A Lava Jato realmente tornou o Brasil mais “limpo”.
Pedro Barusco, Alberto Yousseff, Paulo Roberto Costa, todos os grandes corruptos da Petrobrás, que atuavam (sempre é bom lembrar) desde muito antes dos governos petistas, e contra os quais nunca faltou prova, estão soltos.
Michel Temer é o presidente da república, e governa descaradamente contra o povo: em 2017, ano em que o desemprego explodiu, 1,6 milhão de pessoas foram expulsas do programa bolsa família; universidades e institutos de educação deixaram de receber financiamentos; programas de pesquisa científica estão sem receber recursos; a Caixa reduziu drasticamente o financiamento de casa própria para famílias de baixa renda; o bndes praticamente interrompeu financiamentos para indústria e construção civil.
Lula, presidente respeitado no mundo inteiro, amado por milhões de brasileiros, cujo governo terminou com altos índices de aprovação, Lula, contra o qual não se achou uma mísera prova, e cuja acusação é de ter sido beneficiado com a reforma de um apartamento meia-bomba no Guarujá, está preso numa solitária em Curitiba.
Digo isso para comentar artigo de Aécio Neves, publicado na Folha de hoje.
Aécio continua senador. Livre, leve e solto. Seu partido, o PSDB, tem vários ministérios e governa o país mesmo tendo perdido as eleições em 2014.
Reproduzo o artigo, para registro histórico, e porque não quero repetir, jamais, o comportamento fascista da justiça e da mídia em relação a Lula.
Acho que o caso de Aécio deveria ser investigado com moderação e imparcialidade. Prender Aécio apenas para “equilibrar” a prisão de Lula não é justiça.
Para mim, que sou abolicionista, não quero ver ninguém preso. O que me satisfaria era apenas saber a verdade e, no caso de políticos, que fossem derrotados nas urnas – e que aceitassem a derrota.
É preciso que o Ministério Público e a Polícia Federal façam uma investigação séria sobre o senador, e apresentem uma denúncia consistente, apontando a relação entre a mala de R$ 500 mil, achada em posse de seu primo, e algum ato de ofício do senador.
Reitero: falo de investigação séria, não de presepada em rede social de procurador, dizendo que vai “orar e fazer jejum”.
Aécio não nega que os R$ 500 mil eram seus. Diz que era um “empréstimo” de Joesley Baptista.
A gente fica matutando, e se a PF achasse algo semelhante com o primo de algum petista… Como será que a justiça e a mídia vão explicar um tratamento tão desigual?
O Brasil precisa saber mais sobre as contas no exterior de Aécio Neves e família, sobre a mala de 500 mil reais, dentre outras acusações que pesam contra o tucano.
O que me surpreende, no entanto, é a postura profundamente antidemocrática, antirrepublicana, do PSDB, de FHC e do próprio Aécio Neves, que pedem um tratamento justo apenas para si. Ao não se posicionarem sobre os desmandos judiciais contra Lula, os tucanos provam que se moveram tanto para a direita que não são mais sequer liberais.
O PSDB um dia posou de social-democrata, e o nome do partido não deixa mentir. No fundo, os tucanos queriam apenas ser liberais, o que já seria uma grande contribuição ao espectro partidário nacional. Mas não chegaram lá: ficaram presos nesse frankestein ideológico chamado neoliberalismo. E agora nem sei mais o que são. Conservadores bananeiros talvez seja uma boa definição.
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Aécio Neves: Sua excelência, o fato
Fui ingênuo, cometi erros e me penitencio por eles, mas não cometi nenhuma ilegalidade
16.abr.2018 às 2h00
A narrativa que se impõe como um tsunami no país tende a considerar, de antemão, todos os políticos culpados.
Fragmentos de imagens e manchetes repetidos à exaustão definem percepções. Vivemos o tempo da opinião muitas vezes desvinculada da informação.
Sou alvo de denúncia em função da delação da JBS. Aos que não conhecem o seu conteúdo, ofereço este esclarecimento. Ofereço mais, ofereço os fatos.
No início de 2017, precisei contratar advogados. Era uma despesa inesperada e eu não possuía recursos pessoais para enfrentá-la. Minha mãe colocou então à venda o apartamento em que reside há mais de 35 anos no Rio de Janeiro.
Minha irmã, Andrea, ofereceu o imóvel a alguns empresários, inclusive ao senhor Joesley Batista. Ela teve com ele, em toda a sua vida, um único encontro, a meu pedido, motivado por esse assunto familiar que nada teve a ver com política.
