento, montei um barraco e acompanhei os oito meses em que a ocupação ficou lá. Descobri ali que o MTST é um instrumento de organização das famílias que estão esquecidas nas favelas; e que é possível fazer uma transformação profunda na sociedade, a partir da luta por moradia digna.
Como você entrou no movimento por moradia?
Quando tinha 17 anos, em 2005, visitei uma ocupação que ficava a cinco minutos da minha casa. Queria entender como aquelas 800 famílias embaixo de lona e bambu conseguiam se organizar. Comecei a observar as atividades do movimento, montei um barraco e acompanhei os oito meses em que a ocupação ficou lá. Descobri ali que o MTST é um instrumento de organização das famílias que estão esquecidas nas favelas; e que é possível fazer uma transformação profunda na sociedade, a partir da luta por moradia digna.
Você conheceu Guilherme com 17 anos. Ele era um filósofo formado pela USP, de origem rica. Vocês se estranharam?
Eu não estranhei, pelo contrário, senti admiração. Ele tinha 23 anos e já era um militante que se destacava. Mas só começamos a namorar depois de quatro, cinco anos. Guilherme teve condições de vida que ofereceram a ele mais oportunidades. Tentam diminuir sua imagem por causa da origem, mas isso é demonstração de quanto a sociedade está doente. Se ele teve o conforto de morar numa casa em um local acessível, se teve acesso ao estudo numa família financeiramente estável, poderia ter se colocado na posição de simplesmente estudar os sem-teto. Mas ele abriu mão de sua zona de conforto para dar voz àqueles que nunca tiveram o que ele teve. Quando a gente se apaixonou, já vivia o ritmo da militância e sabia dos desafios que nos esperavam – mas não imaginávamos que a vida estaria doida como hoje.
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