(Mussolini e Hitler)
Por Pedro Breier
É fácil demonstrar que o fascismo está se instalando a passos largos no Brasil se analisarmos algumas de suas características históricas.
A ascensão do fascismo sempre coincide com momentos de crise econômica. Foi assim com Hitler e Mussolini, vem sendo assim no Brasil de, acreditem se quiser, 2018.
A lógica é cristalina: somente em momentos de crise a tática fascista de escolher um inimigo a dedo para representar todos os problemas da sociedade, para ser o mal encarnado, dá resultado.
Insatisfeitas – seja pela piora real nas condições de vida, seja pela manipulação da realidade feita pela imprensa conservadora -, as pessoas tendem a abraçar com muito mais facilidade as soluções fáceis oferecidas pelos senhores da guerra. Tais “soluções” normalmente são a aniquilação simbólica ou física do inimigo da vez.
Hitler escolheu os judeus, os comunistas, entre outros. No Brasil, os escolhidos são Lula, o PT e a esquerda em geral.
O conluio entre a mídia familiar e a Lava Jato trouxe-nos a este momento tenebroso em que uma caravana de Lula, o presidente mais popular da história brasileira, é alvejada por tiros e a reação de Alckmin, seu adversário político supostamente democrático, é dizer que “eles estão colhendo o que plantaram” e acusar Lula e o PT de “sempre partir para dividir o Brasil, nós contra eles”.
Fora a irresponsabilidade e a cumplicidade criminosa com os autores dos tiros, fica evidente na reação de Alckmin outra característica marcante do fascismo: a falsificação grotesca da realidade, à lá Goebbels.
Uma das grandes críticas do campo à esquerda de Lula é justamente a de este ser um “conciliador de classes”. O próprio ex-presidente repete reiteradamente em seus discursos que nunca os bancos e o mercado financeiro ganharam tanto dinheiro quanto nos seus governos. De fato, a enorme ascensão social ocorrida no Brasil na era Lula não foi acompanhada de uma queda no ritmo de ganhos do topo da pirâmide, mas sim de um aumento.
É uma mentira deslavada, portanto, o discurso surrado de que Lula e o PT dividem o país.
Primeiro porque é inerente ao capitalismo a divisão da sociedade entre classes com interesses antagônicos.
Segundo porque quem provoca a radicalização política violenta que vivemos não é Lula ou o PT mas a mídia de direita, aliada do partido de Alckmin, com o auxílio canino do judiciário. Procedem dessa forma porque não se trata apenas de ganhar dinheiro, mas de manter o Brasil como colônia, como um país vassalo dos Estados Unidos. São vendidos ao imperialismo.
Um terceiro padrão do fascismo é a tentativa de imposição da sua verdade única. Não há nuances para o “pensamento” totalitário. Ou se está ao lado da virtude ou se é o inimigo.
Depois de açular a matilha violenta, os artífices do golpe não têm como voltar atrás. Se não contemporizarem com a violência, serão eles os próximos alvos.
Por aí se entende a declaração canalha do outrora moderado Alckmin, o incentivo às agressões feito pela senadora Ana Amélia Lemos e a cobertura nojenta que a imprensa vinha fazendo da caravana de Lula, tratando os agressores como singelos manifestantes.
O ovo da serpente fascista foi chocado faz tempo. As cobras já estão criadas e infestam o nosso país, especialmente na sua metade de baixo – a branca e rica.
Os nossos senhores da guerra até aqui são os barões da mídia, as castas judiciais e o alto escalão político do golpe. Bolsonaro está louquinho para ser o nosso fuhrer.
A longa noite está apenas começando. A probabilidade de que presenciemos violência, sangue e morte durante a campanha eleitoral é altíssima.
A vitória da liberdade, entretanto, é inexorável. Nenhum regime baseado no ódio, na mentira e na violência pode perdurar para sempre.
Que possamos acelerá-la e, depois de consumá-la, tomar as medidas necessárias para que nunca mais a história se repita como tragédia por aqui.