Menu

Domenico de Masi: Lula é um símbolo na Europa, EUA e Ásia. Prendê-lo é um risco.

Trecho de entrevista de Domenico de Masi, um dos maiores filósofos da atualidade, sobre o Brasil: Eleições no Brasil: Como o senhor vê a polarização esquerda, direita, com tensão social? Muito tensão social, não pouca. Não vou ao Brasil há seis meses, e com isso não sei exatamente qual é a situação psicológica atual. Mas […]

10 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Trecho de entrevista de Domenico de Masi, um dos maiores filósofos da atualidade, sobre o Brasil:

Eleições no Brasil: Como o senhor vê a polarização esquerda, direita, com tensão social?

Muito tensão social, não pouca. Não vou ao Brasil há seis meses, e com isso não sei exatamente qual é a situação psicológica atual. Mas na Europa, Lula é um símbolo. Nos Estados Unidos, Lula é um símbolo e na Ásia Lula é um símbolo. E eu creio que se está arriscando muito, como se diz na Itália, com a prisão de Lula.

Terem prendido Lula é perigoso, quase infantil. Porque 36% dos brasileiros dizem votar pelo Lula. E o segundo que está atrás do Lula [nas pesquisas de opinião] está muito atrás dele. Então o Lula é um líder que está na prisão. E isso é uma anomalia. Eu creio, e por isso é um elemento perigoso. [Que pode] criar uma guerra civil e [aumentar] a força dos militares. Isso é muito perigoso. (…)

Apoie o Cafezinho

Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Eliseu Leão

30/04/2018 - 10h01

A minha perplexidade é constatar blogueiros bem informados e sérios como o Miguel do Rosário dando espaço ao De Masi que insiste em levar nosso momento atual para o plano emocional-passional. A prisão do Lula nada tem de quase infantil e não pode ser combatida somente porque o eleitorado dele é grande e quer vê-lo de volta ao governo: 1- Lula foi —ilegalmente— preso; 2- estão entregando o patrimônio brasileiro e o Lula representa a defesa desse patrimonio e da nossa dignidade.

Esse ”lavativo” italiano é ao serviço do movimento internacional usado por políticos associados a grandes empresas para infiltrar-se e assumir o controle de partidos historicamente trabalhistas, socialistas e progressistas. Ele faz imagem de fachada, dá o toque de ”autorevolezza” que o pessoal de Davos e de Wall Street precisam.
O dia 25 de abril na Italia é o dia da ”Liberazione”, muito hostilizado pelos patrões do De Masi. O histórico Giovanni De Luna faz saber que a maioria da burguesia italiana é fascista (tanto em 1945 como em 2018) e quer mudar a atual Constituição que nasceu sob influxo comunista e antifascista. A expulsão do invasor alemão foi a heróica façanha de uma exígua minoria de italianos proletários, combatentes antifascistas. E as italianas partigianas tiveram um desempenho simplesmente extrordinário nessa terrível luta.

De Masi diz que Lula é simbolo na Europa? De qual Europa? A burguesia italiana trata Lula (Evo Morales, Maduro), com velado desprezo. O italiano La Repubblica, um pasquim elegante, coxinha, na edição do dia 25 de janeiro passado, publicou: «Ex presidente torneiro mecanico. Lula condenado é inilegível mas existe um Brasil que —ainda— o ama» O cínico correspondente Daniele Mastrogiacomo escreveu: «Luiz Inacio Lula da Silva, ex sindicalista e presidente do Brasil de 2003 a 2011, foi condenado a 9 anos e seis meses de cadeia por corrupção e reciclagem de dinheiro. O inquérito tratou de uma prestigiosa cobertura (attico) doada pelo colosso das construções Oas ao ex presidente no âmbito dos contratos com a estatal Petrobras. Não obstante a lei da ficha limpa, Lula quer tentar de apresentar-se às presidenciais deste ano.»

