Foto: Edson Costa – Palestra com Geoffrey Roberson, SOAS, Universidade de Londres
Meu Querido Presidente Lula,
Escrevo esta minha cartinha enviando solidariedade, um grande abraço e muito, muito agradecimento por ter sido, simplesmente, o melhor Presidente que o Brasil já teve.
Escrevo de Londres, mas se pudesse estaria aí no Brasil, estaria em São Bernardo, em Curitiba, junto como o pessoal do MST para bradar um belo bom-dia todas as manhãs.
Escrevo para o homem, o Luiz Inácio Lula da Silva, de carne e osso, e não para o mito. Porque o trabalho do ’mito’, como o sr. mesmo disse, está feito. As sementes já foram plantadas.
Isso se vê com cada estudante que resistiu em sua escola. Com cada indígena e quilombola com doutorado que agora luta por sua comunidade. Com cada pessoa humilde de cabeça erguida, que não aceita mais um papel subserviente na sociedade.
Pode ser que, neste momento, eles estejam por cima, mas é um momento passageiro.
Estes velhos (ou velhos de coração) velhacos que tomaram conta do poder, por seus próprios preconceitos e insularidade social, foram incapazes de ver isso.
Achavam que o Brasil de 2018 era o mesmo de 1968 ou de 1978. Não perceberam que foram justamente as políticas do seu governo, que mudaram o Brasil.
Não se deram conta disso quando deram o golpe, pensaram que ia ser fácil.
Era só tirar Dilma… e por Lula na cadeia tachado de corrupto… E… em 2018, Aécio, ou qualquer outro irrelevante, seria presidente!
Mais não, estão como um Macbeth que, para se manter no poder, mais sangue precisam derramar.
Por isso que eles, a cada dia, radicalizam ainda mais o golpe.
Mas não se preocupe, meu Presidente Lula, nós venceremos. E venceremos porque novas bases foram assentadas e, mais cedo ou mais tarde, o povo Brasileiro saberá sair dessa.
Portanto, deixo aqui a minha solidariedade e todo meu carinho ao homem, Lula, que está sendo indigna e injustamente tratado.
O homem que, por ter se tornado o símbolo de seu povo, está fadado a levar todo o peso da nossa terrível história nos ombros, sinto muito por isso, Presidente.
Meus pensamentos estão com o Sr. e com sua família, não posso conceber o sofrimento pelo qual vocês têm passado estes últimos anos.
Saiba, também, que mesmo aqui de Londres estamos na luta.
Um grupo de Brasileiros, cada vez maior, está fazendo de tudo para trazer o Brasil de novo à pauta.
Digo que, depois do golpe, isto não é tarefa fácil – O Brasil se tornou simplesmente ‘mais uma má notícia’, entre as várias más notícias no mundo, uma injustiça a mais entre tantas outras. Porque se interessar pelo Brasil, quando há tragédias na Síria? No Iêmem?
Nos mobilizamos em atos de rua, nos articulando com sindicatos, partidos políticos, artistas, acadêmicos e intelectuais. Tentando dar publicidade à cada violação de direitos ou retrocesso social que acontece no nosso país.
Mas, sabemos também, que o trabalho que fazemos é de apoio e pressão, porque o verdadeiro trabalho é feito pelo povo brasileiro, no Brasil.
Ninguém de fora nos salvará – e isso é algo que o Sr., Presidente Lula, compreendeu muito bem!
Portanto, mais uma vez, deixo meu grande respeito e um caloroso abraço desta fria Londres.