(Charge: Latuff)
Por Pedro Breier
Os últimos dias foram profícuos em demonstrações da natureza violenta e autoritária da direita brasileira.
Os ataques contra a caravana que Lula faz pelo sul do país – pedradas, ovos e até chicotadas desferidas com o beneplácito das PMs estaduais – lembram os episódios mais trágicos da história da humanidade: a naturalização da agressão física a quem pensa diferente é algo típico de um regime fascista.
O fascismo à brasileira é decorrência direta da campanha de ódio promovida pela conluio formado entre a mídia familiar e a Lava Jato desde o processo eleitoral de 2014.
O fomento e a posterior (falta de) reação da imprensa corporativa à barbárie explica porque os que estão tomados pelo ódio sentem-se tão à vontade para praticar seus crimes.
A cobertura do site da Folha sobre a violência contra Lula e seus apoiadores, por exemplo, é absolutamente cretina.
Entre as matérias em destaque, ontem, estava uma nota afirmando que o PT vai explorar os ataques à caravana com denúncias para a mídia estrangeira.
Apoiadores do partido são covardemente agredidos e a Folha, além de não publicar uma mísera crítica a esta aberração, ainda tenta pintar o PT como o malandro que vai explorar o fato politicamente.
Para quem emprestava veículos para a ditadura militar cometer seus crimes horrendos, não surpreende.
É claro que se os agressores fossem vinculados à esquerda e os agredidos à direita a postura seria diametralmente oposta. Para os nossos, liberdades democráticas. Para os deles, porrada à vontade.
A senadora Ana Amélia Lemos (cria da RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul – RBS e Globo também apoiaram a ditadura militar), do impoluto PP, escancarou o desejo sórdido dos que querem calar quem pensa diferente na base do derramamento de sangue.
A senadora elogiou quem atirou ovo, levantou o chicote e “botou a correr aquele povo que foi lá levando um condenado”. Este é o nível da escalada do fascismo que atingimos.
Para completar o quadro dantesco, o presidente ilegítimo da República, Michel Temer, falou ontem que o povo brasileiro se “regozijou” com a “centralização absoluta do poder que durou de 64 a 88”.
Para os assassinados, perseguidos, oprimidos e a população em geral é mais adequado chamar esse singelo período de ditadura militar mesmo. Pelo jeito, a tara do Vampirão por golpes vem de longa data.
Os fatos aqui narrados são apenas os mais recentes. A escalada autoritária do conservadorismo brasileiro já produziu desastres muito piores, como o assassinato político brutal da vereadora do PSOL Marielle Franco.
Não à toa a eleição de Bolsonaro – um apoiador explícito da ditadura militar que teve a pachorra de homenagear o torturador Brilhante Ustra na votação do golpe – é um perigo cada vez mais real.
É hora de arregaçarmos as mangas e debatermos política – além de defendermo-nos das agressões físicas quando necessário – em todos os ambientes possíveis para impedir a consumação desse desastre.
P.S.: Amanhã publico a parte 2 deste artigo, sobre outra face da direita: a sede de poder.