E’ preciso não esquecer que o atual eleitorado italiano, além de ter perdido completamente a confiança na política, ficou cretinizado com mais de vinte anos de Berlusconi e Cia bella. Para eles, o Lula é um animal exótico e nada mais que isso. De Masi fala de situação anomala e perigosa; ele que se preocupe com Matteo Salvini, lider da Lega que insistiu na criação de vagões do Metro só para italianos e outros para estrangeiros e que se um italiano estivesse em pé num transporte coletivo o estrangeiro deveria alçar-se e dar imediatamente o seu lugar pra ele…

De Masi diz que Lula é simbolo nos EUA? De qual EUA? No início de maio de 2004 o correspondente do NYTimes, o escroto Larry Rother, escrevera um longo artigo sobre o ”Lula cachaça” onde dizia: «Nos últimos meses, o governo esquerdista de Da Silva tem sido assaltado por uma crise depois da outra, de escândalos de corrupção ao fracasso de programas sociais cruciais. O presidente tem ficado longe do alcance público nesses casos e tem deixado seus assessores encarregarem-se da maior parte do levantamento de peso. Essa atitude tem levantado especulação sobre se o seu aparente desengajamento e passividade podem de alguma forma estar relacionados a seu apetite por álcool.» A campanha de informação fake continua mais ativa que nunca tanto lá como cá só que agora o Departamento de Estado não precisa mais de linchagem do Lula. O coletivo de Tradutores Vila Vudu certa vez publicou um lembrete ao PT «O PT só existe porque, antes, houve um Brasil de Getúlio, houve um Brasil de Brizola, houve um Brasil de Jango, houve um Brasil de Marighela, houve resistência, houve sindicatos, houve um sindicato de metalúrgicos, houve um pensamento político, houve agentes políticos que não se deixaram matar, houve Lula, Dirceu, Dilma e outros, que não se deixaram matar e dos quais nasceu o PT. Nada teria acontecido naquele palanque da Vila Euclides, sem essa longa procissão de lutadores, sem o MST, sem Lamarca, sem tantos e tantos heróis do Brasil.» O think-tank de Harvad sabe muito bem disso. Anos atrás, um leitor de São Paulo do blog da Cidadania revelou que um estadunidense, seu colega de trabalho, dissera-lhe que na universidade de Harvard (no ínicio dos anos 9o) estavam preparando alguma coisa relacionada ao Brasil.

Em 1986 o grande Luiz Carlos Prestes entrevistado no programa TV Roda Viva responde ao jornalista que perguntou se ele reconhecia mudanças no panorama político com o partido Comunista tendo acesso a TV. Prestes responde que reconhecia mudanças no partido que de comunista só tinha o nome. Para ele o que tinha avançado no Brasil naqueles últimos anos era a consciência dos trabalhadores recordando que fora convidado pelas Câmaras Municipais de São Bernardo e de São Caetano para receber o título de cidadão honorário desses municípios. Era evidente que estes representantes do povo refletiam a mentalidade democrática e os interesses das comunidades que representavam; isso era um avanço, a cabeça dos trabalhadores avançava e são eles que protagonizam algumas conquistas, contrariamente ao Estado que não avançava em nada. Prestes insiste que era preciso convencer a classe operária de assumir um papel dirigente num regime capitalista na luta por uma sociedade melhor. E conclue que fora um operário de talento de nome Lula que sintetizara o processo numa frase que ficou escrita na história do Brasil. Depois de dirigir três greves econômicas vitoriosas em 1981 Lula declarou que não bastava aumentar salário era preciso mudar o regime; aquele foi um passo adiante na mente dos trabalhadores. Relembrando Prestes, acho que foi a partir daquele momento que os especialistas de Harvard deram início ao programa que culminou com a prisão do Lula pensada e orquestrada em Harvard. Sergio Moro, que tanto admira o juiz Di Pietro, não passa de um modesto caga-cazzo de província que entrou para a posternidade como traidor do Brasil.

