(Foto: Nelson Almeida / AFP) Por Bajonas Teixeira,
A pesquisa divulgada hoje pelo DataFolha nos faz crer que Lula caiu de 37 para 31% nas intenções de voto, e que isso é consequência da sua prisão. No entanto, ao analisar o artigo do diretor-geral do DataFolha, Mauro Paulino, publicado no portal UOL, aparecem graves motivos para duvidar desse resultado. O pior deles é que foram mudados os cenários e o número de candidatos e isso, como diz o diretor-geral, impede que se compare as duas pesquisas. No entanto, como vamos ver, ele mesmo foi o primeiro a fazer essa comparação.
Mas, como evitar a comparação? A pesquisa foi feita justamente para comparar o cenário atual, após a prisão, com o de janeiro. E o país inteiro, nesse momento, está fazendo essa comparação – ilícita, diz o diretor-geral do DataFolha – do Lula com 37 % em janeiro com o Lula com 31% hoje.
E o primeiro a fazer o que não deveria ser feito foi o próprio diretor-geral do DataFolha em seu artigo. Como pode isso? Vejamos a coisa de perto.
O artigo do diretor geral do DataFolha Mauro Paulino causa perplexidade. Como se sabe, a consulta eleitoral é um caso extremo de expressão da opinião pública. E a opinião pública mostra linhas de coerência, tendências gerais, que não podem estar em relação assimétrica, ou inversa, sem nos despertar desconfiança. E é esse o caso da pesquisa do DataFolha. Diz o diretor-geral comentando a pesquisa que:
“o potencial do ex-presidente como cabo eleitoral oscila positivamente, e a rejeição à sua candidatura, ao invés de crescer com sua prisão, cai quatro pontos percentuais.”
Isso é totalmente incompatível com uma queda nas intenções de voto em Lula. Não é possível que duas tendências se acentuem positivamente para Lula (ou seja, que se torne um cabo eleitoral mais forte e que sua rejeição caia quatro pontos percentuais) e outra variável, derivada dessas duas, a intenção de votos nele, siga trajetória negativa, ou seja, que passe de 37 (em janeiro) para 31% das intenções de voto (em abril).
Só num país de loucos varridos, se poderia crer que esse saco de gatos disparatado de tendências (positivas e negativas) poderia descer goela abaixo dos leitores. Ou seja, parece que estão servindo gato por lebre.
O pior é que os dados positivos para Lula não constam do artigo principal em que o UOL hoje, o portal da Folha, divulgou a pesquisa: Prisão enfraquece Lula e põe Marina perto de Bolsonaro, diz Datafolha
Além disso, outra surpresa, justamente na pergunta principal do DataFolha. Diz o seu diretor:
“Nas respostas espontâneas, sem o estímulo do cartão que contém os nomes dos candidatos, menções ao ex-presidente caem quatro pontos percentuais em relação ao levantamento de janeiro.”
Ou seja, pergunta-se algo como “Em quem você votaria para presidente esse ano?”, sem mostrar nomes ou imagens de candidatos, e aí verifica-se que as “menções ao ex-presidente caem quatro pontos percentuais em relação ao levantamento de janeiro”.
A primeira coisa curiosa, é que segundo o artigo “os demais candidatos não crescem”. Para isso, porém, ensaia-se uma explicação: a do aumento significativo das declarações de voto nulo ou em branco: “21% dizem que votarão em branco ou nulo, um patamar inédito em pesquisas eleitorais a seis meses do pleito.”
No entanto, o que mais acende o alerta crítico em relação à pesquisa é que, precisamente após trazer essa informação fazendo a comparação com a pesquisa de janeiro, se diz que essa comparação não pode ser feita. Repito para o leitor, para que esse ponto fique absolutamente claro. O diretor do DataFolha acaba de afirmar o seguinte: “menções ao ex-presidente caem quatro pontos percentuais em relação ao levantamento de janeiro”.
E ai, quase na frase seguinte, nos brinda com essa pérola:
“Os resultados das perguntas sobre o primeiro turno não permitem comparações com os da pesquisa de janeiro porque os cenários testados são diferentes, com inclusão de novas candidaturas e exclusão de outras.”
Ora, como não se o diretor-geral do DataFolha inicia seu artigo justamente com essa comparação? Além disso, como não fazer a comparação se toda a pesquisa é destinada justamente a fazer essa comparação, isto é, comparar as intenções de voto em Lula de janeiro com a mudança nessas intenções de voto após sua prisão?
