Menu

Globo volta a mirar seus canhões de fake news na direção do BNDES

(O gráfico acima mostra o volume de desembolso do BNDES em períodos acumulados de 12 meses. Confira como este vem caindo abruptamente desde o golpe de abril de 2016). O BNDES é uma das obsessões do golpe. É preciso destruí-lo a qualquer custo. Vale tudo. A estratégia é a mesma de sempre: criminalizar tudo que […]

8 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

(O gráfico acima mostra o volume de desembolso do BNDES em períodos acumulados de 12 meses. Confira como este vem caindo abruptamente desde o golpe de abril de 2016).

O BNDES é uma das obsessões do golpe. É preciso destruí-lo a qualquer custo.

Vale tudo.

A estratégia é a mesma de sempre: criminalizar tudo que o banco já tenha feito, de maneira a aterrorizar seus funcionários, paralisar suas atividades, desmoralizar o banco diante da opinião pública.

Os funcionários do banco ainda se recuperam emocionalmente do ataque fascista que sofreram da Polícia Federal e do Ministério Público, que promoveram dezenas de conduções coercitivas e buscas e apreensão, completamente desnecessárias e ilegais, por conta de uma dessas operações midiáticas filhas da Lava Jato. Os servidores tiveram que contratar escritórios de advocacia milionários, para se defender em processos que fariam inveja à Kafka.

Além disso, com a narrativa do golpe fazendo água nas pesquisas e na imprensa internacional, é preciso irrigar o jardim da opinião pública com novos escândalos, para manter as venenosas flores do ódio político sempre fortes e coloridas.

Para a Globo, não há problema em roubar, como fez Michel Temer, 200 bilhões de reais do banco, e, em plena crise de emprego, de aumento da miséria e da fome, jogar esse dinheiro na dívida pública, ou seja, transferir para o bolso de dois ou três grandes bancos um volume de recursos que poderia tirar o Brasil da crise.

Para a Globo, o problema era quando o BNDES emprestava dinheiro às empresas, ou seja, quando exercia o seu papel  – e ainda obtinha lucros com essa atividade, fortalecendo a si mesmo e ao país.

A entrevista do novo presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, à Jovem Pan, com participação psicótica de Marco Antonio Villa, mostra que a mídia brasileira se tornou uma matilha de cães furiosos contra qualquer resquício de soberania nacional. A fúria do golpe contra o BNDES é similar ao ódio ao PT. Na entrevista, Oliveira deixa bem claro que, a depender do governo Temer, o BNDES vai se tornar um apêndice menor do sistema bancário privado: o seu (nosso) dinheiro será usado para aumentar a clientela de Itaú e Bradesco, que usarão linhas do BNDES para oferecer financiamentos a empresas.

A queda nos desembolsos do BNDES, apesar de explicar a crise econômica, não é vista pelo “mercado” e pela mídia como sinal da profunda incompetência do governo Temer. Se existe um BNDES, era para estar sendo usado para irrigar a economia, financiando grandes obras, sobretudo num momento como esse, em que milhões de brasileiros sofrem com a falta de trabalho. Para os fanáticos neoliberais, é melhor drenar todo o dinheiro do BNDES para a dívida pública do que usá-lo para fins de desenvolvimento econômico e social.

DESEMBOLSOS DO BNDES NOS ÚLTIMOS 12 MESES

(Repare que os desembolsos para a indústria caíram 50% em 12 meses.  Os financiamentos para construção, principal gerador de empregos entre os trabalhadores de baixa renda e pouca escolaridade, caíram 56%. Conferir dados completos aqui.)

O mais impressionante é a militância pela mentira. Os apresentadores da Jovem Pan lembram do “Livro Verde” do BNDES, e do antigo presidente do banco, Paulo Rabello de Castro, com um ódio sem limites, apenas porque Castro ousou enfrentar a narrativa lavajateira da mídia, e defendeu o banco e suas operações. O Livro Verde desmonta todas as mentiras da mídia sobre o BNDES.

A história dos “campeões nacionais”, por exemplo, é mais uma das farsas. O BNDES ofereceu financiamentos importantes para praticamente todas as grandes empresas nacionais.

Algumas delas, de fato, tiveram sucesso e se tornaram “campeãs”.

O viralatismo golpista, porém, é tão doentio, tão mesquinho, que se tornou anticapitalista: o fato de empresas brasileiras terem se tornado “campeãs”, ou seja, terem se tornado players internacionais importantes e competitivos, é visto como uma coisa negativa.