Sabemos que os militares impuseram as condições da ”redemocratização” seguindo os ditames de Samuel Huntington que lecionava em Harvard e era conhecido como defensor das instituições autoritárias. Outro de Harvard foi o Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil escolhido por Kennedy. O think-tank de Harvard conspira com elites estrangeiras para derrubar governos, líderes legítimos e o status quo nacional. Esses especialistas que aparecem aqui no Brasil para falar de lawfare ou publicam artigos sobre o tema, fazem lembrar a unidade 731 do exército imperial japones, sob o comando do médico Shiro Ishi: para determinar o tratamento para queimaduras de frio, prisioneiros eram levados para fora no inverno e tinham um dos braços expostos e molhados periodicamente com água, até que esta congelasse. O braço era então amputado; o médico então repetia o procedimento, do antebraço da vítima até o ombro. Depois que ambos os braços não mais existiam, os médicos repetiam o procedimento nas pernas, até que restasse somente uma cabeça e um torso. Injetavam sangue de animais nos prisioneiros só para ver ”que bicho dava”… depois tiravam suas conclusões.
O paralelo é válido porque esses especialistas de Harvard estudam o modo para destabilizar uma liderança politica, para gerar o caos na economia de um país, como por em prática programas que não oferecem outra saída à população que não seja a de perder direitos e caminhar rumo à miséria. Aplicam os programas, corrigem o que for necessario e depois, cinicamente, dão palestras sobre lawfare (o caso do Lula) chegando ao ponto de pedir a substituição do Moro como fez o debochado John Comaroff, professor de Harvard. Vergonhoso foi a Dilma aceitar convite para ir lá na companhia do cavalo de troia da burguesia no PT, Cardoso, relatar o que aconteceu (para confrontarem com os resultados previstos no thin-tank).

Dica aos leitores do Cafezinho (para entender o estupro do Brasil em 2016) ler Estupro da Russia nos anos 1990s publicado no blog do Alok.

Aproveito para fechar esse comentário com uma carta publicada pelo Tijolaço. E’ de bom augúrio porque somos todos passageiros nesse coletivo chamado Brasil.

«Essa semana estava voltando num ônibus do centro da cidade do Rio de Janeiro. Um policial entrou no ônibus e foi direto a um jovem negro que estava sentado ao meu lado.
Pediu os documentos e o rapaz, prontamente, entregou. Revistou o rapaz e olhou a mochila que ele carregava….

Até ai fiquei calada, embora estivesse incomodada com o fato de só ter abordado esse rapaz… O ônibus não estava cheio, havia muitos lugares vazios…

Por fim, o policial dá a seguinte sentença ao rapaz:
– Você vai ter de saltar e me  acompanhar até a delegacia.

O olhar do rapaz era de confusão e medo. Então,  como sou “bocuda”,  não consegui ficar calada… Pensei em meu filho, que o rapaz tinha idade pra ser…
-Por que o senhor vai levá-lo? Ele é suspeito de alguma coisa? Foi denunciado? Tinha algo de estranho nas coisas dele?

O policial, com cara de poucos amigos porque  eu o estava questionando disse:
– Não, não encontrei nada, não há denúncia, é só pra averiguação…

E me perguntou:
-Você é mãe dele? Por que é que a senhora está se metendo? Você é alguma coisa dele?  E, com ar ameaçador: – A senhora quer obstruir a Justiça?

Eu disse que não, que era policial e que, ao que eu soubesse, Justiça era com juiz, promotor, advogado e não com policial.

Ele ficou irrritado e voltou-se para os demais passageiros, como quem buscasse aprovação, dizendo: “não interessa, ele vem comigo”.

Não consegui me controlar e disse que, então, eu também iria.
Em seguida,  um senhor também negro,  sentado duas cadeiras atrás de mim, disse: “eu também vou!” E foi um falatório, vários passageiros diziam “eu também vou!”

Virei para o motorista e perguntei se ele podia nos levar a todos, com o ônibus.
Uma mulher, sentada lá na frente, disse que deixássemos a polícia levar o rapaz, que “esse cara pode querer nos assaltar”.

Mas a maioria do ônibus fincou pé e o policial, contrariado, saiu do ônibus, esbravejando: vocês podem estar protegendo um meliante, mas se querem ele no ônibus, então fiquem com ele…

A viagem seguiu, com o rapaz estava visivelmente amedrontado…

Puxei conversa e fiquei sabendo que tinha se formado na Cefet, ano passado e cursava engenharia robótica na UFRJ… Detalhe: vi as carteiras da Cefet e da UFRJ. Ele estava tão nervoso com a abordagem policial que nem pensou em mostrar esses documentos….
O rapaz ligou para a mãe, contou o que se passara e pediu que eu falasse com ela, que me agradeceu dizendo que ele tem 19 anos…. é muito estudioso e tímido.. tem dificuldade em se defender e fica sem ação quando confrontado.

