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O SÍTIO ATRÁS DA PORTA. Por Wanderley Guilherme dos Santos

Troia foi sitiada pelos espartanos durante dez anos. Derrotada, teve os homens adultos executados, mulheres e crianças escravizadas. Esse era o costume no mundo antigo, usual durante a Idade Média, chegando à Segunda Guerra Mundial. Com o tempo, o assassinato de homens e mulheres dos países vencidos limitou-se aos rebeldes e à prática de mera […]

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Troia foi sitiada pelos espartanos durante dez anos. Derrotada, teve os homens adultos executados, mulheres e crianças escravizadas. Esse era o costume no mundo antigo, usual durante a Idade Média, chegando à Segunda Guerra Mundial. Com o tempo, o assassinato de homens e mulheres dos países vencidos limitou-se aos rebeldes e à prática de mera selvageria em territórios ocupados, mas o trabalho forçado permaneceu. Até hoje.

A condição de estar sitiado(a), incapacitado(a) de agir conforme vontade própria adquiriu requintes psicológicos, isenta de exibições físicas, nem por isso menos letal. O isolamento psiquiátrico confere às autoridades hipocráticas o mesmo poder sem controle dos gerentes dos campos de concentração nazista e dos programadores de gigantescos bancos de informação em propriedade de megacorporações. À milenar redução feminina a de seres autômatos, por imposição explícita de costumes e leis, juntaram-se técnicas de manipulação que, mesmo identificadas, continuam a salvo de repúdio eficaz.

Por aqui, o Judiciário sitia o Legislativo, que sitia o Executivo, que sitia as empresas públicas. Os militares sitiam o STF, que sitia a Constituição, que a ninguém mais resguarda de sítios atrabiliários. O sistema Globo de comunicação sitia a opinião pública e o mercado de trabalho dos jornalistas, milícias sitiam as comunidades mais pobres, comércio e profissionais liberais (advogados e médicos) sitiam a economia popular, enquanto a Lava Jato sitia os presos “provisórios” até sucumbirem à servidão delatora.

Uma comandita judiciária sitia Lula desde 2014 e, a partir de 7de abril de 2018, o tem sitiado em local de controversa designação: cela, sala de estar sem direito a visitas, instalação provisória ou mórbido mostruário. Cá fora, grupos de DNA suspeitos, ora trovejam como no Olimpo, outros se insinuam em fotos e vídeos, garantindo votos em nome do sitiado de exceção, outros se autodesignam vigilantes do canonizado falatório sebastianista, expondo ao opróbio os rebelados contra o catecismo de ilusionismo político destinado a seduzir incautos.

Houve tempo, antes dos sítios, em que era seguro confiar nas lideranças das esquerdas que, competindo entre si, se igualavam na integridade de propósitos e na decência de seus pronunciamentos sobre os competidores. Hoje, quem acredita que o certificado de amigo do povo é o berro que intimida divergências e a frivolidade das excomunhões de ideias sem censura? Hoje, até as esquerdas sitiam a si mesmas. Às vezes, dentro da própria casa.

