Jeferson Miola
A família Marinho transformou seu jornal O Globo no principal panfleto da perseguição fascista ao Lula. A edição desta sexta-feira, 27 de abril, é um libelo acusatório para a condenação do Lula, da Dilma e do PT.
Na capa, a manchete principal é “Depoimentos já feitos por Palocci comprometem Lula”, com o título de apoio “Delação deve ser homologada pelo juiz Moro em até 2 semanas”.
Estranha que há cerca de 1 ano o mesmo Moro esnobou o pedido de delação porque, dizia-se à época, Palocci poderia entregar muita informação sobre corrupção no judiciário, no ministério público, na mídia, no empresariado e no mercado financeiro, porém nada sobre Lula – pelo simples fato de não ter o que denunciar sobre Lula.
Na página 3, o panfleto da Globo apresenta a matéria de página inteira “Lula, Dilma e PT no alvo”, com título de apoio “Em delação, Palocci narra esquema de arrecadação do partido e cita os 2 ex-presidentes”.
Logo no primeiro parágrafo da matéria a Globo enquadrou o foco em 2 frases:
– Frase 1: “O acordo de delação premiada assinado pelo ex-ministro Antonio Palocci com a Polícia Federal, revelado ontem pelo Globo, é uma reunião de fatos que envolvem, em grande parte, o esquema de arrecadação do PT com empreiteiras citadas na Lava-Jato e a atuação dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff nos crimes apurados pela operação”.
Frase 2: “Por se tratar de uma colaboração negociada na primeira instância, os temas abordados pelo ex-ministro dizem respeito a fatos investigados — ou passíveis de investigação — pela 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada pelo juiz Sergio Moro, que terá o papel de homologar o acordo”.
Merval Pereira, o porta voz da Lava Jato, assina coluna com o sugestivo nome “A hora de Palocci” – sinônimo do emprego de novo artefato de guerra para bombardear Lula, com o objetivo de contrabalançar a inesperada decisão do STF que poderá causar a nulidade da fraude jurídica da Lava Jato que condenou e prendeu o ex-presidente.
Ao lado da coluna do Merval, a matéria “Moro mantém em Curitiba processo contra Lula por sítio”, que ocupa o resto da página 4, é uma homenagem à declaração de desacato do soberano Moro à recente decisão do STF.
No editorial “A colaboração que Palocci pode dar” [página 16], o panfleto enaltece que “o acordo de delação do ex-ministro pode até servir de ponte para aproximar PF e MP, algo essencial no mais amplo combate à corrupção já ocorrido no país em tempos de democracia” [sic].
O editorial usa ironia para fazer uma ameaça: “Deve haver sinceras preocupações no mundo lulopetista, a começar pelos advogados, que travam duras batalhas para provar que não foi o que está sendo provado ter sido. Os relatos de Palocci não devem confortá-los”.
Para fazer afirmações tão categóricas, é certo que a Globo tem conhecimento antecipado e privilegiado do conteúdo da delação forjada do Palocci. A intimidade da Globo deriva da relação promíscua entre a empresa e seus empregados com procuradores, juízes e policiais federais destacados para a perseguição fascista ao Lula.
Com a decisão do STF que tirou das mãos do Moro as delações armadas pela Lava Jato para incriminar Lula, a Globo e a Lava Jato contra-atacaram com a cartada do Palocci e se lançaram num jogo ainda mais sujo.
A guerra para a restauração da democracia e do Estado de Direito no Brasil cobra uma luta ainda mais contundente contra o fascismo jurídico-policial da Lava Jato e contra o jornalismo de guerra da Globo.