Mais tarde, de passagem pelo Rio, ela lhe telefonou, convidando-o para conhecer o imóvel. Ele preferiu não ir e pediu um encontro comigo.
Felizmente, esse telefonema, omitido pelo delator, foi recuperado pela Polícia Federal. Ele mostra, de forma inequívoca, o objetivo do contato feito: a venda do imóvel. Apesar da relevância, essa informação não foi mencionada na denúncia.
Recebi, de boa-fé, o delator no hotel em que estava e, numa conversa criminosamente gravada e induzida por ele, permiti-me usar um vocabulário inadequado e fazer brincadeiras injustificáveis e de enorme mau gosto, das quais me arrependo profundamente. Lamento, especialmente, o que esse episódio acarretou para outras pessoas.
Meu primo, Frederico, é uma pessoa absolutamente correta, íntegra e não tem nenhuma responsabilidade pelos fatos ocorridos. Limitou-se a me fazer um favor ao receber um empréstimo pessoal, a mim dirigido, que não tinha nenhuma vinculação com o cargo que ocupo. Reitero a ele e ao seu amigo Menderson, que o acompanhou, o meu pedido público de desculpas pelas consequências que eles e suas famílias vêm sofrendo.
Minha irmã, reconhecida até mesmo pelos meus adversários por sua seriedade e correção, foi injusta e covardemente exposta apenas por ter contatado o delator com a intenção de vender um imóvel.
Na gravação de que fui alvo, o delator atesta a origem lícita e particular dos recursos e deixa claro — também em depoimento— que partiu dele a decisão de que o empréstimo teria que ser feito em espécie, o que não é ilegal, uma vez constatada a licitude dos recursos.
Errei em aceitá-lo. Mas não cometi nenhum crime. Não houve nenhum prejuízo aos cofres públicos. Ninguém foi lesado.
Hoje, é fácil reconhecer que o objetivo dessa exigência era gerar as imagens para o seu extraordinário acordo de delação. Os recursos ficaram guardados, esperando serem formalizados, para que eu pudesse pagar honorários de advogados. Como isso não ocorreu, não foram usados e foram entregues à Justiça.
Mas vamos às acusações.
Sou acusado de corrupção passiva, crime que pressupõe que um agente público receba vantagem indevida em troca de contrapartida.
Não houve vantagem indevida, e a própria Procuradoria-Geral da República indicou que não houve nenhuma contrapartida no caso.
Na gravação, poucos se recordam de que rechacei prontamente a sugestão, feita por ele , para que apoiasse um nome para a presidência da Vale. A menção a diretorias da empresa se deu como forma de encerrar o assunto introduzido, premeditadamente, por ele. Prova de que essa questão nem sequer foi considerada é que absolutamente nenhuma iniciativa foi tomada nesse sentido.
Na minha vida pública, não existe um ato sequer em favor da JBS, o que foi confirmado pelos delatores.
Como falar em corrupção onde não existe dinheiro público ou contrapartida?
A segunda acusação, de tentativa de obstrução, é também desprovida de fundamento.
Basta dizer que o precedente citado em longas 15 páginas para justificar a denúncia contra mim foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido da própria PGR. Ou seja, pelos critérios da própria instituição eu não deveria nem sequer estar sendo denunciado.
Acusam-me por votos que dei no Senado e por opiniões que externei em conversa particular, sem que tivessem nenhum desdobramento fático. Tenta-se, com isso, criminalizar opiniões e votos de congressistas cujas imunidades são garantidas pela Constituição. De forma seletiva, a denúncia ignora, por exemplo, que cheguei a apresentar emenda alterando o projeto original da Lei de Abuso de Autoridade, defendendo, justamente, o ponto de vista do Ministério Público Federal!
É, portanto, com o sentimento de grande impotência que vejo as versões devorarem os fatos.
O que me define são os meus 32 anos de vida pública honrada e não os poucos minutos de uma armadilha montada por criminosos.
Fui ingênuo, cometi erros e me penitencio diariamente por eles. Mas não cometi nenhuma ilegalidade.
Por isso, não esmoreço. Em nome da minha história, da minha família e de todos aqueles que confiaram a mim a esperança de uma Minas Gerais e de um Brasil melhor, sigo em frente, porque sei que a verdade vai prevalecer.
Apesar do tsunami.