Por Pedro Breier
Havia basicamente duas estratégias possíveis para Lula após a decretação da sua prisão.
Uma delas seria asilar-se em outro país ou em uma embaixada.
Politicamente, a vantagem seria poder comandar a resistência de onde estivesse, falando, participando de reuniões, gravando vídeos, denunciando o arbítrio ao mundo.
Sob uma ótica individual, Lula ainda seria um homem parcialmente livre – ao menos não estaria enclausurado em uma cela.
Foi escolhida a outra estratégia posta na mesa: entregar-se à polícia.
A vantagem política da não resistência à prisão foi explicitada por Lula em seu discurso antológico de hoje:
Eu falei pros companheiros: se dependesse da minha vontade, eu não iria. Mas eu vou. Eu vou porque eles vão dizer a partir de amanhã que o Lula tá foragido, que o Lula tá escondido. Não. Eu não to escondido.
Lula na prisão desmonta, de fato, boa parte do arsenal retórico que a mídia familiar certamente usaria para seguir alimentando a matilha fascista que foi gestada no Brasil.
E, por outro lado, a cada dia que Lula permanecer como um preso político, subirá um pouco o grau de indignação da militância democrática. Não só desta: o povão, que quer votar em Lula, entenderá cada vez mais os motivos pelos quais trancafiaram aquele que, pela primeira vez em décadas, olhou para os miseráveis deste país.
Se politicamente cada estratégia tem suas vantagens, pelo lado pessoal não há qualquer dúvida: entregar-se é abrir mão do que é mais precioso para um ser humano, a liberdade.
Lula da Silva, aos 72 anos de idade, escolheu passar, talvez, o resto de seus dias enclausurado em uma cela em nome da causa.
Lula é um dos grandes.