É isso. Quando a gente enxerga no negro, no mulato, no índio não um diferente a ser protegido (ou não), mas um pedaço do que nós próprios somos, a agressão a eles dói na gente. Não é piedade, não é compaixão: é a força incontrolável do instinto.»

http://www.tijolaco.com.br/blog/sob-ditadura-do-medo-e-do-egoismo-ainda-somos-um-povo/

Raphael Otto

29/04/2018 - 16h29

Sou jovem, sou estudante e sou a favor de Lula livre em 2030. Errou como qualquer ser humano erra tem que cumprir pena para o Brasil deixar de ser chacota internacional, Para trazer investidores e movimentar a economia. Por todo respeito que tenho por Domenico De Masi, acho as ideias dele muito românticas.

    Miguel do Rosário

    30/04/2018 - 10h19

    Mas se não errou, tem de ser absolvido. Justiça não pode ser sinônimo apenas de prisão. Justiça tem que ser sobretudo sinônimo de proteção à inocência e à liberdade.

      dauto

      04/05/2018 - 23h26

      Entendo que há muitos simpatizantes e adoradores e tb pessoas Ignorantes e mal informadas a respeito do sr Lula.
      Será que Esqueceram do MENSALÂO no governo lula,Roubalheira na Petrobrás,escandalos financeiros, Corrupção generalizada, que aconteceu no tal governo do lula, o qual se dizia a a favor dos pobres etc, ou será que os pobres por ignorancia e falta de conhecimento, não foram usados para tal fim .
      No caso Mensalão, o sr lula, sempre dizia: Não sei de Nada, Não vi nada, é fazer parte do povo Esclarecido de idiotas, e o seu pupilo e na época , chefe da casa civil,José Dirceu, era o operador de tal Mensalão.
      Herança do governo Lula, que fazia tudo pelo Social; 13 MILHÕES DE DESEMPREGADOS

Jochann Daniel

29/04/2018 - 13h30

No momento em que os EMPRESÁRIOS
perceberem o quanto ganhavam
com Lula e o governo do PT,
e quanto deixaram de ganhar
depois que a Mídia
(Globo à frente)
colocou o governo fantoche,
o qual entregou e está entregando
as riquezas do Brasil
para os estrangeiros
e levou o País
a este quase caos econômico,
à esta falta de dinheiro
nas mãos das pessoas
(desemprego),
a coisa poderá mudar.
Mas, até lá……..

claudio pinto

28/04/2018 - 21h31

Na África e na Oceania, Lula também é expoente e cabe salientar Lula começou e inseriu a África no comércio, esta semana a África efetivou acordos maiores em valores do que os celebrados pela OMC. O golpe nos seiva do presente e do futuro não bastasse chegar a divida publica perto de 4 trilhões ainda perdemos mercado….
Esta gente (poder judiciário) não tem a menor noção de economia básica!

Eliseu Leão

27/04/2018 - 13h00

Lula é simbolo que preocupa o capital internacional que não perde tempo em ridiculariza-lo
em qualquer ocasião. Na Italia, pais do De Masi, todos —TODOS— os telejornais deram
a ”noticia” que Lula entregou-se à policia somente depois de ter assistido uma partida de futebol
na TV… No dia de Natal a estatal RAI UNO deu a noticia que Dilma também fora deposta por corrupção
(referindo-se ao caso do presidente do Peru). De comum entre eles tinha a Construtora brasileira.

Daiana

27/04/2018 - 11h30

Então para cumprir decisão do STF que tira processo das mãos de moro ele precisa da publicação do acórdão para começar a pensar no assunto, mais para prender lula ele não precisa de acórdão publicado. Tô entendendo.

    marcelo1212@yahoo.com

    16/05/2018 - 16h03

    Acho mais fácil ver isso, do que fingir que não vê.
    Empresto do Bob Dylan:
    “How many times
    Must a man turn his head
    And pretend that he just doesn’t see ?”

Armando Júnior

27/04/2018 - 10h34

A grande mídia esconde a fragorosa derrota diplomática dos EUA na Península Asiática. Os sul coreanos deixaram de ser bucha de canhão e resolveram a situação do jeito deles sem a inconveniente intervenção americana. O mundo está acordando!


Leia mais

Recentes

Recentes