Para que essa comparação não fosse uma farsa, seria simples: bastaria o DataFolha manter os dados da pesquisa anterior, ou seja, os mesmos candidatos e os mesmos cenários. Só nesse caso, a comparação seria metodologicamente legítima.
Se novos candidatos entraram, e outros saíram, que se fizesse uma pesquisa à parte. Já que era sabido, desde o início, que a atual pesquisa, se destinava a fazer a comparação entre a situação de janeiro e esta agora, após a prisão.
Sem ter feito isso, foi como se vândalos mudassem inteiramente não o cenário mas sim a cena do crime.
É preciso lançar todas as luzes da suspeita sobre essa pesquisa. Sobre esse estranho procedimento metodológico e sobre a própria estratégia de divulgação. O PT deve pedir o estudo pormenorizado dos seus dados, das suas perguntas e dos seus cenários. Ver o quanto essas alterações podem ter tido efeito manipulatório e, se for o caso, denuncia-la.
Não podemos esquecer que não há um abismo entre a situação de Lula em janeiro e a situação dele em abril. Se agora ele está preso, em janeiro já estava condenado e, mais que condenado, massacrado diuturnamente, e isso há mais de dois anos, pelas forças coligadas da mídia brasileira, da justiça e do fascismo. Nada mudou entre janeiro e abril.
Rafael
18/04/2018 - 00h49
Tentei mas não posso comentar educadamente neste site, quanta democracia em Cafezinho?
Cícero Costa
16/04/2018 - 04h46
Segundo informações dadas a dirigentes do PT, será divulgada em nos próximos dias uma pesquisa Vox Populi, mostrando o ex-presidente Lula em 1º lugar com 43% no voto espontâneo e 51% no voto estimulado, indicando assim um crescimento, e não uma queda como quer o Datafolha.
Alan
15/04/2018 - 22h33
Há a questão da impossibilidade de votar em Lula agora preso, o que pode der desestimulado o eleitor dele, caindo 6 pontos perce.
y sem soma
15/04/2018 - 21h51
Sendo os “controladores” das urnas tudo gente finíssima, ligada ao tucanato, não vou admirar se derem um jeito no algorítimo para que as eleições acompanhem as pesquisas do Datafolha. Um ponto aqui um ponto ali no percentual são milhões de votos roubados
jose luiz da silva
15/04/2018 - 21h40
nao da pra confiar em nada que venha desse grupo de midia.
jose luiz da silva
15/04/2018 - 21h39
nada que venha do golpe pode ser confiavel vamos esperar o vox populi.
Jáder Barroso Neto
15/04/2018 - 18h51
Preparação pra Golpe Eleitoral como em Honduras, “com supremo, com tudo.”
ari
15/04/2018 - 17h05
Não tenho os conhecimentos técnicos do autor. No entanto, venho observando nas eleições presidenciais e estaduais da Bahia um quadro bastante similar. Vejamos 2014. Pouco antes da votação, segundo o Datafolha e o Ibope, a diferença entre Dilma e o Aécio era de 4 a 4,5%. À medida que se aproxima a eleição, o Vox Populi mostra pesquisas com uma diferença de 8%, o que faz os dois outros se aproximarem talvez para evitarem o vexame. Não fora aquela reportagem da Veja -“Eles sabiam” – não tenho dúvidas que Dilma ganharia com uma diferença de 10 a 12 milhões de votos, confirmando o Vox. Veja que algo similar aconteceu em 2010 e na Bahia, Em 2006, na véspera da eleição, J. Wagner tinha 35%. Paulo Souto ganharia no primeiro turno. Acho que para surpresa do próprio Wagner, ele ganhou no primeiro turno
Walter Pastori
15/04/2018 - 16h52
E impressionante como nossos jornalistas sao ridiculos esse senhor tal de paulino faz pesquisa a 100 anos como escreve uma asneira dessa a ja sei foi escrito a 4 maos as deles e de seu patrao sr. Gelado quiz dizer frias
Adalberto
15/04/2018 - 15h31
O Datafolha disse isso? KKKKKKKK!!!!
claudio
15/04/2018 - 14h56
Somente um mal informado para acreditar nessa pesquisa.
Lula subiu sim, (e só não passará de 100% pois é matematicamente impossível). Chegará a mais ou menos 60 % até as vésperas da eleição.
é só esperar para ver.