O coxinhato veste a camisa do Brasil, canta o hino nacional, bate no peito para se dizer patriota, mas compra a narrativa mais antinacional que se possa imaginar.

E agora a Época, revista pertencente ao grupo Globo, e que nunca ganhou tanto dinheiro federal como agora, publica reportagem inteiramente voltada à destruição da imagem do BNDES, com base em conversas privadas de funcionários. Sobre isso, publico abaixo carta aberta de servidores do BNDES contra o jogo sujo da Globo.

***

Carta aberta aos empregados do BNDES

Prezados(as) colegas,

Lamentamos profundamente que conversas informais e privadas nossas tenham sido usadas para atacar o BNDES, casa em que trabalhamos com muito orgulho há muitos anos (Sergio – 25 anos; Otavio – 14 anos). A reportagem da Revista Época devassa e tira de contexto conversas privadas de funcionários que obviamente se mostram preocupados com a instituição em que trabalham. Acreditamos que qualquer funcionário, de qualquer empresa, já tenha compartilhado momentos de preocupação e de visão crítica dos acontecimentos com amigos.

A matéria adota o expediente de usar conversas informais privadas para criar indevidamente uma atmosfera de suspeição sobre algumas operações do BNDES. Para tanto, assume a premissa de que as conversas refletem opinião de profissionais que participaram direta ou indiretamente, e por isso, “sabem do que estão falando”. No entanto, grande parte das discussões versa sobre operações em que não houve participação nem sequer indireta dos integrantes da conversa.

As opiniões privadas não representam de nenhuma forma um posicionamento técnico formal sobre as operações e certamente carecem de uma avaliação mais profunda. E, mesmo quando houve algum tipo de envolvimento profissional, trata-se de opiniões informais feitas a posteriori, a luz de informações que não estavam disponíveis inicialmente e não atribuem responsabilidade ou culpa aos funcionários do BNDES, como nós, vítimas das circunstâncias.

Quem nos conhece sabe que prezamos enormemente a honestidade intelectual e que temos um senso crítico rigoroso. Eventuais diferenças de ponto de vista em relação às operações e às suas premissas não são críticas em relação às pessoas nem denotam desconfiança de qualquer forma. Aos eventualmente atingidos involuntariamente pedimos desculpas redobradas, mas lembramos que foram fruto de um vazamento indevido de conversas privadas, publicadas fora de contexto.

De todo modo, os questionamentos internos e o debate de divergências técnicas são parte do processo que fazem do BNDES uma instituição de reconhecida excelência. As decisões colegiadas e o rigor técnico que caracterizam sua atuação se pautam na pluralidade de visões e na discussão franca. Na falta de elementos que mostrem a existência de ilegalidades nas operações do Banco, a matéria usa contra o BNDES algo que na verdade é um sinal de sua vitalidade.

Somos integralmente favoráveis à transparência preconizada pelos editores da revista Época, mas entendemos que o BNDES seguiu a lei ao opor sigilo inicial ao TCU. A incerteza jurídica no país é tamanha que seguir a lei pode ser visto como atitude criminosa e subverter a lei com práticas juridicamente questionáveis ser visto como algo louvável. Passar a limpo o país é muito importante, mas não a qualquer preço, pois os fins não justificam os meios. Ambientes em que pré-julgamentos sejam disseminados como verdadeiros são propícios a muitas injustiças, e é nesse contexto de ataques e críticas injustas ao Banco que as conversas se deram.

Finalmente, erros da narrativa ficcional do repórter serão devidamente apontados à Época e temos certeza que tudo será esclarecido.

Cordialmente,

Sergio Foldes e Otavio Lobão Vianna

Apoie o Cafezinho

Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Virgilio de Santa Cruz

16/04/2018 - 04h51

Não interessa aos EUA, que mais um BRIC, abra mercado externo, com seu proprio financiamento! Só idiotas não enxergam o que esta acontecendo com o Brasil. Essa lavajato, nos transformou em mais um pais da AL. Tinhamos tudo para ser potencia, agora não passamos de maior republica de bananas do mundo.

Reginaldo Gomes

15/04/2018 - 17h10

O combate a fake news:
O golpe sem pátria preocupado com mentiras na rede de computadores?
O golpe sem pátria investindo todo o dinheiro disponível no mundo pra combater a mentira?
Esse golpe é exatamente o império da mentira!!!!! Ele deveria estar fazendo o contrário , não é?
Conseguem perceber que o título do combate é a principal fake news?
O golpe quer imediatamente combater as verdades na internet. Fake news é seu fluído vital.

