Por Pedro Breier
Semana passada postei a 1ª parte deste artigo (O autoritarismo violento), o qual foi escrito um dia antes dos tiros contra a caravana de Lula. Não é difícil prever que mais tragédias virão.
Nesta parte 2 quero analisar outra face sempre presente na atuação política da direita: a sede de poder.
Antes de mais nada, ressalto que, obviamente, também há figuras de esquerda que acabam norteando sua atuação apenas com base na busca e manutenção do poder.
É inevitável, aliás, que os valores dominantes na civilização humana – e o poder é um deles – acabem influenciando em alguma medida os atos de todos nós.
A relação dos políticos de direita com o poder, entretanto, vai muito além dessa influência genérica.
A luta por um mundo mais justo e menos desigual não faz parte das motivações políticas da direita.
A tragédia do aumento do desemprego, por exemplo, é o resultado desejado pelos idealizadores das políticas de austeridade porque rebaixa o valor dos salários e desorganiza os trabalhadores.
Outro exemplo é a privatização desmedida do que é público e o desmonte do Estado, que têm como objetivo fazer a festa dos grandes empresários do setor privado.
Se o bem comum não está na agenda, restam as oportunidades de aumentar as margens de lucro dos que já ganham rios de dinheiro e, é claro, de ser agraciado com o status e a bajulação – confundida com admiração – conferidos pela posse do poder.
A troca de comando na prefeitura de São Paulo exemplifica magistralmente o ponto.
João Doria, que dizia que era um gestor, não político, abandonou seu primeiro cargo eletivo após pouco mais de um ano de mandato para concorrer ao governo do Estado.
Seu objetivo era ainda mais ambicioso. Saiu viajando pelo país logo nos primeiros meses de governo tentando cacifar-se para concorrer à presidência.
Deu ruim, mas como o que importa é subir na escadinha do poder, vai a governador mesmo.
No seu mandato-relâmpago, Doria aplicou ferozmente a agenda anti-povo característica do campo conservador.
Quem assumirá em seu lugar é o vice-prefeito Bruno Covas, que está ansioso como “criança quando vai para a Disney pela primeira vez”, segundo o próprio.
Emblemático do que exercer um cargo público significa para políticos de direita em geral: ser o todo poderoso do playground.