Há dois momentos que ameaçam um grupo político: o do sucesso e o da derrota.
O sucesso tende a minimizar os riscos e os inimigos. Melhor exemplo foi o incomparável sucesso de Lula no período 2008-2010 e o de Dilma Rousseff nos dois primeiros anos, que os fez cegos aos movimentos de desestabilização que já estavam em andamento.
A derrota tende a promover a desesperança, como reação, despertar a busca de saídas mágicas. É um momento em que proliferam oportunistas, vendedores de poções mágicas do velho oeste, anunciando balas de prata aqui e acolá, que resolverão todos os problemas instantaneamente. Usam despudoramente o recurso aos fake news para oferecer informações ou análises falsas, explorando a boa fé dos que precisam se iludir para superar a decepção com os rumos do país.
Hoje em dia, os vendedores de poções e os radicais de gueto são as maiores ameaças à reconstrução de um centro-esquerda que consiga recuperar o poder.
Há dois enormes desafios pela frente: vencer as eleições e montar a governabilidade. Suponha-se, numa hipótese distante, que Lula conseguisse concorrer e vencer as eleições. Como governaria? Poderia abrir mão do PDT, do PSB, do PCdoB, de setores progressistas do PMDB, de lideranças da indústria e do trabalho? É evidente que não. E uma eleição sem Lula torna a construção de consensos uma necessidade ainda maior.
A maneira como parte da militância reage ao exercício da política, batendo em Fernando Haddad, o emissário de Lula para o pacto político, e investindo contra candidatos de outros partidos, como Ciro Gomes, é o caminho mais fácil para jogar a esquerda de volta ao gueto e aguardar algumas décadas a chegada de outro profeta para recompor a perspectiva de poder.
Nunca a negociação política foi tão crucial. O que se tem, na outra ponta não é Ciro Gomes, Haddad, Pimentel – eles são do mesmo lado de Gleisi, Lindbergh, Viana -, mas uma quadrilha que está desmontando o país, promovendo uma regressão de décadas nas políticas públicas, um partido da Justiça que avança cada vez mais sobre os direitos fundamentais. E tudo isso abrindo caminho para riscos ainda maiores, como o de Bolsonaro.
É momento que exige enorme dose de bom senso especialmente das lideranças; e realismo e compreensão da parte dos militantes e uma avaliação correta da correlação de forças.
Nesses tempos bicudos, há espaço para as posturas aguerridas, importantes para manter a chama acesa. Mas não da parte das lideranças. Há que se ter os guerreiros e os estadistas, os negociadores. A estes cabe a responsabilidade de deixar de lado mágoas, quizílias, idiossincrasias, e buscar o consenso.
Em poucos momentos da história, a presença de negociadores se fez tão necessária.
Eloiza
09/05/2018 - 20h53
Sei não Nassif….
Como assim , possibilidade remota de Lula vencer e governar…. Ciro Gomes, Ala progressista do PMDB.
De fato, é isso mesmo que eu li??
Gerson R.
09/05/2018 - 17h14
Eleição sem Lula é fraude.
Alcantara
09/05/2018 - 16h47
Lula inocente.
Lula livre.
Lula presidente.
Sepúlveda
09/05/2018 - 15h03
Belo texto. É preciso agir com a cabeça. Como nuna partida de futebol, sempre há o artilheiro do time, preferido da torcida, capaz de decidir a partida num único lance. Mas, quando esse jogador estar na posição de impedimento, o correto é você passar a bola pra quem estiver melhor posicionado para marcar o gol, pois o time precisa derrotar o adversário. Insanidade quem acha que a Direita que já fez o mais difícil que foi prender Lula sem que existisse o cataclisma prometido, não será agora, as vésperas das eleições que eles permitirão a soltura de Lula e entregar a Presidência facilmente. Acho que o momento está a favor de Ciro, dou o braço a torcer e voto nele para vencer a Direita e impedir a prisão perpétua de Lula. Ciro sempre apoiou o PT.
Alan
09/05/2018 - 14h22
Existe uma coisa chamada “dignidade da pessoa humana”, primeiro foi a direita, agora estamos vendo a esquerda, inclusive blogs estão desembarcando do PT, vêem tempos difíceis? Com Ciro será melhor? O PT não é hegemonista, se fez por mérito e reconhecimento. O PT não é isolacionista, ele é hegemônico!
Curió
09/05/2018 - 13h44
Não serão as negociatas que decidirão as eleições e o futuro do nosso país. Delas já estamos cansados e deixamos isso para o Temer e todos do seu campo. O povo vai votar e estar em um dos dois lados apenas… Ou Lula livre ou nada. Ainda mais que o Meireles vai ser o vice do Alkmin, porque ninguém mais quer e, alguém precisa defender o ” legado ” de terror do vampirão. Certas considerações esquecem que estamos em pleno Golpe, num estado de exceção, de guerra! Não vai ter diálogo, não vai dar para recorrer ao bispo. Basta! Queremos de volta nosso país!