Régis

15/04/2018 - 14h28

O mais triste de tudo isso é saber que o modelo de desenvolvimento do país através do financiamento pelo BNDES do governo Lula estava dando muito certo, desenvolvendo empresas nacionais e gerando emprego e renda para milhões de trabalhadores brasileiros. Tanto é verdade que algumas começaram a virar multinacionais e a incomodar as demais estrangeiras anglo americanas. Não é possivel que cidadãos sejam tão ingênuos pra acreditar que a Lava Jato (braço operacional dos EUA) foi feita pra combater a corrupção. Ela nunca mirou empresas anglo americanas, só as empresas brasileiras, causando paralisação em todo os investimentos que geravam riqueza e renda para grande maioria de trabalhadores. Uma lástima.

jose carlos lima

15/04/2018 - 05h19

Estruturas do Estado estão sendo usadas em prol da cinebiografia religiosa Nada a Perder ou: Deus escreve por linhas tortas.

Alunos da UNINASSAU assistem o filme “Nada a perder”

Estudantes assistiram o filme sob a supervisão de docente.

Na cidade Morro Spin, a maior virtude é o concerto sic conserto, ou seja, é retificar-nos quando nos deparamos com o erro: é assim que temos que lidar com a fake news.

Era este era o título da postagem: O Cine Cultura trocou Torquato Neto por um charlatão.

Interessante essa coisa do fake news, ao que tudo indica, produzida por obreiros de um enxame interessado em divulgar o filme Nada a Perder, levou-me à verdade….de formam que, face a esta experiência, mudo a forma como devo lidar, a partir de agora, com as fake news: não a desprezando, mas usando-a para a busca da verdade e, porque não, para a vivência dos momentos Forma e Conhecimento, parte da criação artística, científica, jornalística, informativa, etc…

Segue link para a postagem na íntegra

https://spinanunciante.blogspot.com.br/2018/04/a-cultura-trocou-biografia-de-torquato.html

Gustavo

14/04/2018 - 23h40

Recentemente escutei uma entrevista na CBN do novo presidente do BNDES que também foi ministro do planejamento alguns dias atrás

Durante a entrevista vários esclarecimentos foram dados e a percepção que tive foi um pouco diferente da que esse artigo passa.

Alguns pontos que me chamaram a atenção:

1. O banco contratou uma consultoria para validar os processos de concessão de crédito de modo a reduzir a burocracia e o tempo médio do pedido até a concessão propriamente dita
2. O presidente reforçou que hoje o site do BNDES aumentou o nível de transparência e que hoje é possível saber de cada operação (quanto foi e pra quem foi). Esse nível de transparência é inédito no banco e poucos no mundo permitem ao cidadão comum ter algo nessa linha
3. Ele ressaltou que embora exista muita desconfiança até hoje nenhum funcionário do BNDES foi preso ou acusado de desvios.

Não tive a oportunidade de ouvir a entrevista da Jovem Pan mas a julgar pela entrevista da CBN não me parece que haja o objetivo de acabar com o BNDES

    Miguel do Rosário

    15/04/2018 - 14h48

    Claro que há sim. O governo Temer já descapitalizou o BNDES em 200 bilhões de reais e ainda quer tirar mais. Sem capital, para quem servirá o BNDES? Estão depredando o banco.

neusa

14/04/2018 - 19h32

Boa!

Luiz Carlos P. Oliveira

14/04/2018 - 17h46

O BNDES é um dos gestores de centenas de bilhões de reais pertencentes ao FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador. Tanto que o governo Temer já meteu a mão em 200 bilhões desse dinheiro. O que a direita quer, na verdade, é destruir o banco e passar esse dinheiro para a administração do Bradesco e do Itaú. E os coxinhas ainda acreditam nessas falácias do Temer e sua quadrilha. Quando isso acontecer, empresários pagarão muito mais caro por financiamentos a seus investimentos. Aliás, já estão pagando, pois a TJLP subiu de 5% para 6,75% a.a. BEM FEITO. O Bradesco e o Itaú passarão a cobrar 10%, no mínimo. Estou preocupado? Claro que não, quero que esses empresários que derrubaram a Dilma se ferrem.


Leia mais

Recentes

Recentes