(Foto: Mídia Ninja) Por Bajonas Teixeira,
Entre os condenados ainda soltos da Lava Jato, a ordem de prisão de Lula foi a que veio em tempo mais curto: “O ex-presidente será preso nove meses após sentença, enquanto os outros casos duraram de 18 a 30 meses“, informou hoje matéria da Folha de São Paulo. Ou seja, para os outros o tempo foi o dobro ou o triplo do que foi dado a Lula. E, para gerar ainda maior indignação, num momento de ódios acesos, Moro levou apenas 22 minutos para decretar a prisão.
Podemos esperar outra coisa de Lula senão a resistência e a luta por sua dignidade? Ao contrário. Por isso, damos todo o apoio a sua decisão, noticiada hoje às 8.30hs, de resistir não indo para Curitiba! Moro não pretende apenas humilhar Lula, mas, através dele, ferir a honra de toda a democracia brasileira.
Aparentemente ao violar os direitos humanos de Lula, na corrida insana para jogar atrás das grades o maior líder popular da história do país, Moro apenas deu continuidade às tantas violências que vem cometendo, como foi a sua condução coercitiva para depoimento no aeroporto de Congonhas em março de 2016, e sua condenação sem provas em julho de 2017. Mas não é isso. Não estamos diante de mais do mesmo. A situação é agora bem diferente, porque nesse instante, o país é um barril de pólvora.
Não é meramente mais uma injustiça, ou simplesmente uma injustiça a mais, mas aquela injustiça que num país em transe político visa a atear fogo na fogueira. Moro sabe o que está fazendo. Embora, todo aprendiz de feiticeiro possa sair com os fundilhos bem chamuscados.
Moro sabe que o país está em pé de guerra. E é nisso que ele aposta. De fato, às violências contra a caravana de Lula no sul, indo até ao atentado à bala, deixaram claro que o país está oscilando à beira do precipício. As declarações dos militares com ameaças veladas ao STF foram rebatidas até pelo seu decano, o ministro Celso de Mello:
“Insurgências de natureza pretoriana, à semelhança do ovo da serpente, descaracterizam o poder civil ao mesmo tempo em que o desrespeitam”
Ao longo da história política moderna gestos como esse de Moro foram chamados de provocação. A provocação ocorre quando um agente (abertamente ou de forma dissimulada) cria situações que atiçam profunda indignação de um grupo social, levando-o a reagir em desproporção às suas forças ao sentirem que, ficando de braços cruzados, vendem sua alma ao diabo, isto é, perdem a honra e respeito por si mesmo.
Moro põe o PT e seus apoiadores diante da seguinte alternativa clara: ou lutar para defender Lula do arbítrio e do ódio judicial, ou amarelar entregando Lula às garras afiadas, e as grades de ferro, do arbítrio judiciário brasileiro.
Sabemos que o drama não é o forte do PT, menos ainda o drama histórico. A experiência mostra que o mais plausível é que proponham uma negociação qualquer, se as últimas esperanças no STF fracassarem. Contudo, não custa tentar esclarecer, como fizemos aqui, os dados do problema político colocado.
Se o PT e a esquerda acovardarem-se, pondo o rabo entre as pernas, sairão destroçados e desmoralizados para sempre. Se aceitarem o desafio altivamente e repudiarem a ordem judicial, enfrentando o poder material e militar que vier contra eles para cumprir o aprisionamento, podem sucumbir, mas o resultado será nutrir a história das lutas populares no Brasil, mostrar ao mundo que Lula não está sozinho, deixar um legado às gerações futuras da democracia.
Lula enfrentou a ditadura nos anos de chumbo do regime militar, não fugiu das balas dos fascistas contra sua caravana no Sul, e já disse que nenhum abalo sofreu com a decisão de Moro. Na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, cresce o número de militantes e membros dos movimentos sociais que se concentram para dar todo apoio a Lula.
Não se deve esquecer que os fascistas apostam alto, mas escorados na própria covardia, sabendo que se der errado eles tem as costas quentes. Por trás deles estão a Globo e a Folha, o judiciário golpista, o poder econômico da FIESP, da CNI e da Febraban, alguns generais do exército.
Mas pode dar errado. O tiro pode sair pela culatra, e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Em momentos decisivos da história do Brasil, foram os movimentos de resistência popular que barraram o avanço dos inimigos da democracia. Que isso possa se repetir novamente hoje!