(Charge: Latuff)
Por Pedro Breier
A ordem da prisão de Lula cometida por Sergio Moro já está gravada indelevelmente na História como um símbolo do autoritarismo, do atraso e da esculhambação que vicejam no Brasil em pleno 2018.
Lula é o presidente mais popular da nossa história e o político brasileiro mais respeitado no mundo.
Tais feitos explicam-se, em boa parte, porque Lula é responsável por uma verdadeira revolução na vida de milhões de miseráveis que só haviam recebido da elite dirigente deste país, até os governos petistas, um solene, profundo e nojento desprezo.
Lula, de certa forma, tirou milhões de pessoas da Idade Média ao levar água e luz a lugares onde só havia sede e escuridão.
A sede que Lula matou em larga escala não foi só a de água, mas também a sede de cidadania. De dignidade. De se enxergar e ser enxergado como um ser humano.
Sergio Moro, por sua vez, colocou o Brasil no rumo inverso, o da volta à Santa Inquisição medieval.
Alçado pela mídia mais golpista do planeta a herói nacional, passou por cima das leis e dos mais básicos sentimentos de humanidade para efetivar o comando vindo da Globo, do imperialismo e dos demais sócios do golpe.
Moro é um tirano que, inebriado com a sensação de poder, está mandando para a prisão o maior líder da esquerda e do povo sofrido brasileiro sem que haja uma mísera prova a incriminá-lo.
Um anão ordenando o encarceramento de um gigante para saciar o ódio de classe visceral da elite brasileira.
Este gigante é, todavia, feito de rocha.
É embasbacante um vídeo postado na página de Lula no Facebook no qual ele cumprimenta, abraça e beija algumas pessoas dentre a multidão que está em vigília no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo desde ontem.
Uma moça chora copiosamente, abalada com a violência inominável perpetrada pelo golpismo, e Lula a consola:
Tranquila, tranquila. Vai dar tudo certo.
E assim segue. Mais pessoas chorando e Lula, o condenado, prestes a ser preso, é quem lhes dá força:
Nós vamos vencer mais essa batalha.
O homem é, repito, uma rocha.
Na verdade, nem homem é mais.
É, isso sim, um dos grandes personagens da história milenar de lutas da humanidade por liberdade.
A grotesca perseguição da qual é vítima o coloca definitivamente no seleto panteão dos que questionaram o sistema de alguma forma e foram impiedosamente castigados pela ousadia, ao lado de gente como Sócrates, Jesus, Joana d’Arc e Tiradentes.
Se Getúlio Vargas saiu da vida para entrar na história, Lula entra na história sem sair da vida.
Teremos o privilégio de acompanhar em tempo real o estrago que um ser mítico dessa estirpe, vivo, é capaz de fazer.
E de lutar ombro a ombro com os milhões de brasileiros que entendem o profundo sentido histórico deste 06/04/2018.
Avante, camaradas.