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Redução dos prejuízos em relação ao 4º trimestre de 2017 e aumento das exportações de Petróleo
A Petrobrás divulgará amanhã (07/05) o seu balanço do 1º trimestre de 2018. A expectativas é de que a empresa apresente um pequeno prejuízo, revertendo os elevados déficits verificados no 4º trimestre de 2018 (-R$ 5,2 bilhões) mesmo com a queda de 2,5% na produção de petróleo e gás. Esse possível menor prejuízo (ou pequeno lucro) será furto do aumento do preço do petróleo (R$ barril) de 8,8%, entre o 4º trim. de 2017 e o 1º trim. de 2018, e do aumento de aproximadamente 45% das exportações petróleo cru, segundo estimativas do INEEP.
Nesta mesma estimativa, o resultado do lucro líquido da Petrobras deverá estar situado no intervalo entre –R$ 800 milhões e +R$ 200 milhões e sofrerá menor influência tanto das despesas esporádicas (como o acordo Class Action) como das receitas não recorrentes (menor receitas com vendas de ativos no 1º trimestre de 2018), entre elas a venda de ações da São Martinho S.A. no valor de R$ 444,2 milhões. A despeito da melhora da geração de caixa, cabe lembrar que ao abrir mão de sua participação nesse ativo (assim como em outros), a Petrobras deixará de incorporar receitas futuras.
Mesmo com o menor prejuízo ou com certa recuperação do lucro líquido, os resultados do balanço do 1º trimestre deverão evidenciar os efeitos da atual estratégia de desintegração vertical (venda de ativos do refino e das demais áreas das empresas, bem como a focalização na produção e exploração de Petróleo) da empresa gerando uma menor capacidade de geração de caixa no segmento de Abastecimento mesmo a recuperação do consumo de derivados e o aumento dos preços da gasolina e do diesel. Com isso, a empresa vai aumentando cada vez mais sua dependência das exportações de petróleo cru (e do seu preço internacional) para a geração de caixa operacional.
A receita de vendas deverá crescer 3,3%, atingindo um valor de cerca de R$ 79 bilhões em virtude do aumento das receitas com exportação de petróleo, com venda de energia elétrica. Por outro lado, a receita de vendas com derivados (refino e distribuição) contínua caindo em virtude da queda no market share do consumo aparente de derivados que reduz ainda mais a queda no nível de utilização das refinarias (que deve ficar abaixo de 80% em média).
Cabe alerta novamente que causa enorme estranheza que a Petrobrás não está utilizando sua posição de price maker (formador de preço) para manter ou aumentar suas margens num mercado claramente oligopolizado da produção e distribuição de derivados, reduzindo de forma deliberada sua capacidade de gerar receita em prol da expansão dos seus concorrentes.
O EBITDA ajustado (lucro antes de juros, depreciação e amortização) deve apresentar pequena recuperação em virtude, sobretudo, dos efeitos da expansão das exportações e do aumento dos preços do petróleo Brent (R$ barril). Com efeito, o segmento de abastecimento deve reduzir seu prejuízo do EBITDA em decorrência dos ganhos da comercialização do petróleo (exportações) e a área de E&P deve aumentar o seu EBITIDA com o aumento do preço do Brent que mais que compensou a redução da produção no 1º trimestre de 2018.
Pelo lado do endividamento, os resultados do balanço deverão sinalizar a política em curso de acelerada desalavancagem (relação dívida líquida/LTM EBITDA de 2,5 em 2018) que tem como um de seus eixos a estratégia de adiantar o pagamento de dívidas junto aos seus credores. Com o provável aumento do EBITIDA ajustado e o processo de desavalancagem a relação dívida líquida EBITIDA deve reduzir em relação ao 4º trimestre de 2017.
Os resultados do balanço do 1º trimestre de 2018 da Petrobrás podem, por um lado, até causar um certo sentimento de melhora para os analistas do mercado financeiro em virtude do aumento das receitas com exportação de petróleo. No entanto, o mais importante dos dados balanço que está por vir é, provavelmente, explicitar ainda mais as dificuldades que a Petrobrás atravessa no que tange à geração de caixa operacional (com a redução das receitas e despesas não recorrentes) em decorrência da adoção de uma estratégia de redução deliberada de sua participação no downstream que torna a empresa mais vulnerável as oscilações do preço do petróleo.
Nesse momento os ventos estão a favor com a elevação dos preços do Brent. E quando os ventos virarem como a Petrobras conseguirá reagir com a redução de sua capacidade de geração de caixa no mercado de derivados (refino e distribuição)?
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