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Dilma Coelho

07/05/2018 - 12h22

“O destino de Lula é a presidência

Gurgel Xavante
Não, professor Wanderley Guilherme dos Santos, e digo professor com toda a força que a palavra tem, com o respeito que merece, o PT não quer o “Lula ou nada”. Seu texto parece uma quase-chantagem ao partido, como se fosse ele obrigado, não se sabe por que, a abrir mão da disputa das eleições de 2018, da luta para ter Lula livre, do direito de Lula ser candidato. O PT faz isso em nome da inocência de um prisioneiro político e do nome mais forte para tal disputa. Respondo a quente, como convém nessa conjuntura de tanta velocidade, com tantos acentos de imprevisibilidade. O seu texto reclama isso, porque injusto com o partido e com o presidente. Não falo à distância, como observador neutro. Tenho lado, como você, todos têm. E Lula carrega consigo enorme, inegável responsabilidade histórica, e não cuida apenas de seu destino pessoal. Fosse assim, e poderia ter ido embora do País, exilar-se e conscientemente não o fez.
Não ousaria lembrá-lo mais extensivamente da luta de tantas lideranças que presas, ao longo da história, souberam honrar suas trajetórias, e corresponder à confiança e esperança nelas depositadas. Não é necessário. Fosse por um argumento, que um raciocínio frio poderia denominar de sentimental, que partido abandonaria sua principal liderança, de longe principal liderança do povo brasileiro, às traças, jogado numa prisão, um prisioneiro político, como se pudesse ser descartado assim, sem mais? Não é esse o principal argumento, nem deve ser, embora ele nos assalte a vista de seu texto, porque isso corresponderia evidentemente a um abandono.
Não é disso que se trata, no entanto. A questão central é que tentam impor que a principal esperança do povo brasileiro, a liderança que encarna o sonho de resgatar a democracia, barrar a monumental retirada de direitos, barrar o fim de nossa soberania, tentam impor, pelo arbítrio, com o Estado de Exceção vigente, que se mate a esperança de tanta gente. É, abandonar Lula no cárcere, o líder de todas as pesquisas, é exatamente matar a esperança dos pobres, dos excluídos, dos tantos milhões a quem as políticas desenvolvidas por ele permitiram a chegada à condição de cidadãos. O povo brasileiro tem o direito de tê-lo como candidato, livre. E o PT tem o dever de levar essa luta às últimas consequências, e não por qualquer capricho, mas porque não o fazendo frustra os que o dão vencendo as eleições em qualquer situação, em repetidas pesquisas.
Deveria o PT abaixar a cabeça, dizer sim ao arbítrio? Não, não seria digno, e, sobretudo, não corresponderia àquilo que está no coração de nossa gente. Discutindo por outro ângulo, para caminhar no raciocínio desenvolvido pelo professor, algumas indagações me vêm. O PT é de longe o partido mais bem avaliado do povo brasileiro – é isso mesmo, as pesquisas recentes estão à disposição. Tem, insista-se, o candidato mais forte para a disputa, não obstante, e por causa disso, preso. O povo reconhece sua inocência. Que argumentos o PT teria para abrir mão da candidatura? Por que não esgotar todas as possibilidades, e a política é o território dos milagres, disso o professor sabe, para que ele venha a ser o candidato? Ele não foi preso por acaso, mas exatamente para tentar evitar sua participação na disputa. E o PT não pode e não dever ser o cordeiro que caminha de cabeça baixa para a imolação.
Além disso, admita-se cheguemos a uma situação-limite em que o arbítrio vença, e ele não possa ser candidato. Que razão teria o principal partido da esquerda, que tem dado mostras seguidas de amplitude, de política de alianças, de solidariedade com candidaturas do campo progressista, para deixar de ofertar outro nome do próprio partido, fosse o caso, alguns deles com enorme potencial, que obviamente poderiam crescer mais e mais com o apoio de Lula? Não, não se trata de qualquer sectarismo. O argumento de tantos, com a existência de primeiro e segundo turnos, vale também para o PT, e nós não podemos ser cobrados por não tentar. Não se acuse, porque injusto, o partido de ser intolerante com outras candidaturas, nem de agredi-las.
A direção do partido tem sido cuidadosa diante, de manifestações que não carregam o selo da unidade, às vezes agressivas, arrogantes e desrespeitosas . O partido tem sabido, corresponder às necessidades de unidade do campo democrático, popular, de esquerda e progressista. Não se desespera no momento da dificuldade, não deve desesperar, que destino a gente constrói, não espera acontecer. Não abandona seu líder. Não deixa de participar dos esforços, e já são consideráveis, para a construção de um programa comum. Estamos construindo a unidade. Lula pode ser libertado com a luta do nosso povo e alguns candidatos à presidência, de esquerda, dignamente, estão nessa luta. Lula será candidato para agregar forças para o resgate da democracia, para o início de uma nova fase em nossa história, tão agredida pelo golpe de abril de 2016. Se não o for, o PT manterá sua solidariedade a ele, a vida segue, e saberá continuar no caminho que derrote os golpistas e o Estado de Exceção implantado no País.”

Fehnelon

07/05/2018 - 08h49

Esse cidadão declarou gerra a luta, todo dia se manifesta… Toda manifestação pinta algum cenário dantesco, onde o herói só se redime passando a coroa ao príncipe Ciro.

Esse prof, com td o mérito que possa ter, hj, é um professorzinho de merda, reduzido a cabo eleitoral de merda, professando o caos e taxando de egoísta, burro, radical, quem não compra seu ponto de vista, e seu candidato. Claro que esse discurso visa a nós do PT como alvo. Não se iludam, é outra faceta dos ataques do golpe.

Quanto a Ciro, o que não fazia sentido, após entrevista do líder de sua equipe econômica ao estadão, agora faz. Ciro, como td indicava, está alinhado com o golpe.

Antonio Passos

07/05/2018 - 00h05

Em primeiro lugar Tróia não foi sitiada por Esparta, mas sim por exércitos de várias cidades gregas, lideradas por Micenas.
Wanderley Guilherme resolveu debochar da luta por Lula, de forma que me parece lamentável. Ele não entende que plano B é legitimar o golpe, é proibir o povo de eleger quem ele deseja.
Sem Lula, a eleição não terá plena legitimidade, o eleito será um Sarney II. Ou será que o Wanderlei acha que o golpe vai ter esse trabalho todo para entregar o poder a um presidente progressista, que reverta o que foi feito ?

Dilma Coelho

07/05/2018 - 00h02

Esse professor é mais um hipócrita que quer aparecer as custas de LULA. Há muito tempo vem soltando suas pérolas, sutilmente contra o LULA. Como os blogs precisam de notícia, dão espaço a ele e outros traíras, coronel ciro, jaques wagner, janine ribeiro, haddad, etc., todos revelando inveja de LULA. Por que não formam um novo partido e desfrutem? Deixem o LULA em paz. Arranjem outro assunto. Quanta pobreza de imaginação.

zegomes

06/05/2018 - 18h48

Esse Professor está obcecado em forçar o PT a apoiar o Sr. Ciro Gomes. Deixa o Ciro ir à luta abocanhar os seus votos sem assediar o PT, Professor. Pega mal essa insistência. Ou o Sr. Ciro não é competente o bastante para se projetar sem depender de outro partido? Já ouviu falar de Lênin do Equador, Professor? Pois é. O Sr. Ciro Gomes mal consegue esconder que provém de uma estirpe igual. E pior. Está num partido de direita e golpista. Algum bobo vai achar que o PDT ainda tem alguma coisa a ver com o grande Brizola? Chega de dar nosso voto para quem parece ter simpatias de esquerda e com o bastão na mão vira mais direitista que Alckmin.

Gaucho

06/05/2018 - 15h57

Bom texto professor.
Melhorou muito em relação ao ultimo texto que estava pirado.

    Fehnelon

    07/05/2018 - 08h51

    Ele mudou o caminho, mas o destino é o mesmo… Cooptar os eleitores petistas, justificando ideologicamente, o abandono da luta por Lula nas eleições.

    Lila Livre!


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